LOJA ONLINE

Mostrando postagens com marcador séries. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador séries. Mostrar todas as postagens

30 de set. de 2016

Sangue e sorvete (Lista do Zé #8)


Olá, olá!

Quando estava pensando no texto deste mês, passou pela minha cabeça que existe a possibilidade de que você não conheça Edgar Wright. O diretor inglês é mais conhecido por sua trinca de filmes-paródia, ou Trilogia Cornetto (ou ainda Trilogia do Sangue e Sorvete): Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Heróis de Ressaca (diga-se de passagem: alguém prenda o(s) cara(s) que traduziram os títulos para o Brasil).

No primeiro filme, Wright produz uma das mais célebres homenagens a George Romero, o mestre dos filmes de zumbi. No segundo (preciso rever, mas possivelmente é meu filme predileto do diretor), temos uma paródia dos filmes policiais das décadas de 80 e 90, muitos dos quais chegaram ao Brasil através da Sessão da Tarde. Já no terceiro, Wright encerra sua trilogia com uma paródia aos filmes-catástrofe. Os três filmes têm entre os protagonistas a dupla Simon Pegg e Nick Frost, mas não tem relação um com o outro, a não ser o de serem homenagens ao cinema hollywoodiano. Ainda assim são comédias inglesas e quem está habituado com o humor que vem do outro lado do oceano sabe que as piadas têm um gosto diferente, como se trocássemos o frenético café americano pelo “menos apressado” chá inglês. Penso que foi essa diferença de ritmo que afastou Wright do que poderia ser seu grande projeto de cinema de Hollywood: a adaptação para o cinema do personagem Homem-Formiga. Anunciado desde o início do projeto como diretor, meu queridinho inglês desistiu da produção alegando as famosas “diferenças criativas”. Uma pena, já que seria a ousadia máxima da Marvel colocar um cara como Wright à frente de um dos seus blockbusters. Mesmo assim, várias piadas do filmes têm a cara dele, já que, apesar das mudanças no projeto, boa parte do roteiro de Wright foi aproveitado. Fora da cadeira de diretor, Wright ainda escreveu o divertido As Aventuras de Tintin (cadê a continuação?) e produziu o cômico Ataque ao Prédio (que não é dele, mas que poderia estar dentro da sua trilogia tranquilamente).

Se acontecesse, Homem-Formiga não seria a primeira adaptação de um personagem de quadrinhos de Wright para o cinema: em 2010 ele dirigiu Scott Pilgrim contra o Mundo, baseada na elogiada obra do canadense Bryan Lee O’Malley. A injustiçada adaptação, na minha opinião, não foi bem tragada pelo público americano por sofrer do mal da maioria dos filmes do britânico: você tem que digerir um início mais complicado e mais sério (normalmente os primeiros trinta minutos) para que você consiga chegar ao suco da obra (ação desenfreada e mil gags por minuto, já próximo ao clímax).

A relação de Wright com os quadrinhos mostra um pouco do nerd que ele é. E antes mesmo das adaptações e filmes-paródia, Edgar Wright fez para a tevê Spaced, grande influência para séries que viriam bem depois, como The Big Bang Theory e Community (sdds). Exibida entre 1999 e 2001, Spaced conta com a dupla de atores-fetiche de Wright, Pegg-Frost, onde Pegg vive o personagem Tim, que tenta a sorte como desenhista de histórias em quadrinhos para uma grande editora, enquanto divide apartamento com Daisy (Jessica Stevenson, que atua e co-escreve os roteiros com Pegg), uma escritora desmotivada. Contando com um maravilhoso (e bizarro) elenco de coadjuvantes (em sua maioria amigos de Wright e Pegg), a série prestou todo tipo de homenagem possível à cultura pop em suas duas temporadas de sete episódios cada. Eu simplesmente adoro essa série. Na verdade qualquer coisa com o nome do diretor já me levanta as anteninhas (e eu sou esse tipo de cara que escolhe os filmes e avalia as expectativas sobre ele pelo seu diretor). Se você é um amante do bom cinema e anda rindo pouco das comédias atuais, fica a indicação.

Infelizmente as únicas obras de Edgar Wright presentes na Netflix são Heróis de Ressaca e As Aventuras de Tintin. Mas é bom ficar ligado por que os filmes dele costumam entrar e sair rapidamente do serviço de streaming.


E aí, já viu algo do Edgar Wright?

Ah, é sempre bom lembrar que estou colocando tudo que leio nos meus perfis no Skoob (me sigam também no meu perfil de autor) e Goodreads e o que assisto está indo pro Filmow. Cliquem nos links e me adicionem por lá. E, se já leu meus quadrinhos, não esqueça de deixar sua avaliação neles.

Você pode também deixar um comentário sobre esse texto no meu Facebook, no post sobre ele.

Bem rapidinho
  • Aqui no Ceará, a Fundação Demócrito Rocha está lançando em fascículos dentro do Jornal O Povo um Curso de História em Quadrinhos. Participei do segundo fascículo, sobre Roteiro e Narrativa. O time de autores dos fascículos é incrível, juntando alguns dos melhores quadrinistas cearenses da atualidade. Para quem está fora do estado ou perdeu os primeiros fascículos, todo o conteúdo está disponibilizado online aqui. No site ainda tem videoaulas (incluindo uma minha sobre o mesmo tema do fascículo) e a possibilidade de receber um certificado ao término do curso. Tudo gratuito! Outras ações do projeto vão acontecer e vou divulgando pelas minhas redes sociais.
  • Além disso, nada de novo no front. Estou escrevendo dois álbuns para 2017 e minha atenção está toda neles, o que me afastou um pouco de podcasts e textos de opinião (apesar de ter coisas já feitas ainda não lançadas).

Inscreva-se na Lista do Zé

* indicates required
Email Format

27 de jun. de 2016

Quase (Lista do Zé #4)


Olá, olá!

Hoje é o texto do QUASE.

Minha ideia nestes textos é sempre falar sobre as últimas coisas que vi, que me chamaram atenção e que me fizeram querer passar adiante. Por um tempo cogitei que aqui era o lugar de coisas MEDALHA DE OURO, OSCARIZÁVEIS, EISNERIZÁVEIS ou, como alguns de vocês podem gostar de chamar, TOP (seguido de emojis de setinhas pra cima). Estou evitando nestas indicações ter que recorrer a coisas que estão entre os meus "melhores da vida" e procurando indicar obras mais recentes e que estejam na minha memória recente. E estas últimas semanas pertenceram a obras que não entraram entre os meus melhores, mas que chegaram QUASE lá.

(Ah, esse texto é uma cópia do que as pessoas que assinam a minha newsletter recebem. Quer receber por e-mail meus textos ao invés de ter que ficar voltando aqui? Basta colocar seu e-mail e seu nome nos campos no final deste texto e clicar em SUBSCRIBE!) 

The Bletchley Circle

Pra escrever Steampunk Ladies, mergulhei num universo de obras protagonizadas por mulheres. Não apenas obras protagonizadas por mulheres, mas obras do tipo que as mulheres diziam se identificar (afinal há um absurdo de protagonistas femininas por aí que não atraem mulheres e eu inclusive já tive oportunidade de gravar um podcast sobre isso). Dentro de um grupo no Facebook com discussões sobre a representação das mulheres nos quadrinhos, vi a série The Bletchley Circle ganhar força entre várias meninas. Na história acompanhamos quatro mulheres tentando impedir um assassino em série na Londres da década de 1950. Tramas com assassinos seriais na Inglaterra, por si só, já são bem atraentes (é uma tradição que começou com toda a curiosidade em volta de Jack o Estripador), mas aqui conta também o fato de as protagonistas terem sido “codebreakers” (ou decifradoras) em Bletchley Park, estação militar secreta real onde várias mulheres tentavam quebrar os códigos nas comunicações alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Em sua primeira temporada, The Bletchley Circle é um baita thriller, com atuações competentíssimas e um bom roteiro. Conta a favor toda a discussão que a série traz sobre o papel da mulher na sociedade da época, sobre machismo e sobre violência contra a mulher. Eu e minha esposa devoramos rápido a primeira temporada, que tem três episódios de pouco mais de quarenta minutos com o primeiro caso do grupo. "E por que essa série é um QUASE", você deve estar se perguntando? Por conta da segunda temporada, que infelizmente apresenta um ritmo mais lento e um roteiro um pouquinho mais preguiçoso, na minha opinião. Com quatro episódios e dois casos diferentes, a segunda parte do seriado perde muito também com a saída de uma das protagonistas da primeira. Mas ainda assim é uma daquelas coisas escondidinhas na Netflix que merece uma maratona no final de semana. Ah, tem podcast no Iradex sobre a série, num programa muito legal capitaneado pelas meninas do grupo.

Frequencies

Lançado de forma independente em 2013, conheci Frequencies (que também pode ser encontrado na internet como OXV: The Manual) numa indicação que o meu amigo Gabriel Franklin fez num podcast do Iradex. A premissa é (ou parece) ser bem simples: estamos num mundo onde cada pessoa emite uma frequência que pode ser medida. Esta frequência define seu sucesso, quase como se uma frequência maior determinasse uma maior probabilidade de você vencer na vida. Neste contexto conhecemos Zak e Marie, respectivamente uma pessoa de baixa frequência (um valor negativo) e outra de alta frequência. Por terem frequências muito diferentes, os dois mal conseguem ficar no mesmo espaço sem que um pequeno desastre aconteça. Pronto, com o universo (e toda a sociedade) condenando esta união, é claro que os jovens vão se apaixonar, numa história de amor proibido embalada por experimentos científicos e conceitos filosóficos. Mesmo com uma produção caseira, o filme consegue criar uma atmosfera curiosíssima e instigar o espectador. A primeira metade do filme usa a estranheza do mundo onde a história se passa a seu favor (e neste sentido até mesmo o jeito indie da produção ajuda). Mas aí vem o plot twist. Uma reviravolta no meio do filme diminui a força do elemento mais interessante da história pra mim: a relação entre Zak e Marie. Quando se volta para o emaranhado de filosofia e física do qual o universo da história depende, o filme perde bastante. Na verdade QUASE se perde completamente. E olha, eu fui um daqueles que amava matemática na escola e hoje adora esses filmes cabeçudos e cheios de interpretações e mesmo assim fiquei perdido no final do filme, de um jeito que eu não acho legal. Então se você gosta de filmes que te deixem pensando e que te fazem correr para ler um monte de textos a respeito, Frequencies deve lhe agradar. Se não gosta ou não tem paciência pra coisas assim, É MELHOR PASSAR BEM LONGE.


Já viu Frequencies ou The Bletchley Circle? Comenta lá embaixo e me diz se é um QUASE pra você também. Tem alguma coisa aí que você viu recentemente e quer me indicar? Aceito. :)

O texto passado gerou muitos comentários apaixonados e saudosos sobre Gravity Falls... Eu também ainda estou na fase de luto com o fim.

Ah, é sempre bom lembrar que estou colocando tudo que leio nos meus perfis no Skoob (me sigam também no meu perfil de autor) e Goodreads e o que assisto está indo pro Filmow. Cliquem nos links e me adicionem por lá. E, se já leu meus quadrinhos, não esqueça de deixar sua avaliação neles.

Sempre esqueço de dizer aqui o quanto me divirto com o meu Instagram... Tem um pouquinho do meu cotidiano lá, caso alguém se interesse.

Você pode também deixar um comentário sobre esse texto no meu Facebook, no post sobre ele.

Bem rapidinho

  • Recentemente pude participar do podcast Os 12 Trabalhos do Escritor, do escritor AJ Oliveira. Cada episódio do podcast aborda um aspecto da carreira de escritor e tem vários convidados de alto nível (até agora já participaram André Vianco, Fábio M. Barreto, Felipe Colbert, Enéas Tavares e Eduardo Spohr). Tive a honra de falar sobre a importância da figura do leitor beta no quarto episódio do projeto. Uma coisa legal deste papo é que pude ainda falar em mais detalhes da experiência de escrever e lançar Steampunk Ladies: Vingança a Vapor, de uma forma como ainda não tinha tido oportunidade. Clique aqui para escutar.
  • Sei que bastante gente que acompanha meus textos trabalha com quadrinhos. Se você faz parte desta estatística, é bom avisar que estão abertas as inscrições para votantes do Trófeu HQMIX, o prêmio mais importante das histórias em quadrinhos no Brasil. Como votante, você pode ajudar a escolher os indicados e os premiados do troféu. Se você é desenhista, roteirista, colorista, artefinalista ou trabalha em qualquer outro aspecto da produção de uma história em quadrinhos, está apto a ser votante. Profissionais que falam sobre quadrinhos em revistas, jornais, blogs, podcasts etc. também podem se inscrever. As inscrições vão somente até dia 30/06. É só acessar este link.
E é isso. Te empolguei ou pelo menos QUASE isso?


Inscreva-se na newsletter do Zé

* indicates required
Email Format

25 de fev. de 2016

Novidades da vida pós carnaval (lista do Zé #1)

 
Olá, olá!

Dia quente hoje. Estou digitando o mais suave que posso para não acordar a Lana e a Clarice. Esse texto é uma cópia do que as pessoas que assinam a minha newsletter recebem. Quer receber por e-mail meus textos ao invés de ter que ficar voltando aqui? Basta colocar seu e-mail e seu nome nos campos no final deste texto e clicar em SUBSCRIBE, ok?


Antes de sair me promovendo, como sempre, posso indicar algumas coisas?

Homem de Um Murro Só 
Nos últimos tempos fiz algumas tentativas de conciliação com o mundo dos animês, os desenhos animados japoneses. Infelizmente nada que haviam me indicado conseguiu prender minha atenção como Cowboy Bebop e Fullmetal Alchemist já haviam feito. Minhas últimas experiências começaram bem, mas em algum momento fui vencido pelo cansaço e por um montanha de clichês (Death Note e Sword Art Online, estou falando com vocês). Mas minha curiosidade fez com que eu desse uma chance a um tal de One-Punch Man. A primeira vista parece um (violento) animê de ação, mas no fundo é uma grande paródia deste gênero (e um pouco do gênero de super-herói). A premissa é a seguinte: existe um herói e ele só precisa de um soco pra vencer qualquer inimigo. Fim.

Acompanhar um herói invencível poderia ser chato, mas seu criador, o mangaká conhecido apenas como ONE, consegue explorar todos os clichês do gênero de uma forma divertidíssima. Mas mais legal é a história por trás do animê, que começou como uma webcomic tosquinha (sério, olha o primeiro capítulo aqui), fez um sucesso absurdo na internet e ganhou um remake com a arte mais refinada por outro japonês, Yusuke Murata. O visual de Murata é o que o animê usa como base, mas em vários momentos cômicos temos vislumbres do estilo único (e quase primitivo) de ONE, que precisou "apenas" de uma boa história para conquistar o mundo com seu personagem sem noção. Enfim, deixo esta recomendação pra vocês. A editora Panini, que não é boba, lança o mangá no Brasil este ano. E eu já garanti a assinatura.




Transparecendo
Ok, talvez animê não seja a sua praia. Posso fazer uma segunda tentativa? Nesses dias terminei de ver a primeira temporada de Transparent, uma série original da Amazon. A empresa, mais conhecida como loja de livros, também tem investido em conteúdo de qualidade pra tevê (a exemplo da Netflix). Criada por Jill Soloway, a série inicia quando Mort, um senhor divorciado e pai de três filhos, decide se tornar Maura. Com um formato que eu não havia experimentado ainda, uma dramédia contada em 10 episódios de menos de meia hora cada, o seriado me fisgou rápido. Num estilo de roteiro, direção e edição muito semelhante ao dos filmes do Noah Baumbach (assista A lula e a baleia e se apaixone), cada episódio é uma pequena preciosidade. É também uma oportunidade pra quem quer conhecer um pouco mais sobre sobre transexualidade, sem muitos didatismos. É uma das melhores coisas que assisti na atualidade, uma produção linda em cada detalhe, das atuações até a sacada brilhante do título da série (transparent é transparente em português, o que faz alusão aos segredos de família explorados na série, mas também pode ser lido como trans-parent, ou "pai/mãe trans"). A série levou alguns Globos de Ouro e já teve a segunda temporada lançada (que ainda não comecei a ver). Meus amigos do Iradex falaram sobre ela num podcast que eu recomendo.



E é isso. Já viu One-Punch Man ou Transparent? Responde o e-mail pra gente conversar a respeito. Quer me indicar algo parecido? Aceito. :)

Ah, tudo que leio estou colocando nos meus perfis no Skoob (também no perfil pessoal) e Goodreads e o que assisto está indo pro Filmow. Cliquem nos links e me adicionem por lá.

Bem rapidinho


Queria, antes de finalizar este e-mail, agradecer a todos que votaram em Steampunk Ladies para o Troféu Ângelo Agostini. A campanha deu muito certo e o desenhista da HQ, Di Amorim, levou a premiação na categoria melhor desenhista. Amo vocês, viu?

Lembrando que a HQ está disponível no site oficial da Editora Draco com frete grátis para todo Brasil. Para quem é assinante do Social Comics, basta clicar aqui pra ler.


Inscreva-se na newsletter do Zé

* indicates required
Email Format

25 de mai. de 2010

Dude, we are lost!

 

Em 2004, zapeando pela web, encontrei um texto onde o colunista Roberto Sadowski, ex-editor da revista SET, indicava um seriado sobre náufragos como uma novidade de fritar o cérebro. Fiquei curioso, mas na época não era tão fácil encontrar séries pela Internet. Demoraria até que a Rede Globo anunciasse a novidade na TV aberta, num inconveniente domingo à noite. Inconvenientes também seriam os horários dos episódios seguintes, nas madrugadas dos dias letivos. Mal consegui encarar a metade da primeira temporada. Dessa forma, estacionei em Lost por alguns anos, até decidir "maratonear" todas as temporadas. Não foi um desafio muito fácil.

Por conta de falta de tempo tive que interromper várias vezes o processo. Mas fui adiante, acompanhando atrasado, inclusive, os ARGs e peças soltas pela internet (ou "Missing Pieces"). Não li os livros derivados da série, mas bem que gostaria de ter lido. Minha maratona de atualização terminou exatamente junto com o último episódio da 5ª temporada, o que me deu a oportunidade de acompanhar a 6ª quase em tempo real. Ontem assisti ao último episódio de Lost. Difícil evitar as lágrimas num episódio tão blasé, mas tão cheio de significados. Difícil, hoje, não reconhecer a série como um dos grandes momentos da TV mundial. Por que, sim, a TV, especificamente as séries, vem mudando há alguns anos. O nível de produção sofisticado a que chegamos muitas vezes nos faz confundir as atrações televisivas com um filme hollywoodiano (vide o episódio piloto da série Fringe). Não acredito que essa revolução tenha COMEÇADO com Lost (ainda colocaria na esteira, antes da série da ilha, Twin Peaks, Arquivo X, Carnivàle, The Sopranos...), mas muito foi acrescentado a partir dela.

E tudo começou com um avião caindo numa ilha numa temporada com muitas perguntas e muitas teorias. E não foram os Outros, Iniciativa Dharma ou uma série de mcguffins que mantiveram os lostmaníacos vidrados. Estávamos mais preocupados em descobrir, “tintintim por tintintim”, mais sobre as vidas de Jack, Kate, Sawyer, Locke, Hurley e muitos outros. E como conhecemos pessoas. O brilhante roteiro lidou com um infindável elenco de personagens excêntrica e intrinsecamente bem construídos. Sim, por que é fácil criar uma trama cheia de mistérios. O difícil é criar tantos personagens interessantes. E as últimas temporadas ainda propuseram uma ousada mudança de gênero: se a ficção científica explicava os acontecimentos da ilha, aos poucos a fantasia tornou-se o gênero recorrente da série.

Muitas pessoas reclamavam que não podiam assistir um episódio solto de Lost. Eu discordo em parte. Algumas histórias funcionam muito bem sozinhas, como a sensacional origem de Sawyer ("Outlaws"), a maluca viagem temporal de consciência ("The constant") e as premonições de Desmond ("Flashes Before Your Eyes") ou ainda o conto de crime que marcou o último episódio do brasileiro Rodrigo Santoro no seriado ("Exposé"). Destacam-se também os bombásticos fins de temporada, alguns deles mudando a ótica da série completamente. Tudo isso mesmo sofrendo com a greve dos roteiristas norte-americanos no meio do caminho. Agora fica aquele ar nostálgico e um buraco aberto: quem virá a substituir Lost¹? E sobre as respostas que muitos esperavam nesse último episódio, eu falo: quem se importa com elas? Nem na nossa vida encontramos as respostas que precisamos. E é sobre isso que Lost tratava.

Namastê!

¹ Muitos diziam que o buraco deixado por Lost seria preenchido pela série Flash Forward. Assisti alguns episódio e achei a série, repleta de física e carente de personagens, mais rasa que um pirex. Mas não fui só eu. A série foi cancelada nessas semanas pela baixa audiência.

6 de jan. de 2010

O blockbuster, o cult, o desbocado e o indie



Primeiro post do ano! E tenho pressentimento que esse ano promete... Desejo a todos um ótimo 2010. 2009 foi um ano bom para o cinema, para os quadrinhos, para a literatura... enfim, nós, cinéfilos, nerds ou qualquer tipo de apreciador de entretenimento em geral (criei um novo gênero?), nos divertimos bastante. E vem mais por aí. E sem mais lengalenga, peço perdão para a redundância e comento logo abaixo os assuntos mais comentados nesse final de ano: Avatar, Lunar, Misfits e Umbigo sem fundo.

10 de nov. de 2008

Séries em seqüência seriadas...

Peço e suplico a todos os meus colegas e amigos: parem de me apresentar novas séries!

Explico: nessa última década as séries de TV norte-americanas (e algumas britânicas também) começaram a ganhar produção caprichada e, por conseqüência, a atenção da mídia. Nunca se falou tanto sobre isso como agora. Lost, Heroes, Smallville, The Sopranos, Prison Break, 24 Horas... Isso acabou gerando um tipinho de gente obsessiva, que passa horas na TV (nos EUA) ou baixando séries na internet (aqui no Brasil)... E é difícil não se juntar a eles...

Estava nesses dias contabilizando as séries que acompanho atualmente. Olha o resultado:
- Lost
- Heroes
- Smallville
- Terminator: The Sarah Connor Chronicles
- True Blood
- Reaper
- Fringe

7 séries! E você não sabe como dá trabalho acompanhá-las. São temporadas partidas no meio, hiatos (pausas entre as metades das temporadas) inesperados e, de vez em quando, episódios ruins. Seria pedir demais que essas séries mantessem padrões altos de qualidade durante duas ou três temporadas seguidas de mais de 20 episódios de 40 minutos ou mais. Sem contar as inconstâncias do próprio mercado: quando começam a pensar na história de suas séries, seus criadores não sabem se ela vai sobreviver sonhadas 8 temporadas ou naufragar na metade de sua primeira. Imagine a dificuldade de começar uma história apenas supondo como e quando poderá ser seu fim.

Mas que tal uma comentário sobre cada uma das séries acima?
(clique no nome delas para ler a sinopse oficial)

LOST
Na minha opinião a melhor de todas as citadas. Comentei já nessse meu novo blog a produção de cada episódio, quase como um longa-metragem. Personagens bem construídos apresentam seus flashbacks enquanto tentam descobrir mais sobre si mesmos na misteriosa ilha onde estão presos. Falando assim não dá vontade de ver?

HEROES
Acho que já é hora de eu abandonar a série. Devia ter feito isso na (péssima) segunda temporada. Por ser uma variante dos quadrinhos ainda fico dando chance em cima de chance... Mas uma necessária guinada não vem. A série perdeu completamente a noção de si mesma. Isso é o que dá introduzir personagens poderosos demais no enredo. O pior é achar que eles são babacas por simplesmente não voltarem no tempo e mandarem os tais "vilões" da terceira temporada para o espaço. E tome conceitos roubados dos quadrinhos e personagens que nem sabem mais o que estão fazendo na série. Baseado nos quadrinhos? Heroes tornou-se uma grande HQ ruim, que acha que só de superpoderes são feitos os heróis.

SMALLVILLE
Uma série surpreendeu um bocado em suas primeiras temporadas com um misto de Arquivo X e Dawson´s Creek. Bons efeitos especiais e a participação do maior super-herói dos quadrinhos tornaram Smallville muito popular. Mas o tempo não estava fazendo bem a série, que chega a sua oitava temporada. Depois de uma repetitiva sétima temporada (eu não aguentava mais gente perdendo a memória e o Clark e a Lana num eterno chove e não molha), a oitava vem aos poucos ganhando corpo. Ao contrário de Heroes, com seu slogan hipócrita de super-heróis realistas, a série do jovem Superman se assumiu como uma HQ mensal de super-herói: não é uma graphic novel, tem seus altos e baixos, mas você não consegue deixar de acompanhar. Para reforçar esse pensamento, um sem fim de personagens da DC começou a aparecer e um final apoteótico para esta última (será mesmo?) temporada começa a se formar, com direito ao vilão Apocalipse (responsável pela famosa morte do Superman).

TERMINATOR: THE SARAH CONNOR CHRONICLES
Ainda não mostrou bem a que veio. Vou assistindo por ser fã da série de filmes Exterminador do Futuro. Comento futuramente.

TRUE BLOOD
Me chamou atenção por ser uma série da HBO, conhecida por suas boas produções para TV, e ainda por cima sobre vampiros, tema que gosto bastante. Vou dando esse voto de confiança, mas também está precisando de uma boa guinada antes do fim dessa primeira temporada. Não contribui o fato das séries da HBO terem quase uma hora de duração, o que deixa os episódios um tanto sacais em alguns momentos.

REAPER
Comédia para nerds! Gosto de produções non-sense. E quando vem recheadas de referências pop, melhor ainda. O primeiro episódio da série é hilário e tem a direção do Kevin Smith. Estou recomendando essa para muita gente.

FRINGE
Tinha que ver essa série, dos mesmos produtores de Lost, com uma temática semelhante a saudosa Arquivo X. O primeiro episódio é definitivamente arrebatador. Perde um pouco de forças na seqüência, mas promete pelos bons diálogos e boa produção. E tem J.J. Abrams envolvido.

É isso aí... Quero pegar nesses dias ainda The Sopranos e Dexter, séries muito bem faladas por aí.

Tá vendo? Não disse que esse negócio vicia?

26 de set. de 2008

Atualização BRUTA Semanal

Salve, salve!

Religiosamente uma semana depois de nossa (re)estréia, estamos de volta! No post passado falei algo sobre postar todas as semanas, mas como achei muito vago, resolvi ser mais específico: toda quinta-feira de madrugada cai um post por aqui. E este fala de vários assuntos. COME ON!

A TV QUE NÃO TEM NA TV
De repente descobri os podcasts. Comecei a acompanhar vários, mas um dos meus sites de cabeceira colocou no ar seu videopodcast, o que merece ser comentado. São dois episódios por semana do OMELETV, do Omelete. Os episódios estão muito divertidos, afinal não é em qualquer programa de TV que você assiste um papo cabeça de quase cinco minutos sobre o que é ser nerd. INDISCUTIVELMENTE HILARIANTE!

DE OLHO NO NOVO BESOURO
A série antigaça Besouro Verde, da qual meu sogro é um grande fã, mostrava uma dupla de heróis (Besouro Verde e Kato) na boa e velha luta contra o crime. Um dos grandes chamarizes do folhetim era que o parceiro do protagonista, o oriental Kato, era nada menos do que Bruce Lee, o chinesinho mais karatê de todos os tempos. Já fazia uma cara que tentavam tirar do papel o remake-longa-metragem da série. Parece que agora sai. E promete. Já sabíamos que outro chinês maluco, Stephen Chow, diretor e protagonista do maravilhoso Kung Fu Futebol Clube (Shaolin Soccer) e do bom Kung Fusão (Kung Fu Hustle) seria um dos produtores, e o papel de Besouro Verde ficaria para o ator e roteirista Seth Rogen, uma das novas revelações da comédia norte-americana e parceiro criativo do bam-bam-bam Judd Apatow (produtor/diretor de filmes como Superbad, Ligeiramente grávidos, O virgem de quarenta anos, etc). Essa semana, sites de cinema do mundo inteiro divulgaram que Stephen Chow, além de produtor, será Kato e ainda de cara dirigirá o filme, com um roteiro de Rogen! Seth Rogen tem escrito as melhores piadas do cinema norte-americano nos últimos anos, e Stephen Chow tem uma visão muito divertida para filmes de ação. Resultado: esse vai ser para assistir no cinema com pipoca e tudo. Apesar de não ser fã da série, guardo imenso respeito por tudo que envolve Bruce Lee, o que dá um brilho mais especial ainda ao projeto. Se você quiser conhecer o Besouro Verde original, basta sintonizar na TV paga o canal TCM, que exibe Besouro Verde e milhares de outras séries clássicas. ALTAMENTE AGUARDADO!

SMALLVILLE E HEROES (OU ASSISTA LOST)
Estrearam nessa semana as novas temporadas de duas das séries mais comentadas dos últimos anos: Smallville e Heroes. Smallville, as aventuras do jovem Superman (esquece o Superboy, Sílvio Santos!) teve um fraquíssimo primeiro episódio, da que pode ser sua última temporada (oitava). A temporada passada, na minha humilde opinião, foi uma das piores (salvo pelos episódios que tem a participação da Liga da Justiça e outros personagens da DC, pouco se aproveita). A série claramente vem perdendo seu charme. Os dois produtores originais já deram o fora desta última (?) temporada, o que em minha opinião não é um bom sinal. Heroes também não veio de uma boa temporada. Por conta da greve dos roteiristas, teve que se contentar com apenas 11 chochos episódios no seu segundo volume. Muitos dos defeitos desse último retornam nos dois primeiros episódios do terceiro volume. São os velhos clichês (ou seriam plágios?) de sempre... Afinal, a história de Level 5, grande estopim da temporada, já tinha sido explorada em Smallville com seu Level 23 (é isso mesmo?!), uma prisão secreta para superpoderosos. Cadê a criatividade dos roteiristas? Falta ainda suspense e calma para desenvolver a história. Mas ainda é cedo para falar das duas séries. Talvez até eu só esteja mal acostumado. Fiquei bem mais exigente em se tratando de séries quando comecei a me desatrasar em Lost. Contrariando os elogios do meu irmão (um fanático pela série), demorei a começar a assisti-la. Atualmente estou no meio da segunda temporada (das quatro existentes) e o que posso dizer... Lost é uma das coisas mais sensacionais que já vi. Cada episódio tem uma produção digna de filme hollywoodiano. Os roteiros bem amarrados vão prendendo sua atenção até você se perceber obsecado por cada detalhe em cena. DEFINITIVAMENTE RECOMENDADO!

A VIRADA DO PEBA
Faltava um comentário no meu blog sobre a arrasadora seqüência cinematográfica que veio se tornar o maior blockbuster do cinema da minha cidade. Não, não estou falando de Batman - O Cavaleiro das Trevas*. Os insanos sobralenses das autodenominadas Organizações Kootooko lançaram no final de agosto o longa-metragem Golpe do Peba 2 - Porradaria Universal. Foram três dias de filas e lotação total nas duas salas do Cinema Renato Aragão. Pude prestigiar o filme e comprovo a evolução em relação ao primeiro. Produção mais caprichada, edição eficiente, lutas coreografadas e as mesmas piadas bestas com sabor sobralense. Um clássico nordestino instantâneo. Fica ainda mais engraçado para quem é de Sobral, pelo passeio pelas conhecidas locações. É quase um grande vídeo institucional da cidade, só que cheio de palavrões e efeitos especiais toscos. SIMPLESMENTE SENSACIONAL!

AUTOMERCHAN 1
Já que estamos falando de Sobral, divulgo através do meu blog o lançamento do primeiro vídeo-clipe da minha banda, Sobre o Fim, dirigido e editado por mim mesmo. A música escolhida foi o nosso “hit”, Sobre prisões e guerras, canção criada pelo meu companheiro de banda Helder “The Machine” Lemos. Filmamos em cinco horas sem gastar nenhum tostão, e até que não ficou de se jogar fora... Clique aqui para assistir. Muito bom voltar a trabalhar com vídeo depois da minha experiência com um curta-metragem uns tempos atrás. Agora é sentar e planejar o próximo (rumo a MTV!). INDISCRETAMENTE PRETENCIOSO!

AUTOMERCHAN 2
Depois de quase um ano, meu grupo de quadrinhos conseguiu lançar a segunda edição do Gattai Zine. São duas histórias: Camaleão, de Wescley “mazela” Braga, e MetalGênesis, de Alex Soares e de meu graaaaaaande amigo Totoro (mais conhecido por aí como Sílvio Romero). Tive o prazer de editá-la, e ficou legal, viu? Tudo indica que a próxima edição sai com dois roteiros meus. INDUBITAVELMENTE EMPOLGADO!


NÃO DEIXE DE VER: The Mindscape of Alan Moore
Sou fã inveterado de Alan Moore (roteirista de Watchmen, V de Vingaça, Do Inferno e milhares de outros clássicos dos quadrinhos). DeZ (com Z maiúsculo mesmo) Vylens teve a oportunidade de filmar o lindíssimo documentário The Mindscape of Alan Moore (sem nome em português e muito menos sem previsão para sair no Brasil). Quadrinhos? É quase um assunto secundário no filme, que mostra a opinião de Moore sobre os mais variados temas, como fama, sexo, religião e magia. O interessante é ver a mente doentia do bardo inglês criar relações entre esses assuntos. Moore dá uma verdadeira aula de filosofia e mostra (para quem ainda tinha dúvidas) que é definitivamente um GÊNIO. Enquanto não sai no Brasil, não nos resta outra opção a não ser levantar a bandeira pirata, certo? EXTREMAMENTE RECOMENDADO!

E para terminar uma nota sobre o adiamento do MASA 5, evento que organizo na minha cidade voltado para o público de animê e quadrinhos. Não fiz em nenhum lugar e muito menos será aqui que apontarei os motivos e culpados (se é que existem) para que tenhamos cancelado há exatos 30 dias do evento o que poderia ser um dos grandes momentos do entretenimento sobralense, a confirmação do quão grande o MASA havia se tornado. Simplesmente existem dificuldades que você não pode dobrar sozinho. Existem momentos em que essas dificuldades trespassam os limites e te impedem de dar atenção a outras prioridades na sua vida. E aí é o momento de parar e colocar numa balança se vale a pena acreditar naquele sonho ou se já é hora de passar para o próximo da lista. Nós simplesmente precisamos de tempo para pensar sobre isso. Espero que todos possam compreender.

Entonces... Hasta jueves!

* Acho que faltava dizer isso aqui no blog: QUE PUTA FILME!