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11 de dez. de 2009

1 de dez. de 2009

INTERLUDIO: um (não tão) breve relato

Toco em banda desde 2001, se não me engano. Nesse tempo, foram várias tentativas e experiências até que eu e mais outras cabeças persistentes conseguíssemos consolidar o que chamamos de Sobre o Fim, uma banda de metalcore, gênero pesado, pouco conhecido e nada fácil de ser executado. Em 2007 lançamos nosso primeiro trabalho, um EP chamado "Prólogo", que, para nossa sorte, foi lançado pelo selo fortalezense de bandas porrada Nocaute Discos. Conseguimos chamar a atenção de muita gente com esse trabalho, mesmo com a gravação um tanto precária e apressada. Mas chegava a hora de um sucessor para este trabalho.

30 de nov. de 2009

22 de nov. de 2009

Conheça o projeto INTERLUDIO

Esse mês foi intenso no trabalho de finalização do INTERLUDIO! Trata-se do novo trabalho da minha banda, Sobre o Fim. São 4 faixas e uma história em quadrinhos com roteiro meu. Tudo de graça, disponível para baixar no site da banda. Foi quase um ano de trabalho, mas o resultado ficou muito além do esperado. Então não perca tempo e confira. Ah, se possível volte aqui para comentar! Em outro post volto para falar sobre o processo de construção de INTERLUDIO.


1 de nov. de 2009

12 Anjos e Muitas Canções

Tenho a honra de convidar a todos para a exposição do artista plástico e amigo Fábio Sólon, "12 Anjos e Muitas Canções". Já tive a oportunidade de colaborar com o Fábio em dois projetos musicais (Kul-Jara e Dr. Z) e ele já emprestou uma tela sua para ilustrar o conto O Mestre dos Brinquedos nesse blog.


Então nesse dia 19, esteja na Casa de Cultura de Sobral para abertura, que vai ter uma apresentação muito especial da Escola de Música de Sobral, que vai interpretar as músicas que deram origem às telas. Encontro vocês por lá!



LOCAL:
Casa de Cultura de Sobral


ABERTURA:
19 de novembro, às 19h


PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA DE MÚSICA DE SOBRAL

PERÍODO DE EXPOSIÇÃO:
19 de novembro a 4 de dezembro


HORÁRIO DE VISITAÇÃO:
segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 21h

14 de out. de 2009

24 de set. de 2009

8 de set. de 2009

28 de ago. de 2009

FAMS 2


Amanhã tem FAMS! Fico feliz de ajudar em mais uma edição do evento (a primeira foi em março). Quem está a frente é o grande Marcelo Cavalcante, que com muita força de vontade vai fazendo o evento ganhar importância no estado. Vocês devem estar se perguntando se não bate uma melancolia em mim agora... Ah, claro que bate! Durante 4 anos alimentei e cuidei de um filho chamado MASA. Mas a adolescência dele chegou, e ele se tornou um filho que precisava de um tempo e espaço próprio, o que não batia com os tempos do papai aqui por enquanto. Mas é uma fase. E toda fase passa um dia.

27 de ago. de 2009

14 de ago. de 2009

11 de jul. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte final

sebastiao_vampiro

Leia a parte 1.
Leia a parte 2.
Leia a parte 3.
Leia a parte 4.
Leia a parte 5.
Leia a parte 6.
Leia a parte 7.
Leia a parte 8.
Leia a parte 9.

– Eu era só um garoto de dez anos quando viajei à Europa com meus pais – em meio aos delírios, ouvi a voz de Lúcio conversando serenamente comigo – minha mãe era uma das mulheres mais lindas que já existiram e meu pai um austero rico senhor. Quando chegamos em Lisboa nossa família chamava a atenção dos burgueses europeus. Eu me chamava Pedro. Nunca gostei do meu nome. Era o primogênito de Antônio Maria, que na época gozava de uma das maiores plantações de cana do império. Seria tudo meu, se não fosse aquela criatura de branco. Aquela linda criatura de branco. A lua estava cheia, quando ela sussurrou no meu ouvido, na saída do teatro. Segurando as mãos dos meus pais, eu disse que ela havia falado comigo. Eles riram, falaram algo sobre um companheiro imaginário. Estávamos no restaurante mais rico da cidade. Meus irmãos mais novos, Jorge e Rita, dormiam em casa. Era quase meia noite, quando sai do restaurante com outra criança. Eu disse aos meus pais que ia até a rua brincar, mas, tanto eu quanto aquela outra criança, estávamos sendo chamados por aquela bela dama.

4 de jul. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte 9

sebastiao_incendio
Leia a parte 1.
Leia a parte 2.
Leia a parte 3.
Leia a parte 4.
Leia a parte 5.
Leia a parte 6.
Leia a parte 7.
Leia a parte 8.

– Huuum... Acho que teremos carne mal passada para o café da manhã de hoje, papai. – a eloqüência de Lúcio ao pronunciar cada palavra me espantava. O garoto falava como um adulto. Que espécie de demônio havia se apoderado daquele corpo? Naquele momento ouvimos pancadas na porta, seguidos por gritos.

– Vâmo, Francisco! A casa “tá” quase toda queimada...

– Ainda “taí”, Francisco?

Eram outros invasores da casa, que na certa deram por falta do escravo líder. Dois negros e um índio forçaram a porta para entrar. Não demorou a que a maçaneta fosse quebrada. Na primeira brecha da porta, Lúcio pulou com a boca no pescoço do índio e com a mão no pescoço de um dos negros. Sua força, tanto com a boca quanto a mão, era descomunal, quase destroçando os pescoços dos dois. O outro negro espantou-se com a cena e partiu em disparada, gritando coisas como “Satanás” e “coisa ruim”.

1 de jul. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte 8

Leia a parte 1.
Leia a parte 2.
Leia a parte 3.
Leia a parte 4.
Leia a parte 5.
Leia a parte 6.
Leia a parte 7.

– Calminha, sinhozinho, que hoje num é dia de sangue nêgo caí no chão. – bradou Francisco, fechando a porta do quarto


Um minuto de silêncio se fez no quarto. Se ouviam apenas os grunhidos de Lúcio. Antônio Maria estava quase sufocando pela mão de Francisco.

– Vamo, Tião... Passa pro lado... – enquanto falava comigo, Francisco se deu conta de Lúcio e da negra ensangüentada no chão – Que criatura é essa? Esse é o “fio” do senhor de engenho? “Matano” nossa gente... Esse “disgraçado” é o primero que vai morrer aqui!

21 de jun. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte 7

Leia a parte 1.
Leia a parte 2.
Leia a parte 3.
Leia a parte 4.
Leia a parte 5.
Leia a parte 6.

Senti meu sangue ferver. Eu precisava fazer alguma coisa. Procuraria avisar ao meu senhor? Juntava-me aos negros lutando por minha liberdade? Prostrava-me no quarto e esperava os eventos desencadearem-se? Na certa não seria esta última opção, afinal eu nunca fora de deixar o destino transcorrer a revelia sem antes tentar forçar um desvio.

13 de jun. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte 6

sebastiao_lua_cheia

Leia a parte 1.

Leia a parte 2.

Leia a parte 3.

Leia a parte 4.

Leia a parte 5.

Certa madrugada, a lua cheia imponente ilustrava o céu. Eu fazia minha ronda dentro da casa-grande como vigia. Como todas as outras vezes, flagrei Jorge abandonando seu quarto para o tradicional assédio as negras na senzala. O sono de Rita também era inquieto. Vestida apenas de uma camisola longa, com detalhes bordados quase transparentes, a filha do senhor começava a me provocar da porta do quarto de Lúcio. Suas madeixas claras caíam sobre seus dois pequenos e curvilíneos seios, que vazavam as pontas escuras dos seus mamilos. Entediada com a escala no quarto do irmão mais novo, ela entrava e saia do cômodo repetitivamente, e meus brios masculinos já começavam a perturbar. Desde a captura na África eu estava privado do contato com mulheres. Em verdade, nenhuma mulher havia me interessado como Umaiame havia feito. Com Rita não era diferente, pois a sua cor branca, afinal toda aquela opressão também nos fazia um tanto preconceituosos, e seu jeito oferecido não perfilavam meu tipo de esposa àquela época.

– Sebastião, tem uma ratazana no meu quarto... Tira essa nojenta daqui! – ordenava a senhorinha.

Nada eu podia fazer mais a não ser obedecê-la. Eu sabia que o rato ali era eu, entrando direto na ratoeira do destino.

Parado dentro do quarto, assisti Rita se despindo. Mesmo com apenas dezesseis anos, seu corpo estava quase completamente formado. Podia talvez alcançar os dois extremos de sua cintura com uma mão, de tão fina que era sua silhueta. Seus movimentos eram lentos e sedutores. Minha respiração acelerava, quando ela se aproximou de mim, desatando o cordão que segurava minha calça.

– Na próxima semana vou-me embora do engenho com meu irmão. Não verei um só macho durante longos anos. Não é um desperdício? – Rita tocava-se – Também é um desperdício um negro como tu. – disse a moça dando uma volta em torno de mim, que continuava paralisado, evitando o confronto com os olhos da menina – Disseram que tu eras príncipe na África. Agora entendo toda a tua majestade... – foram as últimas palavras de Rita, antes que eu a jogasse na cama e caísse por cima dela.

Não podia mais suportar aquele joguete da senhorinha. A abstinência a que eu havia me prostrado fez com que eu desse a ela o mais puro sexo. Rita não era virgem. Na certa, algum capataz mais corajoso do que eu já tinha se aventurado nas curvas do seu corpo. Ou mais de um. Ela sem dúvida sabia o que estava fazendo ali.

Entretido nos braços de Rita, não percebi que, subitamente, seu irmão mais velho invadia o quarto. Descamisado e ofegante, Jorge tinha em seus braços uma negra desacordada e seminua coberta de sangue.

– Rita, o que fazes que não vigias Lúcio... – Jorge subitamente interrompeu sua fala ao me ver por cima de Rita – Nêgo vagabundo, como ousa... – Jorge soltou a escrava, que desabou no chão, e me arrancou da cama, me jogando no canto do quarto.

Rita parecia assustada, mas apenas observou, sem protestar em minha defesa. Lúcio agarrou a irmã pelo braço e puxou-a para fora do quarto.

– Logo papai saberá como castigá-la por tamanho pecado, mas por agora tu me ajudas a conter Lúcio... Ele está pior do que o normal... Quanto a tu, negro – voltou-se para mim – terás também tua punição.

Ao proferir essas últimas palavras, Lúcio bateu a porta do quarto de Rita com força, e o barulho que se ouviu a seguir pareceu ser da chave na fechadura. Eu estava trancafiado. Corri para a janela, que, além da porta, era a única abertura do quarto. Logo percebi que não me serviria como rota de fuga, por estar no andar de cima do casarão de Antônio Maria. De lá, no entanto, me chamou a atenção a grande lua cheia que despontava naquela noite, um prefácio do que estava por vir. Pude ver ainda mais ao olhar para o térreo.

Espreitando sob as sombras, reconheci um vulto entre vários outros, armado com um pedaço de bambu. Do lado de fora, o negro Francisco preparava a revolta que há tempos tramara. Depois que comecei a morar com os capatazes, havia perdido o contato com a senzala, mas sabia que o motim logo se realizaria. Além dos escravos, vi pessoas não tão fortes e de peles menos escuras. Eram índios. Francisco provavelmente havia feito uma aliança com os nativos, que buscavam vingança. Um massacre tramado para um dia de lua cheia.

CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA

Texto por Zé Wellington.

7 de jun. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte 5

Leia a parte 1.

Leia a parte 2.

Leia a parte 3.

Leia a parte 4.

Meu serviço na casa-grande era claro: vigiar os pertences de Antônio Maria e ajudar os capatazes a capturar escravos fugitivos. Eu saia do posto de escravo, inclusive não dormindo mais na senzala, e era elevado a capataz. Minha nova casa era junto dos meus colegas de trabalho. Mas achar que aquilo traria algum conforto a minha vida era pura ilusão. Dividia quarto com o capataz que fracassara na defesa do senhor de engenho, que me olhava com desdém sempre que nos cruzávamos. Os outros capatazes não ficavam para trás e não concordavam com um negro entre mamelucos. Como se não bastasse isso, meus ex-companheiros de senzala me condenavam por eu fazer parte das caçadas aos negros fugitivos.

Restava a mim uma vida solitária, resignada aos serviços, principalmente, no interior da casa-grande. Em alguns meses já estava a par das rotinas da casa e dos familiares do meu senhor. Jorge, por exemplo, trabalhava duro com o pai no engenho. Era um garoto com os hormônios à flor da pele, como se costuma dizer, e não aceitava que teria que se tornar padre, como queria Antônio Maria. Entraria no seminário em alguns dias, o que vez ou outra o revoltava e provocava grandes discussões à mesa. Já Rita parecia aceitar melhor a vida religiosa. Tinha uma beleza provocadora, que sabia usar despudoradamente. Freqüentemente se oferecia aos capatazes, que, mesmo tentados, sabiam que poderiam estar assinando seu contrato de morte e evitavam maiores intimidades. Mesmo dentro da casa-grande, pouco sabia a respeito do filho mais novo. As histórias da senzala realmente não eram exageradas. Lúcio, como era chamado, vivia enclausurado no seu quarto. Por motivo que eu desconhecia, ele não comia a mesa com o pai e os irmãos. Sua face era um mistério, e poucas vezes eu vira a porta do seu cômodo se abrir, exceto para a entrada de seu pai ou um de seus irmãos, que se revezavam nos seus cuidados. Quaisquer outras pessoas não tinham autorização para entrar ali. Tanto em seu quarto como nos demais da casa, imagens, crucifixos e todo tipo de acessório religioso preenchiam as portas e as paredes. Ficava imaginando se Antônio Maria não teria atribuído à religião, ou a falta dela, a morte de sua esposa e de seu primogênito. Sobre essa história, inclusive, alguns boatos corriam na casa.

O primeiro a se dizer era que esse tema era proibido na casa-grande. A última escrava que havia apenas pronunciado o nome de Lúcio à mesa havia sido chicoteada no tronco durante toda uma noite. Em rodas de conversa na cozinha, escutava as escravas sussurrando a história da família. Há poucos meses o senhor de engenho e seus familiares haviam chegado de uma viagem a Portugal que havia durado mais de dez anos. Durante esse tempo, a família vivera em Lisboa, e Antônio Maria apenas esporadicamente viajava ao Brasil, para se assegurar de que tudo estava em ordem em seu engenho.

Seria uma viagem a passeio que duraria alguns meses, não fosse uma repentina doença rara que acometeria Pedro, filho mais velho de Antônio Maria, na época ainda uma criança. Tendo consciência de que na Europa disporia de melhores recursos médicos, a família inteira decidiu ficar para que Pedro se tratasse. As escravas contam que durante a doença de Pedro, sua mãe, Dona Mocinha, descobrira que estava grávida. Pedro morreria algum tempo depois, próximo da data em que seu irmão Lúcio nasceria. Ao que parece Dona Mocinha teria morrido durante o parto, em decorrência da mesma doença de Pedro e do desgosto de perder seu primeiro filho, o que teria mexido profundamente com Antônio Maria. Mesmo com as duas dolorosas mortes, o senhor de engenho e os três filhos restantes continuaram no Velho Continente até Lúcio completar dez anos.

A volta definitiva de Antônio Maria ao Brasil também rendia histórias, no mínimo, exóticas. Lúcio havia sido trazido até o engenho dentro de uma de carruagem sem janelas, e ninguém viu sua transposição para o quarto em que estava. Às vezes me questionava se o filho mais novo do senhor do engenho realmente existia, ou ainda se o meu senhor apenas havia depositado a culpa das duas perdas que tivera no filho caçula, aprisionando-o como castigo. Isso eu saberia em breve.

CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA.

Texto por Zé Wellington.

6 de jun. de 2009

31 de mai. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte 4

sebastiao_indio Leia a parte 1.

Leia a parte 2.

Leia a parte 3.

Antes do nascer do sol, Antonio Maria, dez negros e cinco capatazes já estavam embrenhados na mata. A tribo que visitaríamos era a dos fulniôs. Depois de uma caminhada de mais de uma hora, estávamos em território indígena. De longe avistamos às ocas, feitas de palha pintada de urucum rubro e jenipapo negro, num posicionamento que lembrava bastante a minha tribo. A área gritava silêncio, e nenhum movimento nativo parecia próximo. Concluímos que ainda dormiam. A um gesto de Antonio Maria, um dos capatazes avançou rapidamente sobre as ocas, derramando um líquido sobre elas. Logo, ele foi acompanhado pelos outros capatazes. Os outros negros acompanharam o movimento, e começaram a encharcar as ocas com o que seria algum tipo de combustível. Em princípio, fiquei parado. Não queria fazer aquilo. Era como eu tivera perdido tudo. Via ali a minha própria aldeia sendo incendiada. Fiquei apenas observando, quando um capataz roçou uma faca nas minhas costas:

– Vamo, nêgo, queima tudo.

Em alguns minutos toda a aldeia estava banhada em combustível. Antonio Maria ordenou então a um dos capatazes que ateasse fogo nas ocas. O comandado logo o fez, mas quando a primeira oca iniciou a queimada, o capataz foi atingido com uma flecha no meio do peito. O tiro vinha do matagal, do lado posterior ao da nossa entrada. Da mesma direção, uma enxurrada de índios brotou de dentro da selva numa gritaria infernal. Certamente eles haviam notado nossa aproximação bem antes de chegarmos à tribo e já haviam abandonados suas ocas aguardando nossa chegada.

Armados com arcos e machados de pedra primitivos, os índios corriam em nossa direção. Os capatazes tinham facas e nós tínhamos pedaços de pau nas mãos. Foi um combate sanguinolento, e, apesar de estarmos em desvantagem numérica, nós éramos mais fortes e mais habilidosos. Derrubava facilmente dois índios com uma golpe só. Aquilo me fazia sentir mal. Estava lutando por minha vida, mas ao mesmo tempo defendendo o opressor. No meio de tudo, senti a falta de Francisco e alguns dos negros que estavam conosco. Cheguei a cogitar que haviam escapado no meio da confusão. Não demorou a que restassem poucos índios de pé. Muitos deles haviam se embrenhado em fuga no matagal. Francisco vinha de dentro da relva, alegando que havia perseguido um grupo, mas que os fugitivos haviam se dispersado próximo a um açude.

De longe, Antonio Maria apenas observava protegido por um capataz à sua frente e uma grande árvore nas suas costas. Mas de cima da árvore, um indígena preparava-se para um bote sobre meu senhor. Nunca entendi por que me importei com aquilo e corri em direção a Antônio Maria. O índio pulou e agarrou-se ao senhorio. Antes que o oponente pudesse enfiar uma machadinha na garganta de Antônio Maria, pulei sobre ele enfiando o pedaço de pau que tinha em minhas mãos no meio do seu peito. O oponente caiu desfalecido, levando também o senhor do engenho ao chão. Antonio Maria respirava rápido, recuperando-se do susto. Jogou o corpo do índio ensangüentado de lado e deu a mão para que eu pudesse levantá-lo. Ele olhou fixo em meus olhos enquanto o erguia para depois virar-se para o capataz que deveria tê-lo protegido.

– Inútil, quase que venho a óbito! – disse enquanto se limpava, para depois se voltar a mim novamente – Quanto a tu, que a graça divina te proteja no céu, por que em terra, a partir de agora, és um protegido de Antônio Maria.

Um tipo esquisito de satisfação tomou conta de mim naquele momento. Francisco me olhava mais uma vez desconfiado.

O confronto havia terminado. Enquanto o sol nascia, caminhávamos para o engenho. Ao chegarmos, os negros foram encaminhados para a moenda, para seus trabalhos rotineiros, com exceção de mim. Antonio Maria chamara-me até a sala da casa-grande. Quando entrei, dei de cara com a grandiosidade que era ser um senhor de engenho na época. A pomposa sala de estar do meu senhor tinha um piso de madeira lustrado, que era quase como andar sobre espelhos. Móveis grandiosos e um sofá acolchoado com tecido em veludo vermelho impunham-se no centro. Enfeites religiosos é que não faltavam: eram crucifixos e imagens para todos os gostos, de ouro, prata, mármore, pedra e madeira. Uma escrava lavava os pés de Antonio Maria, que estava sentado ao sofá conversando com um capataz.

– És um valoroso soldado! – disse quando notou minha aproximação – E é de guerreiros dessa majestia que preciso para que protejam minha prole. De agora em diante serás segurança de minhas propriedades. Que achas?

– O que meu senhor quiser – não poderia ser outra minha resposta.

CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA.

Texto por Zé Wellington.

24 de mai. de 2009

Sebastião: sangue preto – parte 3

engenho_sebastiao

Leia a parte 1.

Leia a parte 2.

Certa época, o engenho começou a passar por alguns furtos. Vários escravos foram castigados, até que se descobrisse que os assaltos eram obras de índios da região. Isso irritou bastante nosso senhor, que na fundação do seu engenho fizera vários acordos com indígenas para que não tivesse tais incômodos.

– Querem guerra, que se engasguem com guerra! – bradava Antonio Maria, prometendo retaliação.

Numa noite, Antonio Maria chamou Raimundo, nome do velho sábio que eu havia conhecido na minha chegada à senzala, e o imbuiu da tarefa de escolher os dez escravos mais aptos para um confronto com os larápios. Eu havia sido escolhido, junto com Francisco, o jovem que dividiu as correntes comigo, e Raimundo, o velho ancião. Na madrugada seguinte invadiríamos a tribo para tomar as devidas satisfações.

Como num costume da tribo de meus colegas de guerra, iniciou-se na senzala naquela noite um ritual de preparação para o combate do dia seguinte. Os escravos começaram a se organizar numa roda no meio do terreiro. A percussão da capoeira estava lá, mas muito mais compassada. No centro, Raimundo, sentado num tamborete de madeira, fumando um cachimbo de cheiro forte. Subitamente a percussão começou a ganhar velocidade, e as batidas ficaram mais intensas, quase ditando o ritmo do coração dos presentes. As mulheres mais velhas cantavam em voz alta, algumas chorando, versos que eu não conseguia traduzir. Elas se dirigiam a Raimundo. Nunca havia visto nada parecido na minha tribo. Tínhamos nossos costumes que evocavam o sobrenatural, mas nada semelhante. O clima ia ficando denso, e um aperto inexplicável tomava conta do meu peito. Estava com medo. Não demorou a que o velho Raimundo tremesse dos pés a cabeça. Seus olhos se reviravam e dos cantos da sua boca uma espuma esbranquiçada brotava. Francisco segurava seus ombros, para que o velho não se desequilibrasse. Alguns minutos depois, Raimundo estava imóvel.

– Unêgoquissiprepariproquevem... – Raimundo falava rápido, de um jeito quase incompreensível, de olhos revirados como se estivesse possuído – vaibatê nu brancu, vai? U brancu é raçarruim.... mas dá de comer... Baiani vailánumvai? – e caía numa risada amedrontadora.

– Eu to aqui, meu Preto Velho, pra te escutar – disse Francisco, ao ver seu nome africano sendo pronunciado em meio à tempestade de palavras.

– Baiani vaichegarláevaifazer... numvai Baiani? Agora sioutronumvai... Baiani deixa... deixa Baiani...

– Baiani deixa, Preto Velho... – não sei se Francisco estava entendendo o que o incorporado Raimundo dizia, mas ele concordava serenamente, já de joelhos a sua frente.

– Tem mais guerrêro aqui... Cudjobá taqui? – disse Raimundo, balançando a cabeça de um lado a outro como se estivesse buscando alguma coisa.

Raimundo havia proferido meu nome africano. No início não sabia se respondia aquele chamado. Ainda tentava digerir aquela situação, pensando se isso não ofendia minhas próprias crenças. Francisco já havia me falado, certa vez, sobre esse tipo de possessão por espíritos antigos, sobre as orientações que eles recebiam deles. Talvez o homem branco ignorasse o que não conhecia. Negros e índios sempre foram tomados por ignorantes dentro de suas crenças, crenças essas que explicavam coisas que os brancos certamente não entendem até hoje. Mesmo depois de muitos estudos, vejo que nós chegamos bem mais perto de Deus com nossa cultura de ignorantes do que o branco, que preferiu ser temente a ele e prostrar-se na sua “bendita ignorância”. Não seria, então, o branco o ignorante?

– Cudjobá numvem? Tutemtudo só num tem medo, Cudjobá... vemperto.

Acabei por me achegar em Raimundo, que, ao notar minha aproximação, começou novamente a ter espasmos, ainda mais fortes que os do início da sessão.

– Cudjobá vailonge... Nummorremascorrequemorrertuquer... Branquin mal! Branquin mal! – Raimundo começava a gritar, enquanto Francisco e duas negras o seguravam. O velho começou a repetir a mesma palavra, fácil de distinguir – Sanguisanguisanguisanguisanguisangui...

Se antes aquilo tudo já havia mexido com meus brios, agora eu suava frio e respirava com dificuldade. Eu tinha ouvido “sangue”? Não entendia o que ele queria dizer com aquilo. Foi quando Raimundo caiu desmaiado aos meus pés. Enquanto tentava acordar o ancião, Francisco me olhou com uma expressão de desconfiança.

Não preguei os olhos por um minuto naquela noite. Algo estava terrivelmente errado. Rezei para todas as minhas divindades até adormecer. Meu sono foi povoado por uma série de pesadelos. Via Umaiame correndo, fugindo de um grande lobo. Ela chorava e gritava meu nome. De algum lugar eu tentava estirar meus braços para alcançá-la, mas não conseguia, por que enquanto ela corria do lobo ela também acabava por se afastar de mim mesmo. O sonho cortava subitamente para a senzala, onde Raimundo chorava, gritando possuído. Seus olhos vertiam um sangue denso e ele perguntava a mim se eu queria morrer. Acordei com o barulho dos outros escravos preparando-se para a jornada.

CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA.

Texto por Zé Wellington.

17 de mai. de 2009

Sebastião: Sangue preto – parte 2

capoeira_sebastiao

Leia a parte 1.

Depois de um ano cuidando das plantações de cana, começava a me acostumar com meu novo modo de vida. Num dia trabalhava por volta de doze horas e com sorte me alimentava duas vezes. Já falava um português compreensível, mas com as particularidades criadas pelos negros. Não via mais do que a senzala e as plantações. No caminho entre esses dois pontos, contemplava de longe o casarão do meu senhor. Era a típica casa-grande dos coronéis da época, com uma estrutura pomposa e um alpendre que rodeava toda a propriedade. Tinha um amarelo morto como cor predominante e uma grande porta de madeira na frente, talhada com motivos religiosos. O senhor Antonio Maria tinha vários capatazes a seu dispor, que rodeavam a propriedade como seguranças pessoais da família.

Sobre os familiares do meu senhor, conhecia pouco. As poucas informações que tínhamos eram trazidas por quatro negras que cuidavam da casa-grande durante o dia. Antonio Maria era viúvo e tivera quatro filhos. O filho mais velho morrera em uma viagem a Portugal quando tinha apenas dez anos de idade, de doença desconhecida, que também matara a mãe, dona Mocinha de Albuquerque Coelho. O segundo filho era Jorge, jovem que ajudava o pai na administração do engenho e presença constante na senzala, onde vez ou outra raptava escravas ao cair do sol. Rita era a terceira filha, uma bela moça no auge de seus dezesseis anos. Não se sabia muito sobre o quarto filho, que, segundo as amas, vivia enclausurado num quarto por extremos cuidados que o pai tinha para com ele. Ao que parecia, era de intenção de Antonio Maria dar orientação religiosa aos três filhos, para que exercessem carreira dentro da Igreja, fato um tanto incomum na época, quando os grandes barões da cana-de-açúcar casavam seus filhos por interesses comerciais. As escravas que trabalhavam na casa diziam que após a morte da esposa e do filho, o senhor Antônio Maria agarrou-se veementemente às suas inclinações católicas.

A religião era algo realmente forte dentro do engenho. Fazia exatamente um ano que eu havia sido trazido à propriedade, quando Antonio Maria mandou batizar todos os negros do arraial. Mesmo sendo tal ato uma prática comum na colonização católica européia, a princípio o padre da capela local achou que aquilo seria uma heresia, por acreditar que os negros eram seres renunciados por Deus. Nada que uma pomposa doação para a paróquia não resolvesse. Um a um, todos os negros foram recebidos pelo padre para a efusão. Um adicional dessa celebração seria ganharmos novos nomes, inspirados nos mártires da Igreja Católica.

– Como é teu nome, escravo? – retrucou o padre, me olhando seriamente.

– I Cudjobá Kamuká. – respondi prontamente usando ainda o sotaque forte do meu idioma.

– Santo Pai! Parece uma sinfonia proferida por Satanás! De agora em diante te chamarás Sebastião! – bradou o santo padre, jogando violentamente uma caneca de água sobre minha cabeça.

Assim eu ganhava um novo nome, que por decreto de nosso senhor deveria ser utilizado imediatamente. Nosso temor pelos castigos físicos impostos no engenho nos fez rapidamente acatar nossas novas identificações.

Ganhar um novo nome teve suas vantagens. Nossa conversão em católicos fazia nosso senhor, vez ou outra, nos olhar com mais benevolência. Não que isso significasse menores punições. O peso do chicote ainda era o mesmo para aqueles que saíssem da linha. O maior benefício talvez tenha sido nos proporcionar certos momentos de lazer durante feriados religiosos. Em “dias de santo”, nossa jornada terminava mais cedo, e apesar de ainda aprisionados na senzala, éramos liberados das correntes. Recebíamos aguardente e arroz cozido, ingredientes para uma típica comemoração africana.

Em uma dessas festas entrei em contato com o modo de defesa negro. Não era exatamente uma arte marcial sofisticada, como eu viria a conhecer tempos depois nos meus estudos sobre a cultura oriental, mas uma dança rápida, executada no meio de uma roda animada com palmas e cânticos que misturavam palavras em português e ladainhas africanas. Talvez não fosse propriamente uma dança o que acontecia no centro daquela roda. Os escravos lançavam chutes afiados uns nos outros, dois por vez. Na maioria das vezes os chutes eram esquivados pelo oponente, porém vez ou outra eles acertavam-se. Mas isso não era motivo de desavença entre aqueles dançarinos. No fim de sua vez, eles abraçavam-se rindo e dividiam um copo de aguardente, dando espaço a mais dois oponentes. A mistura de dança e luta, alguns séculos depois, ganharia algum padrão e viria a ser chamada de “capoeira”. Apesar de toda essa balbúrdia, os negros eram espertos o suficiente para evitar que isso chamasse a atenção do nosso senhor. Uma escrava fazia vigília na porta da senzala para avisar de qualquer aproximação suspeita. Sabíamos que a gritaria em “línguas pagãs” poderia perturbar a imaginação fértil dos católicos, na época à sombra da Inquisição. Em pouco tempo eu também já era um exímio lutador daquele estilo, o que logo me daria certos privilégios.

CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA.

Leia a parte 3.

Texto por Zé Wellington.

9 de mai. de 2009

Sebastião: Sangue preto – parte 1

castigo_escravo

Era uma senzala escura e imunda. Cheirava a fezes e comida podre. Negros acorrentados em trio, pelas mãos e pelos pés, num elo que nas pontas conectava-se ao chão. As correntes ficavam estiradas de forma que não possibilitassem nenhum movimento: o máximo que se podia era ficar sentado, ao custo dos movimentos dos outros dois colegas com quem se dividia os laços de aço. Eu estava cansado e faminto.

Não sei com precisão quantos dias durou aquela viagem. No navio, eu estava amarrado com cipó numa posição pela qual abraçava minhas canelas. Um pedaço de bambu enfiado entre meus braços e minhas pernas impedia qualquer tipo de mobilidade. Junto comigo, por volta de cem negros no mesmo conforto, enfileirados, de forma a aproveitar da melhor forma possível o espaço do porão da embarcação. Éramos escravos arrancados de nossas famílias.

Até alguns dias antes daquela viagem, eu iria me casar. Não um tipo de casamento como os brancos conheciam na época. Eu havia lutado contra Dumbaô, forma como se pronunciaria o nome do meu melhor amigo nessa língua, e ele morrera em minhas mãos como um bravo oponente, num costume de minha tribo que talvez causasse estranheza à cultura branca. Mas a tradição de lutar por uma esposa não era milenar, e sim uma medida tomada por nosso líder, meu pai, para resolver o problema da falta de mulheres em nossa tribo, fêmeas essas que, uma a uma, estavam sendo tomadas pelo homem branco, ainda crianças, para servir de empregadas ou prostitutas em suas sociedades altamente desenvolvidas. Ficar com Umaiame havia me custado preciosas amizades e alguns túmulos em nosso cemitério.

Na noite do casamento a maior festa que minha tribo já viu se consumou. Como filho do líder da tribo, a mim se passaria o comando do meu povo. Mas eles sabiam que naquela noite estaríamos embriagados com nossas raízes alucinógenas e que não insultaríamos nossos deuses derramando sangue numa cerimônia sagrada. Eles, caçadores de escravos, tinham ainda fogo e pólvora.

Quando os tiros e explosões começaram, meu povo não sabia de que lado eles vinham. Campeando de moitas e ocultos pelas trevas da noite, os brancos acertavam de longe meus irmãos. Atordoados, corríamos sem direção definida. Organizada pelas táticas de guerra de meu pai, nossa tribo havia resistido a outros ataques tempos atrás, mas o barulho da pólvora ensurdecia nossos pensamentos.

Segurando Umaiame, adentrei a selva, correndo desesperado, ignorando os ferimentos nas pernas causados pela vegetação e pelo terreno pedregoso. Ela transpirava, e era impossível diferenciar sua respiração rápida dos soluços amedrontados. Mas o estrondo de um tiro ressoou dentro do meu peito. Ainda correndo, vasculhei meu corpo com minha mão livre. Eu parecia inteiro. Subitamente minha corrida foi interrompida por Umaiame, que ancorava nossa escapada. Eu não deveria ter parado. Não deveria ter chorado por ela. Ela morria e ia para a companhia de Nanã, que protegeria sua alma e a plantaria para que ela pudesse renascer como uma fruta vermelha. Por isso minha tribo não chorava os mortos. Tentei em vão despertar Umaiame. Não deveria ser assim. Ela não deveria morrer ali. O tempo por mim desperdiçado aproximou nossos perseguidores. Quando ouvi os passos, já era tarde. Meu mundo veio abaixo com uma coronhada na nuca.

O que se passou após minha captura não é digno de nota. Logo me dei conta de que os brancos haviam matado somente mulheres, crianças e doentes. Eles procuravam aqueles que pudessem trabalhar na sua terra. Sua nova terra.

Dentro do navio que me traria ao Novo Mundo, meu povo foi misturado com outros com um único ponto em comum: a cor. Negros de todas as tonalidades, crenças e idiomas dividiam espaço no porão. Tive sorte, se é que assim posso chamar, e fui um dos poucos que sobreviveu à alimentação precária, aos maus tratos e às doenças contraídas durante a viagem. No desembarque perdi o contato com meus conterrâneos e já não tinha certeza se ainda vivia alguém da minha tribo.

Era algo próximo ao ano de 1630, até onde me lembro. É difícil ter certeza, por que ainda não entendia o sistema de contagem de tempo branco. Eu tinha por volta de vinte e cinco anos. Fui levado junto com outros escravos até uma propriedade rural há alguns quilômetros do litoral daquilo que se chamaria Brasil. Era o engenho do senhor Antônio Maria Coelho, neto bastardo de Duarte Coelho Pereira, português que no século que havia passado fora donatário da capitania de Pernambuco. Estávamos no período áureo da cana-de-açúcar, grande motivo de eu estar ali.

Fui jogado na senzala que me acolheria como lar e acorrentado nu a outros dois escravos. Logo descobri que os dois vinham de uma mesma tribo, que, acredito, deveria ser próxima da minha, já que conversavam em um dialeto muito parecido com o meu. Estavam já há alguns meses naquele lugar. O mais novo era um jovem forte que deveria ostentar uma idade próxima da minha. O outro, um velho com no mínimo sessenta anos, tinha uma barba branca como osso raspado e olhar que apontava uma experiência secular.

– Por que os ventos de Oyá te trouxeram nesse caminho, meu filho? – disse o velho lentamente, numa expressão cansada e usando velhas palavras do meu idioma.

– Os brancos atacaram covardemente minha tribo durante meu casamento. Mataram meu pai e minha esposa e incendiaram nossas casas – respondi sem poder olhá-lo nos olhos, por conta da posição em que estávamos acorrentados.

– A opressão branca continua. O que eles querem? Toda a terra para eles? Todos os homens da outra cor a seu dispor? – discursava o mais novo em voz alta, como se quisesse atingir a todos os escravos na senzala – E quando iremos devolver essa opressão?

– Quando Ogum achar que é tempo – retrucou o velho sábio num tom de voz tranqüilizante.

– Em Palmares o tempo chegou! E é pra lá que nossa gente deve ir! – respondeu o jovem, que foi seguido de uma gritaria de dentro da senzala.

Logo eu confirmaria que já há muito tempo a semente da revolta estava plantada naquele lugar.

CONTINUA PRÓXIMA SEMANA.

Leia a parte 2.

Leia a parte 3.

Texto por Zé Wellington.


Post-Scriptum: No ar meu segundo conto para o blog (o primeiro foi Mestre dos brinquedos, lembra?)! Espero comentários daqueles que leem esse blog solitário. Próxima semana tem mais!

29 de abr. de 2009

As I Lay Dying - This Is Who We Are (DVD)


Uma das minhas bandas prediletas no momento lançou no dia 14 de abril (por enquanto apenas no states) seu primeiro DVD. Faz um tempão que eu aguardava esse registro oficial ao vivo do As I Lay Dying. This Is Who We Are é um DVD triplo contendo um documentário sobre a banda, uma porção de extras (todos os vídeo-clipes e algumas perfomances ao vivo extras) e um show ao vivo. Aliás, vários shows ao vivo. Achei esquisito quando, assistindo ao DVD do show, de cara a banda tocasse numa igreja, para poucas pessoas, praticamente sem palco e com a iluminação de luzes de natal no fundo. Pensei: "o Killswitch Engage faz um show numa arena lotada e o AILD faz só isso?". Foi quando entendi que não seria apenas um show, mas uma jornada pelo passado da banda! No primeiro show, na Igreja da Comunidade de Seacost, na Califórnia, a banda executa músicas de seus primeiros trabalhos. Para o DVD fora escolhidas duas (Falling upon deaf ears e Forever). Na sequência passamos ao pub Jumping Turtle, em San Diego, onde a banda executa do início ao fim o álbum Shadows Are Security para 250 pessoas, com duas músicas escolhidas para o DVD (Meaning in tragedy e Darkest nights, em perfomances explosivas). No momento seguinte, o DVD pula para seu ápice, com o show no The Grove, para 1.700 pessoas, onde a banda executa na íntegra seu último álbum An Ocean Between Us. Durante todo o DVD os integrantes tagarelam que consideram esse álbum seu melhor trabalho, coisa que eu e a maioria dos fãs com certeza discorda. Mas vá lá... é um puta disco, que fica ainda melhor executado ao vivo com as músicas coladinhas umas nas outras. São oito faixas tocadas para um público insandecido. Depois do show, já começava a ficar um gostinho esquisito na minha boca... Ainda estava faltando algo... Mas o algo veio! Nos depoimentos finais (depoimentos esses que permeiam o DVD inteiro), os integrantes falam sobre grandes shows, tocados para públicos de até 80.000 mil pessoas, como o maior festival de metal do mundo, o Wacken Open Air, na Alemanha, de onde temos duas perfomances ao vivo da banda (o clássico Through struggle e Confined), do With Full Force, também na Alemanha, com uma faixa (Reflection) e ainda do festival americano Cornerstone, com a música que chamou a atenção da mídia para a banda no início da carreira, 94 hours. Caralho! Muita informação, que só vai ser bem processada para aqueles que entendem um pouco de inglês, afinal o DVD mistura em partes iguais show e documentário. No final fica de conclusão que a espera valeu a pena. This Is Who We Are é isto o que o As I Lay Dying se tornou: um dos grandes nomes do metal do novo milênio.

Mais informações aqui e aqui. Gostou do AILD? Não deixe de conhecer a Sobre o Fim.

16 de abr. de 2009

Revival!

Nesses tempos os japoneses resolveram ressuscitar dois de seus animês de maior sucesso em todos os tempos: Dragon Ball e Fullmetal Alchemist. Eu vi os primeiros episódios de cada um e falo o que achei logo abaixo. Como não tenho falado muito de rock por aqui, falo também da continuação do maravilhoso documentário Metal - Uma jornada pelo mundo do Heavy Metal, Global Metal, e ainda do novo CD da banda capixaba Dead Fish, Contra todos. Um verdadeiro revival de informações, afinal trouxeram de volta do meu passado DBZ, FMA e DF!

Nostalgia
Em 1999 eu começava a assistir o animê que me colocaria no mundo dos animês, Dragon Ball Z. Entenda: antes disso eu (como tantos outros adolescentes brasileiros na época) já havia sido fisgado por outro furacão chamado Cavaleiros do Zodíaco, mas DBZ foi "a gota d'água", por assim dizer. Nessa época, a novidade que acabava de chegar ao Brasil já completava 10 anos no Japão. 20 anos depois do lançamento de Dragon Ball Z, chega às TVs do oriente Dragon Ball Kai. Não se trata da tão esperada e especulada continuação de Dragon Ball GT (animê que sucedeu DBZ), mas da revitalização de Dragon Ball Z. O animê original tinha 291 episódios, que foram remasterizados e serão lançados em alta definição. E o melhor: o próprio criador do mangá que originou a série, o genial Akira Toriyama, está editando a série, e já anunciou que essa nova versão terá apenas 100 episódios, ou seja, 191 episódios foram enxugados! Você que não viu DBZ talvez ache isso um cúmulo, mas todos os amantes da série adoraram a novidade. O motivo é simples: como a maioria dos animês shonen, DBZ tinha muita ENROLAÇÃO, que, esperamos, será limada dessa nova versão. Eu vi o primeiro episódio e, apesar de um estranhamento inicial (lembre-se, esse desenho animado é de 1989), até gostei do resultado. A maneira como o mestre Toriyama alterou a ordem de alguns fatos no início do episódio para aumentar a dramaticidade deu um calafriozinho bom, que compensou o traço antigão do animê. Para mim só faltou uma remasterização da abertura original com o classicaço Cha-la Head-cha-la e a maravilhosa dublagem nacional (Goku com voz de mulher no original dói de ouvir...). Nada melhor do que isso para esquecer a tenebrosa adaptação de cinema que estreou esse dias...

A volta da irmandade de metal
Outra volta que animou os fãs japoneses foi a dos personagens de Fullmetal Alchemist. Considero-me suspeito para falar da série, que na minha opinião é um dos melhores desenhos animados em série de todos os tempos (veja bem, eu falei DESENHO ANIMADO e não ANIMÊ, ou seja, incluo tudo de animação que já vi). Fullmetal Alchemist: Brotherhood não é um remake e muito menos uma continuação do original. Ao que parece, o animê parte do ponto onde a animação original difere do mangá. A princípio fiquei um pouco apreensivo com essa versão, afinal é difícil mexer no que é quase perfeito. Sem contar que o final do original (que na verdade terminou num belíssimo filme) para mim é irretocável, e já sei que é bem diferente do final do mangá (que eu só tive oportunidade de ler as três primeiras edições). Ao assistir a nova série, fui rapidamente teletransportado novamente para o universo de FMA. Nem lembrava como tinha gostado do animê. Está tudo lá: os dois cativantes personagens principais com a dublagem original e todos os outros detalhes da intricada trama. Novatos talvez se sintam desconfortáveis de início, por que são jogados dentro do universo sem muitas explicações, mas aos poucos devem ser integrados a história, já que no segundo episódio saberemos mais sobre as motivações de Edward e Alphonse Elric. A animação é simplesmente sensacional, bem melhor do que a já ótima animação original. O primeiro episódio tem cenas de ação muito empolgantes, mas sem sombra de dúvida foca mais no humor, única coisa que estranhei. Fico aguardando o drama que tão bem caracterizou a primeira série nos próximos episódios (e tomara que ele venha mesmo).

Metal pelo mundo
No meu blog antigo falei sobre o maravilhoso documentário Metal - Uma jornada pelo mundo do Heavy Metal (Metal - A headbanger´s journey), apresentado pelo antropólogo canadense Sam Dunn. Quatro anos depois, Dunn viaja ao mundo procurando pelo metal dentro da cultura dos mais diversos países. Mais uma vez o documentarista acerta em cheio no filme, e nos revela curiosidades sobre como pessoas de países extremamente fechados ao estrangeiro têm acesso a um dos estilos musicais mais discriminados do planeta. E a primeira parada é o Brasil, representado principalmente pela banda Sepultura (de quem Dunn é fã), e ainda com entrevistas a integrantes do Angra e do lendário Carlos Lopes, do Dorsal Atlântica (se você gosta de metal e hardcore TEM que conhecer essa banda, a pioneira da junção desses dois gêneros aqui no Brasil). A viagem ainda passa pelo Japão, destacando uma banda que os otakus conhecem bem: X-Japan. E se no primeiro filme o metal norueguês chamou atenção com seu fanatismo religioso, ele faz mais uma macabra participação numa história do metal israelense...

Contra todos (mesmo!)
A banda de hardcore capixaba Dead Fish recuperou seus pontos comigo com seu novo álbum, Contra todos. É o velho feeling de Rodrigo e cia de volta, com uma guitarra apenas, muitíssimo bem conduzida, num álbum direto, que em muito me lembrou o DF que conheci na época do seu álbum mais maduro da fase independente, Afasia. As letra continuam (afinal nunca deixaram de ser) belíssimas poesias urbanas. E o peixe morto realmente é uma daquelas bandas que deveria ser mais conhecida e mais escutada... Mesmo no mainstream o peixe continua fazendo o mesmo hardcore barulhento, contra todas as expectativas! Recomendadíssimo, para aquelas horas em que você quer esmurrar alguém.

6 de abr. de 2009

Quem quer ser um vampiro adolescente?

Fala, moçada! Antes tarde do que nunca, venho falar um pouco sobre minhas duas últimas experiências no cinema: Crepúsculo e Quem quer ser um milionário?. De bônus, comento o DVD Watchmen - Contos do Cargueiro Negro.

Malhação vampírica

Fiquei muito desapontado com a versão cinematográfica do best-seller Crepúsculo (Twilight), de Stephenie Meyer. Não que eu esperasse muita coisa de um filme da mesma diretora de Aos Treze (já vi várias boas críticas desse filme na Internet... eu sinceramente NÃO recomendo), mas cheguei a ler as primeiras páginas do livro e tenho a obrigação de dizer que ele é bem decente. Sou obcecado por romances de vampiros e achei muito interessante a forma como a autora escreve. Não é uma Anne Rice, mas prefiro os adolescentes lendo esse livro do que assistindo Malhação. Acontece que o filme acabou se tornando mesmo uma Malhação com vampiros... Faltou ao filme a ousadia que sobra no livro, e tive a impressão de estar assistindo uma produção da Globo... Os efeitos especiais me deixaram extremamente sem jeito de tão primários, algo estranho para uma adaptação de um dos livros do momento... Talvez o problema não seja esse, e eu apenas esteja velho demais para ver vampiros em um filme tão iluminado e colorido...


Cidade das Índias

Você já viu algo da novela global Caminho das Índias? Nos poucos relances que tive oportunidade de ver, percebi uma Índia rica e colorida, onde repentinamente as pessoas começam a dançar a dança do ventre na sala de casa, sem motivo aparente nenhum... Já em determinado momento do filme Quem quer ser um milionário? (Slumdog Millionaire), o carro de um grupo de turistas é assaltado, e o personagem principal exclama para eles: "Você não queria conhecer a verdadeira Índia? Essa é a verdadeira Índia!". Esse é apenas mais um dos momentos belíssimos do novo filme de Danny Boyle, que conta a história de Jamal, um jovem que está preste a ganhar um prêmio milionário em um programa de perguntas na televisão (leia-se: Show do Milhão). Só que tudo isso não passa de um mcguffin para mostrar o lado pobre de Mumbai e os desafios que Jamal e seu irmão mais velho encararam durante seu duro amadurecimento. Difícil não comparar o filme ao clássico Cidade de Deus... Também pudera, com uma belissíma fotografia, uma edição moderna e um ótimo roteiro Quem quer ser um milionário? se diferencia pelos detalhes que te lembram que você está na capital indiana: o amor dos indianos pelo cinema e pelo cricket, os maiores call centers do mundo (você sabia disso?), o Taj Mahal... Vencedor de oito Oscar, a película trouxe reconhecimento no tempo certo para o inglês Danny Boyle, diretor de filmes como o cult Trainspotting - Sem limites e do incompreendido A praia. Melhor que isso tudo só a coreografia do elenco no final do filme, como em todo bom musical de Bollywood.

CURIOSIDADE:
da mesma forma que Crepúsculo, Quem quer ser um milionário? também é uma adaptação de um livro para o cinema.


Mais Watchmen


Assisti nesses dias os dois "complementos" de Watchmen - o filme: Contos do Cargueiro Negro (Tales of the Black Freighter) e Sob o capuz (Under the hood). Em Contos do Cargueiro Negro, temos a HQ que estava dentro da HQ Watchmen, com a macabra história de um náufrago, aqui em formato de animação, com o personagem principal dublado por Gerard Butler (o Leonidas, de 300). Dentro do quadrinho essa história faz todo o sentido do mundo, mas sozinha não faz tanto assim... Já Sob o capuz é um interessante documentário que se aprofunda no mundo de Watchmen a partir da visão de Hollis Mason, o primeiro Coruja. Na verdade, o documentário é uma forma de compensar a falta que os trechos do livro de Mason (que também tem o nome de Sob o capuz) fazem no filme. Os dois têm pouco mais de 20 minutos e se juntarão ao filme na versão do diretor, que terá uma hora a mais e sairá no futuro DVD do filme. Eu sinceramente recomendo que você vá o cinema e assista ao filme e, caso você ainda não tenha lido a HQ, só veja esses complementos já inseridos nessa montagem final em DVD. Com certeza vai dar uma base bem melhor do que é a HQ (mas só uma base, pois a experiência da HQ você só sente LENDO a HQ). Se mesmo assim quiser ver esses curtas, ambos sairão no Brasil no fim desse mês em um DVD.



22 de mar. de 2009

NOVAS...

JACK CONTRA O REINO

Estou bastante empolgado, colegas! Desde o início do ano, entrei num projeto com uma galera de vários lugares do Brasil. Enquanto o projeto não fica 100% pronto, o desenhista, Sílvio DB, que ficou com o roteiro da minha história JACK CONTRA O REINO postou um pouco do seu processo de produção no fórum Central de Quadrinhos. CLIQUE AQUI PARA VER!



NOVA LOJA EM SOBRAL!


Todo mundo lá!

A mais nova loja de skate e rock de Sobral! Todos que apenas comparecerem na loja concorrem a um skate novinho!

8 de mar. de 2009

Watchmen: eu vi!

Uma vez um amigo me disse que nunca leria O Senhor dos Anéis. "Pô, assisto o filme e pronto". Talvez seja isso que sempre me preocupou em adaptações para o cinema. É mais cômodo e fácil trocar um grande maço de papel por algumas horas numa poltrona confortável. Ok, O Senhor dos Anéis é um grande filme. Mas com certeza fica muito aquém dos detalhes do livro que lhe deu origem. Muitos podem dizer que depois de assistir o filme, alguns lerão o livro. Mas esses já não vão ver a história da forma como ela foi concebida por seu autor. Acho que é por isso que Alan Moore sempre repugnou as adaptações de suas HQs para o cinema e sempre fez o possível para tornar suas obras infilmáveis. Uma obra de arte (seja um quadro, um livro, uma música ou que for) é filha de sua época e carrega em si o peso de sua própria linguagem. Então, amigo leitor, saiba de cara: NÃO HÁ COMO COMPARAR A HQ E O FILME DE WATCHMEN. O quadrinho é alardeado como um dos grandes momentos da nona arte. O filme apenas traz à tona ao mundo, de forma bem simplificada, o que muitos, como meu amigo no início do texto, não leram (e nem lerão) na versão impressa. Zack Snider conhecia bem a responsabilidade que havia lhe sido incubida e preferiu não se arriscar. Temos em Watchmen - o filme boa parte dos diálogos e quadros dos quadrinhos, momento a momento. Mas ainda faltam as várias hisórias paralelas da HQ, que não caberiam nas já longas duas horas e quarenta de filme. É frustante ver o primeiro contato de Rorschach com seu psiquiatra, que no filme encerra o relacionamento entre eles ali mesmo. Sem contar a história dos dois Bernies, Os Contos do Cargueiro Negro (que estarão disponíveis em DVD no final desse mês em animação), etc... Como dizem por aí, Watchmen é realmente infilmável. Mas está aí, filmado, nas salas de cinema, e, pasmem, é um GRANDE FILME também. Teve toda a pompa de um grande filme e foi adaptado em alguns pontos para um grande público (com belíssimas cenas de ação com a marca de Snyder), mas sem deixar de ser uma obra densa e pensativa. Não vai mudar o cinema como a HQ mudou os quadrinhos, mas vai mudar a forma como muitas pessoas vêem os quadrinhos de super-herói, o que já é um grande passo. Quanto às tramas paralelas, como a que acontece entre Rorschach e seu psiquiatra, para saber como termina isso, você vai ter que tirar seu traseiro da poltrona confortável e ler umas das obras mais importantes da literatura mundial.

5 de mar. de 2009

18 de fev. de 2009

Zeroes


As pessoas têm me perguntado o que estou achando do volume 4 (que corresponde à segunda parte da 3ª temporada) de Heroes. Eu não estou achando nada, por que abandonei o programa no volume passado. Desde o princípio, dei a maior "cobertura" possível para a série aqui no blog, mas de repente assistir os episódios havia se tornado um martírio. Quando uma coisa se torna ruim de doer, é hora de deixar o barco, afinal tem muita coisa legal saindo, e meu dia ainda não tem 48 horas, como eu tanto gostaria. Por conta do mal resultado nos EUA (não sou só eu que não estou gostando), cabeças rolaram, e a equipe criativa da série mudou. Um dos caras que está assumindo, Bryan Fuller, saiu de uma série muito bem falada, Pushing Daisies, a qual eu não tive oportunidade de assistir e por isso prefiro não comentar. De qualquer forma ele já foi logo avisando que não poderia desfazer a "mercadoria" que estava feita e só assumiria no final desse volume. A idéia é dar um reset geral. Sendo assim, volto a assistir Heroes um dia se esse reset trouxer de volta alguma dignidade para a série.
EXTRA
Stallone está montando um elenco curiosíssimo para seu novo filme, Os mercenários. Já estavam no elenco: Mickey Rourke (o Marv de Sin City), Danny Trejo (o brinquedinho do Tarantino e do Rodriguez), Jason Statham (de Carga explosiva), Jet Li (precisa falar alguma coisa?) e Dolph Lungdren (do longínquo Soldado universal). Todos tem em comum uma gama de filmes de ação da década de 1980 para cá. Como se não bastasse, hoje a imprensa noticiou a participação de Arnold Schwarzenegger, atual governador da Flórida, antes Exterminador do futuro. Tá certo que o governator vai fazer um ponta e interpretar a si mesmo, mas não deixa de ser empolgante. Uma pena Jean-Claude Van Damme ter dispensado o filme por conta do momento "artístico" que ele está vivendo...

10 de fev. de 2009

Rapidinha...

Postando em trânsito! Trabalho maluco, viajo em alguns minutos para Jericoacoara (a trabalho, vale salientar de novo, e mesmo que não fosse não sou desses fãs de praia). Estava pensando no que postar agora, o único assunto que me veio a mente foi comentar o que estou lendo dos títulos mensais da Marvel. Sou assinante e estava ficando aperreado de ver um montinho de HQ se acumular no criadomudo (com hífen ou sem hífen?) do meu quarto. Agora que vagarosamente comecei a ler algumas HQ de agosto do ano passado... Ficava vendo os sites comentando a saga polêmica (eles frisaram isso nas propagandas dela, daí você já fica com uma pulga atrás da orelha) Um dia a mais, do Homem-Aranha, e a Invasão Secreta. Ontem terminei Hulk contra o mundo (que acho que teve um saldo até positivo) e comecei a desbravar essas outras duas grandes sagas do ano passado. A Invasão está sendo muito bem conduzida por Brian Michael Bendis. Estou muito curioso para ver onde isso vai dar. O mix de Novos Vingadores está interessantíssimo (exceto pela trama rasa e descartável de Miss Marvel). Illuminati, escrito pelo Bendis em pessoa, é muito legal, e tem uma narrativa espetacular com quadros silenciosos e desenhos simples (e ao mesmo tempo magníficos) de Jim Cheung. Estou gostando muito também da volta do Thor, escrita por um cara que eu amo e odeio, J. Michael Straczynski. Amo com o Thor e odeio em Homem-Aranha. O mix da revista do amigão da vizinhança tá fraquinho, fraquinho... do jeito que é difícil conseguir acompanhar. No mais a assinatura do pacote médio (de 6 HQs) tem valido a pena para mim no geral: Demolidor em Marvel Action, 75% da Marvel Max e a mensal do Universo Millenium/Ultimate jogam o nível um pouco mais alto. Mas nem tudo são flores e tenho repensado seriamente sobre manter a assinatura. Se eu gastasse tudo que gasto com a assinatura em graphic novels, minha estante seria bem mais elegante...

[VOLTANDO AO ASSUNTO: Num post passado, perguntei sobre o destino do filme do Spirit no Brasil, que não estreou em 6 de fevereiro como deveria. Depois de muito cavucar na Internet, finalmente descobri a nova data de estréia do filme no Brasil: 20 de março. Cortesia do site Cinepop, o único site de cinema que encontrei que noticiou o fato. Vamos aguardar para confirmar essa notícia.]

30 de jan. de 2009

VERSUS!

Nova Língua Portuguesa Vs. Antiga Língua Portuguesa
Raios, quem inventou de mudar o Português? A princípio me falaram que era pouca coisa, "tira os hifens, morre o trema e o resto não muda nada", mas não é bem assim. Essa unificação da língua, que aconteceu para aproximar a palavra escrita nos países de língua portuguesa e facilitar seu ensino para estrangeiros, tem uns pontos escorregadios, como por exemplo um acento esquisitaço para separar os verbos da primeira pessoa do plural do pretérito perfeito e do presente do indicativo. [Ex.: Agora nos amamos. Ontem nos amámos.] Alguns acentos caíram e vão nos fazer escrever ideia, ao invés de idéia, e conteudo, ao invés de conteúdo. Tudo isso para nos aproximar dos nossos irmãos de língua. Pelo menos os portugueses não podem mais escrever acção ou adopção... hehe... E corra, coleguinha, você tem três anos para reaprender a escrever!

Kevin Smith independente Vs. Kevin Smith comercial
Até que é engraçadinho o filme novo do Kevin Smith, Pagando bem que mal tem (Zack and Miri make a porno), mas o diretor já foi bem melhor... É como se ele misturasse o cinema autoral que ele faz muito bem com o filme mais comercial dele (Menina dos olhos). Para quem fez O Balconista e Dogma, esse filme novo soou como uma comédia romântica com muitos palavrões...

Hulk Vs. Thor e Hulk Vs. Wolverine
A Marvel vai melhorando em suas animações. Nesse início de ano ela lançou dois média-metragens (nessas regras novas de português, esse hífen fica?) com o Hulk. A estética deles se aproxima das animações japonesas mais novas e a movimentação é muito boa. O roteiro é bem decente e deixa de lado complexidades para colocar o Hulk fazendo o que sabe fazer de melhor: ESMAGANDO. E tome porrada, com uma violência até acima do padrão para essas animações feitas para DVD nos EUA. Contra Thor, eu senti a violência um pouco amenizada e achei a história mais rasteira. Contra Wolverine, é legal ver o carcaju violento como nas suas fases mais sombrias em desenho animado, com direito a sua origem, Arma X e tudo mais. Mas ele podia se chamar Wolverine Vs. Hulk, e não o contrário, por que nesse segundo filme o mutante domina geral e Hulk é apenas um coadjuvante.


Google Docs Vs. Microsoft Office Live WorkSpace
Sou um entusiasta da tecnologia e já venho testando faz uns tempos o Google Docs, que coloca em prática o que chama-se por aí de web 2.0, ou seja, seus aplicativos do PC rodando diretamente da Internet. É simplesmente sensacional! Você não precisa ter Word ou Excel instalado no computador, basta acessar o site e utilizar um sistema com quase todas as ferramentas deles, e ainda pode salvar o seu trabalho virtualmente e acessar de qualquer computador do mundo conectado a Internet. Você ainda pode compartilhar seus arquivos e trabalhar em parceria com outra pessoa que também tenha acesso a web. Claro que não demoraria até a Microsoft colocar sua versão no ar, o WorkSpace, que sinceramente fica anos aquém... Para início, é necessário ter o Microsoft Office instalado no computador (afinal o interesse é que as pessoas ainda comprem os programas da Microsoft). A plataforma é lenta e muito limitada. Vamos, Bill Gates, admita, dessa vez não dá pra você... Ponto praqueles que acham que a Google vai dominar o mundo.

E zefini! (Zé-fini... entendeu?!)