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26 de mai. de 2011

Tiradentes e metalcore

Capa do livro História Fantástica do Brasil - Inconfidência mineira.
Recebi, com muita satisfação, a notícia de que fui selecionado para a antologia História Fantástica do Brasil - Inconfidência mineira, da Estronho Editora. O objetivo da coletânea era juntar textos que tivessem como base a Conjuração Mineira (ou Inconfidência), mas utilizando elementos da literatura fantástica. Depois de muita pesquisa, acabei por criar uma versão frankensteiniana da frustrada tentativa de revolução que ocorreu no final do século XVIII em Minas Gerais. O livro terá contos ainda de A. Z. Cordenonsi, Amanda Reznor, Chico Pascoal, Davi M. Gonzales, Goldfield e Jota Marques, com organização de M. D. Amado e Celly Borges. O prefácio fica por conta de Gabriel Perboni, do site Histórica, que, coincidentemente, me forneceu a maior parte da pesquisa para meu conto, através do podcast Visão Histórica 019 – Tiradentes: Herói ou traidor?. A seleção para esse livro me deixou duplamente feliz. Primeiro por publicar meu primeiro trabalho com a Estronho & Esquésito, site que desde sempre vem contribuído com a fantasia e ficção brasileiras e dando oportunidade para os novos autores da literatura de gênero. Segundo por ser prefaciado por alguém do Histórica, um site desde já recomendadíssimo, que descomplica a história e do qual eu já deveria ter falado aqui no blog.

E tem mais novidades: finalmente está terminado o processo de gravação do Epílogo, novo trabalho da Sobre o Fim. Estamos acertando os detalhes finais para o lançamento deste EP, gravado e mixado pelo Leonardo Kenji, no Darma Produções, em Fortaleza, e masterizado por Bill Henderson (ex-Thursday), no Azimuth Masteering, nos Estados Unidos. Enquanto ele não fica pronto, deixo o convite para nossa próxima apresentação, na nossa cidade natal, o Festival Sonora Rock, show que marca o retorno da Casa de Rock Produções, do meu amigo Quintino Neto, ao cenário musical independente cearense. Mais informações clicando na imagem abaixo.

Cartaz do Festival Sonora Rock.

3 de mai. de 2011

Sobre a exaltação do assassinato


Retirado do blog Movimento Zeitgeist:

Movimento Zeitgeist: Resposta à Mídia; Morte de Osama bin Laden


Em 1º maio de 2011, o presidente Barack Obama apareceu na televisão norte-americana em cadeia nacional, com o anúncio espontâneo de que Osama bin Laden, o suposto organizador dos trágicos acontecimentos de 11 de setembro de 2001, foi morto por forças militares no Paquistão.

Logo em seguida uma grande reação da mídia ocorreu em praticamente todas as redes de televisão, no que só poderia ser descrito como a exibição de uma celebração grotesca, reflexo de um nível de imaturidade emocional que beira a psicose cultural. O retrato de pessoas correndo pelas ruas de Nova York e Washington entoando slogans jingoístas americanos, acenando suas bandeiras como membros de algum culto, louvando a morte de outro ser humano, revela ainda outra camada desta doença que chamamos de sociedade moderna.

Não é o foco desta resposta abordar o uso político de tal evento ou iluminar a orquestração encenada de como a percepção pública seria controlada pela grande mídia e pelo governo dos Estados Unidos. Este artigo trata de expressar a irracionalidade bruta aparente e como nossa cultura torna-se tão facilmente obcecada e carregada emocionalmente em relação à simbologia superficial, e não com os verdadeiros problemas de raiz, suas soluções ou considerações racionais de circunstância.

O primeiro e mais óbvio ponto é que a morte de Osama bin Laden não significa nada quando se trata do problema do terrorismo internacional. Sua morte simplesmente serve como catarse para uma cultura que tem uma fixação neurótica em vingança e retaliação. O próprio fato de que o governo que, do ponto de vista psicológico, sempre serviu como uma figura paterna para seus cidadãos, reforça a idéia de que assassinar pessoas é uma solução, deveria bastar para que a maioria de nós fizesse uma pausa e refletisse sobre a qualidade dos valores provenientes do próprio zeitgeist.

No entanto, além das distorções emocionais e do padrão trágico e vingativo de recompensar a continuação da divisão humana e da violência, há uma reflexão mais prática em relação ao real problema e a importância desse problema quanto à sua prioridade.

A morte de qualquer ser humano é de uma conseqüência imensurável na sociedade. Nunca é apenas a morte do indivíduo. É a morte de relacionamentos, companheirismo, apoio e da integridade dos ambientes familiar e comunitário. As mortes desnecessárias de 3.000 pessoas em 11 de setembro de 2001 não são nem mais nem menos importantes do que as mortes daqueles durante as guerras mundiais, através de câncer e doenças, acidentes ou qualquer outra coisa.

Como sociedade, é seguro dizer que nós buscamos um mundo que estrategicamente limite todas as consequências desnecessárias através de abordagens sociais que permitam a maior segurança que nossa engenhosidade possa criar. É neste contexto que a obsessão neurótica com os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 tornou-se gravemente insultante e prejudicial ao progresso. Criou-se um ambiente em que quantidades ultrajantes de dinheiro, recursos e energia são gastos na busca e destruição de subculturas muito pequenas de seres humanos que apresentam diferenças ideológicas e agem sobre essas diferenças através da violência.

Ainda assim, apenas nos Estados Unidos, a cada ano cerca de 30.000 pessoas morrem em acidentes automobilísticos, a maioria dos quais poderiam ser evitados por mudanças estruturais muito simples. Isso são dez “11 de setembro” a cada ano… mas ninguém parece lamentar esta epidemia. Da mesma forma, mais de 1 milhão de americanos morrem de doenças cardíacas e câncer por ano – cujas causas atualmente são, em sua maioria, facilmente ligadas a influências ambientais. No entanto, independentemente dos mais de 330 “11 de setembro” que ocorrem a cada ano neste contexto, as alocações de orçamentos públicos para pesquisas sobre estas doenças são apenas uma fração do dinheiro gasto em operações “anti-terrorismo”.

Tal lista poderia aumentar indefinidamente no que diz respeito à perversão de prioridades quando se trata do verdadeiro significado de salvar e proteger a vida humana, e espero que muitos possam reconhecer o grave desequilíbrio que temos em mãos, quanto aos nossos valores.

Então, voltando ao ponto de vingança e retaliação, vou concluir esta resposta com uma citação do Dr. Martin Luther King Jr., provavelmente a mais brilhante mente intuitiva quando se tratava de conflitos e do poder da não-violência. Em 15 de setembro de 1963, uma igreja em Birmingham, no Alabama, foi bombardeada, o que causou a morte de quatro meninas que frequentavam as aulas de educação religiosa aos domingos.

Em um discurso público, o Dr. King declarou:
“O que assassinou as quatro meninas? Olhe ao seu redor. Você vai ver que muitas pessoas que você jamais imaginaria capazes participaram deste ato de maldade. Portanto, esta noite todos nós precisamos sair daqui com uma nova determinação de luta. Deus tem uma tarefa para nós. Talvez a nossa missão seja salvar a alma dos Estados Unidos. Não podemos salvar a alma desta nação atirando tijolos. Não podemos salvar a alma desta nação pegando nossas munições e saindo disparando com armas físicas. Temos que saber que temos algo muito mais poderoso. Basta adotar a munição do amor.”
– Dr. Martin Luther King, 1963

Por Peter Joseph.