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22 de jul. de 2010

Cultura da carne


"Não pertenço a nenhuma tribo ou religião. Comecei a eliminar a carne do meu cardápio por questões de bem-estar pessoal. Simplesmente me sentia melhor sem carne. Mais leve, com maior vitalidade, sem o peso da digestão. Isso não faz de mim um ativista, mas não me impede de refletir sobre os efeitos pessoais e sociais de uma vida sem (ou com menos) carne.

Apesar de ter passado um período mais radical, vivendo sem álcool, café, glúten e lácteos, a dieta mais adequada para mim é a do equilíbrio e do bom senso. Quando exagero, faço jejum, volto a essa dieta higienista e retomo o bom funcionamento do organismo.

Assim como a cultura do automóvel, a cultura da carne é algo central em nosso sistema socioeconômico, símbolo de um processo civilizatório baseado na propriedade e na crença da superioridade humana sobre todas as outras formas de vida. E da nossa supremacia cultural sobre nós mesmos, justificando guerras, violências, descasos, abandonos.

Isso faz com a população de gado no Brasil, por exemplo, seja maior que a de humanos, e sirva única e exclusivamente para provê-lo de couro, derivados de leite, carne, além de outros alimentos e produtos, das vísceras ao mocotó. O mesmo se aplica aos frangos, patos, porcos, carneiros e ovelhas, que devem sua existência tão somente como fonte de alimento ao ser humano.

Cada vez mais o processamento da carne se dá modo industrializado, o que resulta em desequilíbrio ecológico, a ponto de se configurar como uma das principais causas do buraco na camada de ozônio e do aquecimento global.

Mais água, mais pasto, mais produção de ração, mais desmatamento, mais gases metano.
Assim como a indústria do automóvel, a da carne tem uma relação de causa e efeito com o invetitável abismo entre pobres e ricos no mundo: se todos comerem carne e utilizarem automóvel diariamente, o planeta explode.

Recentemente o Brasil se tornou o maior produtor mundial de carne. Isso diz muito sobre o modelo de desenvolvimento que estamos construindo. E a nossa atitude diante disso diz mais ainda sobre o lugar que ocupamos no planeta.

Sustentabilidade não é algo para delegarmos às empresas e cobrarmos dos governos. É, antes de qualquer coisa, uma questão de cultura e cidadania. Como consumir, como votar e participar da construção das políticas públicas é a questão vital para a vida em sociedade e para a construção da democracia."

Texto de Leonardo Brant

6 comentários:

Romero disse...

Realmente faz sentido. Mas ainda sim me lembro de uma tribo nos confins do norte do alasca, que come carne de uns cervos (ou seja lá o que for aquele bicho). A carne crua, ainda quente. logo aós o abatimento com impacto ambiental zero.

Lembrando também da cultura da soja. Que promove um desmatamento muito maior que a cultura do carne.

Sem querer ser chato, não existe saída mesmo. E só sobrarão os insetos, que aliás vivem de comer folhas, madeira e o lixo que não processamos adequadamente... Ou seja... A terra tera seu fim, de uma forma ou de outra.

Anônimo disse...

estou indo para o mesmo caminho... isso só me motiva!

Everton Silva disse...

Grande Zé!!Quando aparecer aqui por Fortaleza entra em contato rapaz!!
Abraço!

Eka disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eka disse...

Me disseram que vc parou de comer carne porque pertencia (pertence) ao movimento strait edge (não sei como se escreve e nem sei se pode ser chamado de movimento).
Em fim, é meio louco se vc parar pra pensar. Pq é difícil ser vegano nessa nação carnívora. E ovolactovegatariano tb se alimenta do sofrimento dos animais (vc não falou, não que eu me lembre, mas eu me preocupo com isso tb). Aí, como o carinha alí em cima disse... O a cultura de soja também causa muito desmatamento. É como caminhar em direção ao precipício!

Mas uma coisa é bom ter em mente: Bom senso. Coisa que a maioria das pessoas não tem. E na maioria das vezes por falta de informação mesmo.



:*

Lara disse...

Além dessa cultura do consumo da carne, que o autor nos fala, penso também em todo o sofrimento que o ser humano provoca aos animais, sendo para fins alimenticios ou para retirar uma parte de seu corpo (mutilá-lo)com o objetivo de usá-la como adorno. Peles, couro, olhos, patas, chifres... entre outros são alguns exemplos do que consumimos em forma de objetos. E me pergunto: será que temos esse direito? Eu penso que não.
Quando um animal mata um ser humano com fins alimenticios, logo essa noticia aparece em todos os telejornais deixando a todos horrorizados com esse ato agressivo e animalesco. Nos esquecemos que fazemos isso todos os dias, várias vezes ao dia.
Bem, essa foi só uma pequena reflexão sobre o egoísmo do ser humano.

;**