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11 de dez. de 2009

Fim da viagem ao Sonhar



Em 2005, a editora brasileira Conrad iniciou o ambicioso projeto de publicação de Sandman, icônico trabalho de um dos maiores escritores das últimas décadas, Neil Gaiman. Eram 10 luxuosos livrões de capa dura, com tratamento gráfico impecável. Achei que era hora de conhecer.

10 de dezembro de 2009, 12:01, viro a última página de "Despertar", o último livro da saga. Na verdade a série terminou de ser publicada em julho de 2008. Li vorazmente os primeiros volumes, mas fui impedido por questões de trabalho de terminar de ler em tempo hábil, por assim dizer. Continuei comprando as edições e enfeitando minha biblioteca (e aquelas lombadas quadradas enfeitam mesmo), mas sem ler. No meio do ano entrei num ritmo frenético para terminar a leitura; praticamente foi a única coisa que li nesse semestre. E valeu a pena.

Morpheus é o Senhor do Sonhos, um dos sete Perpétuos (junto com Destino, Morte, Desejo, Destruição, Desespero e Delírio). Depois de passar anos aprisionado, ele parte para recuperar suas ferramentas e pôr ordem no seu reino, o Sonhar, bem como punir os responsáveis por seu aprisionamento. Seus atos irão gerar consequencias e mexer com um número sem fim de seres, além de revelar histórias mais antigas do que o próprio homem.

É difícil falar de Sandman sem repetir o que muitos já devem ter dito em sites especializados e blogs. Uma saga tão bem costurada e planejada que impressiona em suas 75 edições, unidas em arcos intrinsecamente interligados, que parecem funcionar sozinhos (e funcionam realmente), mas que tem consequências que vão ecoar em todos os arcos posteriores. O que não impede também que algumas edições funcionem sozinhas, como as geniais "24 horas" e "O imperador dos Estados Unidos". Cada idéia e cada diálogo revela uma explosão de referências e conteúdos. Personagens tão reais quanto William Shakespeare e Marco Polo e tão fantásticos como Lúcifer, Eva, Lady Bast, Hecatae, Orpheu, Batman e outras divindades e personagens importantes da literatura mundial e da DC Comics convivem no mesmo universo cruzando-se em perfeita harmonia. Fantasia, realismo, comédia... não dá para colocar uma "tag" específica em Sandman. Vale o destaque também para os desenhistas que acompanham Gaiman, como D´Israelli, Malcolm Jones, Sam Kieth, Chris Bachalo, Michael Dringenberg, Michael Zulli, Charles Vess (que com Gaiman trabalharia novamente no ótimo livro ilustrado Stardust), Mike Alred, entre outros, além das sensacionais capas de Dave McKean.

Sem dúvidas um trabalho que merecesse ser conferido, tanto por aqueles que já lêem quadrinhos como por aqueles que querem se iniciar na nona arte.

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