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19 de nov. de 2021

Como publicar meu livro ou quadrinho? (Lista do Zé #36)

 

Eu sou capaz de apostar que, se você é um escritor ou quadrinista no início de carreira, está cheio de dúvidas sobre como tornar viável seu próximo (ou primeiro) trabalho. Era uma das minhas grandes dúvidas. Hoje eu queria falar aqui sobre algumas formas possíveis de colocar o seu trabalho na rua, na mão do leitor.

Mas, primeiro

Esse tema não foi escolhida à toa. Eu mesmo vou experimentar uma nova forma de financiar e distribuir meu novo trabalho. Depois de alguns anos usando o combo edital-editora, chegou a hora de me arriscar no financiamento coletivo, ainda em parceria com a Editora Draco, que sempre comprou minhas ideias. É dessa forma que queremos colocar no mundo uma inédita edição impressa de “Mata-mata”, ebook que lancei no final do ano passado. Essa versão inclui uma nova revisão do material lançado online e ainda uma série de contos, cordéis e ilustrações que contam o ANTES e o DEPOIS da história original. Sim, é a hora de entender melhor a família Tainha, se embrenhar nos confrontos entre irmãos no evento Mata-mata e saber o que aconteceu com os personagens principais depois do trágico fim do ebook.

A campanha também vai nos ajudar a reimprimir alguns trabalhos meus que estão esgotados (se está faltando alguma HQ minha na sua coleção, fique atento) e ainda a pôr no mundo um OUTRO trabalho meu. Mas sobre esse livro novo eu falarei na próxima semana…

A campanha está prevista para começar no próximo dia 25/11 (quinta-feira), com condições especialíssimas para os primeiros apoiadores. Por isso mesmo, convido você a clicar no banner abaixo e se cadastrar para ser um dos primeiros a receber as novidades sobre o projeto no site da pré-campanha:

 

Clique na imagem para saber mais e apoiar o projeto

As formas de publicar seu primeiro trabalho

Esse texto não pode iniciar de outra forma que não seja essa: você não precisa de dinheiro para colocar suas histórias no mundo. Se sua vontade é apenas colocar para fora o que está dentro de você, existem um monte de formas para divulgar gratuitamente seus textos pela internet, seja em redes sociais para escritores, como o Wattpad, e quadrinistas, como o Tapas, ou mesmo publicando online na Amazon. Nem há cem anos grana era um impedimento para publicar, imagina agora.

Mas a verdade é que muito escritor ainda tem aquele fetiche de ver o seu trabalho impresso, o que leva a custos de impressão. E mesmo quem fica tranquilo em colocar seu trabalho apenas no mundo digital pode querer pelo menos contratar alguém para editar, revisar e diagramar o trabalho (entre outros serviços), que fazem uma diferença BRUTAL na forma como as pessoas vão ver um livro. Mas como bancar isso?

A primeira forma é do próprio bolso. Reza a lenda que o escritor André Vianco bancou a produção do seu primeiro livro com o seu FGTS. Sem dúvidas, se você tem essa possibilidade, é aquela em que haverá mais liberdade para desenvolver o seu livro. Se você quer apenas ter o gostinho de ver seu trabalho pronto, essa modalidade cumprirá esse papel. Mas, mesmo dispondo dos recursos para isso, pense que essa autopublicação pode deixar você com um monte de livros no guarda-roupa e não cumprir a função de apresentar devidamente seu trabalho para os leitores, por conta das próprias limitações que o autor tem para divulgar e distribuir seu trabalho sozinho. Eu gosto sempre de sugerir que essa seja a última alternativa. Vamos explorar outras possibilidades, pela ordem que eu sugiro que você as procure.

Quando se fala do mercado editorial, lembra-se logo das editoras. Com uma boa editora (e aqui friso o “boa”, porque existem as que não são também) seu trabalho pode chegar a mais gente, fora o acabamento profissional que uma editora pode dar. O processo de publicação por elas varia bastante, mas geralmente você procura no site ou outros canais de comunicação da editora as chamadas regras de submissão ou de envio de originais. Geralmente você envia o original pronto do seu livro para que ele seja lido por alguém da editora... e espera. O mais comum é que as editoras respondam apenas aos autores dos livros que ficaram interessadas e essa resposta pode demorar meses. A sugestão é: 1) estudar bastante as editoras disponíveis e mandar para aquelas que possuam uma linha editorial próxima da sua história (procure editoras com livros que pareçam o seu) e 2) se nas regras da editora que é seu alvo não falar nada do contrário, envie seu original para mais de uma editora ao mesmo tempo. Aí, aguarde dois ou três meses (tempo médio para análise). Se não tiver resposta, parta para o próximo passo.

Já falei em outro texto sobre editais, mas resumindo bem resumido: você participa da seleção de um órgão governamental ou de uma empresa que está disposta a patrocinar a publicação de seu livro ou HQ. Participar de editais exige primeiro que você esteja de antena ligada para saber quando eles estão abertos (usar alertas no Google pode ajudar bastante). As seleções normalmente são bem concorridas e eu nem considero essa a parte mais difícil desse processo. As principais complicações são: 1) você vai gerir a grana que receber para fazer o seu livro, logo terá que gerenciar e articular todos os prestadores de serviço necessários, e 2) envolve muita, mas muita burocracia. Se você lida bem com o ponto 1, mas não com o ponto 2, talvez a próxima modalidade sirva melhor para você.

O crowdfunding, ou financiamento coletivo, surgiu para que você possa mobilizar pessoas que gostam ou acreditam no seu trabalho no sentido de viabilizá-lo. Você vai criar um projeto num site próprio para isso, como o Catarse ou o Kickante, e vai divulgar o máximo possível para outras pessoas. Hoje já existem várias modalidades de crowdfunding, na mais comum você define uma meta financeira e tem um prazo entre 40 e 60 dias para arrecadar a grana que precisa. Se conseguir atingir a meta, parabéns, você vai receber a grana que precisa para viabilizar seu livro. Se não conseguir, você não recebe nada (claro) e o dinheiro é devolvido para quem te apoiou. Essa é uma outra forma interessante de não depender de ninguém. Por outro lado, exige MUITA organização, desde o momento em que você tem que definir o valor que precisa, com muito cuidado para não faltar dinheiro, passando pela eletrizante fase de divulgar o trabalho e chegando até o momento de enviar as recompensas para os apoiadores do projeto. Todas essas fases exigem bastante planejamento. Já vi colegas construírem suas carreiras baseadas em crowdfunding com muito sucesso. E já vi outros enlouquecerem em campanhas e prometerem nunca mais se meter em algo do tipo. Analise bem como funciona esse processo antes de entrar nele. Por sorte, as plataformas oferecem ajuda para os proponentes.

Lembrando que você pode misturar modalidades, como edital para financiar a produção somada com crowdfunding para distribuir ou ainda crowdfunding para arrecadar fundos e editora para distribuir etc. São vários caminhos, estude o que os outros autores estão fazendo e encontre o seu. Só não vale guardar suas ideias só para si.


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18 de out. de 2021

Viver de escrever? (Lista do Zé #35)

 

Hoje eu me peguei pensando que uma boa forma de me conhecer como artista seria entrevistando minha esposa. Vez por outra me perguntam sobre minha rotina e sobre produtividade (uma FARSA que será tema de um do texto meu muito em breve) e conversando com ela nesses dias percebi que é impossível ter uma rotina bonitinha com a vida profissional a que me propus. Se um entrevistador chegasse para a dona Lara com a proposta de perguntar sobre o dia a dia do marido dela, ela provavelmente diria que fica tonta só pensar no meu cérebro organizando, o tempo todo, minhas pendências de trabalho. Na profissão de escritor no Brasil, escrever é só um um pedaço da coisa. Um pedaço BEM PEQUENO em vários momentos.

Rotina? Agora estou escrevendo esse texto para enviar para uma lista de e-mails, daqui a pouco estarei resolvendo uma pendência numa prestação de contas de edital, logo depois preciso conferir o que tenho de recebimentos pendentes e à noite... Bom, à noite eu vou dar aula na faculdade (meu plano A, porque não posso chamar de plano B o que paga a maior parte das minhas contas). "E você não escreve?". Sim, em algum momento eu vou escrever, durante um longo período de dias, alucinado e focado (e deixando todas as outras coisas atrasarem). Enquanto isso, vou matando a burocracia que há por trás disso.

Apostar na escrita como profissão não é para quem é obcecado por rotina ou estabilidade (essa última é outra mentirinha capitalista). Eu demorei para entender isso, mas, quando finalmente entendi, consegui lidar muito melhor com as expectativas e frustrações que vem embarcadas em produzir arte no Brasil. E é uma coisa que pode demorar. Só depois de uma década nessa indústria vital, eu consegui falar (sem ficar envergonhado) que trabalho com isso. Talvez porque na primeira década eu mais gastava do que ganhava grana escrevendo.

Além da burocracia, tem um pouco mais... Para muita gente, meu trabalho como escritor é escrever e lançar livros autorais (aqueles feitos de forma natural, com ideias minhas mesmo). Fica escondido debaixo do tapete um sem fim de "freelas" que dão mais sustentabilidade financeira. Enquanto este ano eu lançava apenas uma obra inédita e autoral (já comprou sua Luzia?), eu estava fazendo também dois quadrinhos institucionais (encomendas para empresas), escrevendo 92 páginas de um roteiro de HQ encomendado por uma editora e ainda desenvolvendo alguns roteiros para vídeos institucionais. E falando em grana, não podemos esquecer dos eventos, que (quando pagam) são uma das melhores fontes financeiras desse ramo.

Resumindo: é preciso deixar um pouco de lado o romantismo dessa profissão. Meus amigos que vivem apenas disso, até mesmo alguns que podem se chamar de bestsellers, têm que ralar MUITO com atividades paralelas à escrita para conseguir, de vez em quando, lançar aquele trabalho que realmente saiu do coração deles.

Eu falei sem romantismo? Tá, vou me permitir uma coisa breguinha e cafona no final deste texto. A resposta que muito escritor dá quando lhe perguntam se ele vive de escrever, você já deve ter ouvido, é que eles ESCREVEM PARA VIVER. E é bem isso mesmo. A melhor forma de encarar essa atividade é entendendo que você faz porque precisa e, no decorrer do processo, vai botar para fora o que acha que precisa botar. Para mim, hoje, isso é um grande privilégio.


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17 de jan. de 2021

Como começar uma história (Lista do Zé#33)

 

Eu acho que estava dentro de um ônibus quando uma história começou a nascer. Eu olhava para as margens semiáridas da estrada que partia ou chegava em Sobral, minha cidade, quando comecei a sonhar com uma história de… samurais. Era a história de um assassino aposentado. Agora ele era mendigo nas ruas de uma grande metrópole e, depois de receber a visita de um repórter, se viu obrigado a voltar à ativa contra a organização que o ensinou sobre a arte de matar. A história veio assim, quase toda, incluindo algumas boas ideias para um final (algo que acontece raramente). Estava com outros mil projetos na época, então anotei a ideia em vários pedacinhos de papel e pendurei num flanelógrafo no meu escritório. Quanto tempo essa ideia passou lá? Vou chutar aqui que uns cinco anos.

Essa introdução toda é apenas para iniciar uma conversa sobre um assunto que interliga várias perguntas comuns ao escritor iniciante: a) de onde vêm as ideias para as histórias ou b) como ter ideias para histórias ou c) por onde começar uma história. A resposta para essas perguntas é muito imprecisa, mas tem alguns caminhos mais comuns.


A maior parte das minhas ideias surge quando estou lendo um livro ou quadrinho ou assistindo um filme ou série. Quase sempre é um “e se...?”, uma variação daquilo que estou vendo. Eu nunca consigo desligar meu cérebro de escritor, nem mesmo quando estou com o material de outro artista. Isso significa que eu fico tipo público de show de mágica, tentando descobrir o segredo do truque daquilo que estou lendo/vendo. O truque, no caso, é descobrir a) como estão conseguindo me manter interessado naquela obra e b) como aquilo vai acabar. O item “b” é sempre muito interessante para gerar novas ideias… Às vezes eu tento adivinhar o final da história e falho miseravelmente. Aí eu olho para aquele final que eu pensei e, se eu achar ele melhor do que o que eu acabei de ver, provavelmente eu vou guardar aquela ideia de tentar “recontar” aquela história.

“Mas, Zé, isso não é plágio?”. Em alguns casos, pode ser. Então, CUIDADO. Eu poderia aqui indicar (e indico fortemente) que você veja o documentário Everything’s a remix, que explica que, no fim das contas, toda criação deriva de uma mistura de várias coisas que vieram antes, mas, antes, prefiro dizer que respeito muito as criações de outros colegas. Quando a vontade de recontar uma história vem, ela tem de vir junto com soluções que diferenciem a minha história daquela que deu origem a ela. Uma coisa que sempre me deixa muito tranquilo é que uma ideia minha passa por MUITOS tratamentos (uma forma de chamar as revisões e reconstruções da história, enquanto ela ainda está sendo criada). São tantas idas e vindas, que é muito provável que qualquer coisa que assemelhe a minha história a outra que a inspirou vire um sopro no produto final. Construir uma história inspirada em outras é o caminho mais comum do escritor iniciante, que muitas vezes quer fazer seu próprio Cavaleiros do Zodíaco, X-Men, Senhor dos Anéis ou Star Wars. O grande desafio é encontrar a forma de se inspirar sem ser um genérico. Às vezes a gente só precisa olhar um pouco ao redor.

Ideias podem vir também da simples observação do mundo. Já dizia o poeta Jessier Quirino que escritores são “prestadores de atenção”. Uma situação que você observou ou, MELHOR AINDA, que aconteceu com você, pode ser o pontapé inicial para uma história. Uma coisa que aprendi é que as melhores histórias que já contei são aquelas que advém de coisas que mexeram comigo. É muito provável que falar sobre algo que incomoda você faça muitas outras pessoas se identificarem com a sua história. Lembro de ouvir um podcast com o escritor e quadrinista Lourenço Mutarelli falando sobre seu método criativo, que constava em sentar numa praça, observar as pessoas e tentar imaginar o que elas estavam passando naquele momento. Em Steampunk Ladies: Choque do futuro, há uma sequência onde dois garotos fazem pouco de uma garota quando ela os convida para brincar de boneca. Essa cena é inspirada numa situação vivida por mim, quando flagrei um garoto fazendo pouco da minha filha numa situação parecida. Quem já leu a HQ sabe que a garotinha dá a volta por cima. É assim que escritores se vingam da vida real: escrevendo histórias.

Corta agora para o final de 2020: surge um edital da Lei Aldir Blanc na minha cidade (já falei sobre editais aqui). Foram várias seleções de projetos pelo Brasil nessa lei e a principal característica de todos era um prazo apertadíssimo. Mas que história eu inscreveria naquele edital, tendo ela que ser inédita e precisando estar pronta em menos de dois meses? Olhei para o flanelógrafo e vi os papeizinhos recortados da ideia que tive na estrada. Parecia boa, mas ainda me incomodava, porque parecia demais com outras histórias que já vi por aí. Para não cair no risco de copiar algo involuntariamente, eu precisava adicionar alguns elementos em busca de alguma originalidade. Foi aí que meu senso de prestador de atenção entrou em ação.

Na minha adolescência, a chegada de um garoto novo na escola causou estardalhaço por conta de um boato que correu pelos corredores: ele seria sobrinho de um famoso pistoleiro do estado. Se aquilo era verdade ou não, eu nunca vou saber. O fato é que essa história voltou na minha cabeça quando peguei aqueles papeizinhos, me fazendo transformar toda a ideia, começando por uma mudança de cenário para o Ceará. Claro que essa mudança também vem do meu atual movimento de escrever mais sobre coisas que estão ao meu redor. E assim nasceu Mata-mata: uma história sobre pessoas que vivem para matar outras (uma ideia construída em cima de outras), mas também uma história sobre família e legado (uma vivência).

Tudo isso começou com samurais, dá para acreditar? Engraçado que, relendo a história, comecei a entender melhor o porquê da arma da última morte, algo que rolou inconscientemente, eu juro...

De onde vem as inspirações para suas histórias?

 

Baixe Mata-mata gratuitamente clicando na imagem abaixo:

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29 de nov. de 2020

Meus próximos lançamentos, em primeira mão (Lista do Zé #32)


Olá, olá!

É hora de revelar mais detalhes dos meus DOIS próximos lançamentos! E o melhor: por conta da CCXP Worlds, você já pode garantir suas cópias em pré-venda com condições especialíssimas.

Meu próximo quadrinho, Luzia, citado num e-mail anterior desta lista, já pode ser adquirido por apenas R$ 29,90 (frete incluso). Estamos nas etapas finais da HQ, então a previsão de envio é de até fevereiro de 2021. Mas, nesse exato momento, nós e a editora estamos dando o gás para que o livro esteja na sua casa antes disso. O fato é que só agora você terá o menor preço com frete incluso, então aproveite por que esta oferta só é válida até o dia 6 de dezembro. Garanta a sua aqui!

E tem lançamento surpresa: volto à literatura com a noveleta policial Mata-mata. E para você que está lendo este e-mail, é daquele jeito que eu sei que você adora: GRATUITO. Lançado (por enquanto) apenas em formato digital, este livrinho é um projeto transmídia que contará ainda com ilustrações, trilha sonora e até um áudio drama. O lançamento oficial será no dia 27 de dezembro e você pode garantir o seu agora sem nenhum custo. Você faz a "compra" na minha loja e no dia do lançamento o livro será enviado para o seu e-mail. Garanta o seu aqui!

Para saber mais sobre os lançamentos, role o e-mail um pouquinho para baixo. Falo também da minha participação na CCXP Worlds neste mesmo texto, incluindo uma intensa programação de eventos ao vivo, com palestras e bate-papos. Te espero lá!

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A Grande Seca, como foi conhecido um grande período de estiagem ocorrido no Nordeste de 1877 a 1879, foi o mais devastador fenômeno de seca da história do Brasil, e pode ter sido responsável pela morte de até meio milhão de pessoas. Em meio a uma multidão de retirantes no sertão de Sobral, cidade do interior do Ceará, Luzia sonha com uma vida melhor, enquanto lida com a doença da mãe e o assédio de um soldado. Por ter músculos fortes, força incomparável e características masculinizadas, ela ganha a alcunha de "Luzia-Homem". Mesmo neste clima desfavorável, a retirante vê florescer uma nova amizade e também um grande amor.

Adaptado para o cinema e para o teatro, Luzia-Homem é um clássico absoluto da literatura brasileira. Publicado pelo escritor cearense Domingos Olímpio no ano de 1903, descreve as agruras do sertanejo num dos períodos mais difíceis da história do Ceará, enquanto trata de temas como assédio e violência de gênero. Luzia é uma adaptação inédita do romance para os quadrinhos e tem roteiro de Zé Wellington (Cangaço Overdrive, Steampunk Ladies) e desenhos de Débora Santos (Gringo Love, Pombos). Este projeto é apoiado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura - Nº 13.811, de 16 de agosto de 2006.

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Lançamento oficial em 27 de dezembro
Garanta sua cópia digital gratuita


Durante os anos 1980 e 1990, o Ceará e boa parte do Nordeste viveram um período caótico, no auge dos tempos de pistolagem. Políticos guerrearam muito além do campo das palavras, utilizando pistoleiros para executar adversários. Esses controversos matadores ganharam fama no período e eram temidos principalmente nas pequenas cidades. Já nos dias atuais, quando este período parecia ter ficado para trás, um assistente social se envolve no último serviço de um pistoleiro aposentado.

Mata-mata é uma noveleta de Zé Wellington, escritor e roteirista de histórias em quadrinhos como Cangaço Overdrive (semifinalista do Prêmio Jabuti) e Steampunk Ladies (vencedora do Troféu HQMIX). Esse projeto é financiado pela Chamada Pública 003/2020-SECJEL com fundamento na Lei Federal 14.017/2020, Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural.

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Na impossibilidade de realizar um evento presencial, a CCXP este ano segue para uma inovadora versão online. É só zapear pelo site oficial do evento pra ver que eles não estão de brincadeira. Além de uma incrível lista de convidados que inclui Neil Gaiman e Art Spiegelman, o evento vai oferecer uma experiência que foge do formato de conferências online que se popularizou durante a pandemia. Além disso, está garantido o espaço dos artistas, renomeado nesta versão para Artists' Valley. Uma boa parte do evento poderá ser acessado gratuitamente. Garanta seu acesso ao evento aqui.

Este aqui é o link do meu perfil na Artists' Valley da CCXP Worlds!

Por enquanto meu perfil tem apenas um preview das minhas HQs. Mas durante os dias do evento (04 a 06/12/20), você terá acesso a uma loja com meus produtos com preços muitos especiais e poderá interagir comigo e outros convidados em vários horários através de eventos online, que poderão ser assistidos através da plataforma da CCXP ou pelo Youtube. Na falta do contato pessoal com os leitores no evento, através do meu canal do Youtube (inscreva-se aqui) e também de outros colegas, vamos poder conversar sobre diversos assuntos em transmissões ao vivo. Confira os dias e horários abaixo:

04/12 (sexta-feira)


05/12 (sábado)
06/12 (domingo)

 

 

 

13 de fev. de 2020

Roteirista de quadrinhos no Brasil? (Lista do Zé #28)



Olá, olá!

Ano passado completei 15 anos nesta vida de histórias em quadrinhos, mais especificamente como roteirista. Nos últimos tempos tenho recebido diversas dúvidas de outros colegas iniciando nesta atividade e pensei que poderia ser legal escrever sobre esses anseios. É bom destacar que, mesmo debutante na atividade, ainda estou aprendendo sobre ela e sobre o mercado, então as 7 perguntas que eu respondi abaixo são mais relacionadas à minha visão como roteirista.

Mas, primeiro

Preciso da sua ajuda para colocar no mundo uma inédita edição impressa de “Mata-mata”, ebook que lancei no final do ano passado. Essa versão inclui uma nova revisão do material lançado online e ainda uma série de contos, cordéis e ilustrações que contam o ANTES e o DEPOIS da história original. Sim, é a hora de entender melhor a família Tainha, se embrenhar nos confrontos entre irmãos no evento Mata-mata e saber o que aconteceu com os personagens principais depois do trágico fim do ebook.

ACESSE CATARSE.ME/MATAMATA OU CLIQUE NA IMAGEM PARA APOIAR! 


 

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Tem que ser meio DOIDO para encarar uma carreira de roteirista de quadrinhos no Brasil (ou amar quadrinhos e não ter disposição para aprender a desenhar). Tem, sim, um montão de gente no país fazendo roteiro para HQ (e muito bem), mas as funções ligadas a desenho são bem mais populares. Saber desenhar realmente é uma mão na roda para contar histórias em forma de quadrinhos, ao mesmo tempo que não dispor dessa habilidade vai dificultar um pouquinho (mas não tornar impossível) a vida do pretenso quadrinista.

Escrevi meus primeiros textos ainda na adolescência. Os quadrinhos entraram na minha vida bem depois da literatura (que ainda é presente na minha vida, mas com muito menos intensidade). Minhas primeiras tentativas de fazer quadrinho vieram durante a explosão dos animes no Brasil, lá quando Os Cavaleiros do Zodíaco chegaram por aqui. Foi quando descobri também que é necessária muita dedicação para ser um bom desenhista. Mas, já na adolescência, eu era um multifazedor-de-coisas e vi que não dava para aprender a desenhar, aprender a tocar violão, organizar eventos, passar no vestibular etc. ao mesmo tempo. Durante um curso de cinema me dei conta que os roteiros poderiam ser um melhor caminho para mim. E assim vem sendo.

Separei abaixo algumas das principais perguntas que recebo sobre esta função. Elas podem ser um guia para as pessoas que pretendem se jogar nesta maluquice.

1. Um roteirista é aquele cara que faz as letrinhas das histórias?
Por mais boba que essa pergunta possa parecer, eu me sinto na obrigação de começar por ela. Quem faz as letrinhas nos quadrinhos é um profissional importantíssimo chamado letrista (nos meus últimos quadrinhos, tive o privilégio de contar com o incrível Deyvison Manes na função). Para letreirizar a HQ, o letrista utiliza o roteiro, essa, sim, a peça fundamental do trabalho do roteirista. O roteiro é um documento que guia a criação das histórias em quadrinhos. Não existe um formato pré-definido para ele, pesquisando pela internet você vai encontrar modelos diferentes. Embora a maioria dos roteiristas escreva um texto descrevendo o que quer que seja desenhado, há colegas que desenham seus roteiros, como se fosse um esboço da história em quadrinhos (é assim que são feitos os roteiros da Turma da Mônica). Coloquei um trechinho do roteiro de Cangaço Overdrive neste link, para quem tiver curiosidade em ver como são os meus. Ah, embora não seja função do roteirista letreirizar sua HQ, é bem interessante ele ter noções sobre esta função (dica para a vida).

2. Como consigo pessoas para desenhar meus roteiros?
Essa é a pergunta que mais recebo no inbox do meu Instagram. Para um roteirista iniciante, é um desafio absurdo convencer um bom desenhista a desenvolver seus primeiros roteiros. As sugestões que eu daria seriam as seguintes: A) comece com roteiros de histórias curtas (entre 4 e 12 páginas) e B) tente juntar outras pessoas que querem fazer quadrinhos e proponha trabalhos coletivos. Sobre a letra A, leve em consideração que desenhar quadrinhos é uma coisa demorada e que pode levar tempo. Histórias curtas aumentam as chances de um desenhista se interessar e de aquele seu roteiro realmente ser desenhado até o final. Sobre a B, vou contar um segredinho para vocês.... Quando me dei conta que queria ser roteirista, me vi sob essa problemática. Minha primeira ação foi criar um grupo de estudo na minha cidade, o que atraiu vários quadrinistas (a maioria desenhistas). Criamos um fanzine chamado Gattai Zine, onde publicávamos trabalhos curtinhos, misturando as pessoas do grupo. Bum! Dois coelhos com uma cajadada só. Se mesmo assim tiver dificuldades, talvez seja melhor se matricular em aulas de desenho... ou botar a cabeça para funcionar e pensar em alternativas, como fez o Marcelo Saravá no incrível 1000 Palavras, coletânea de tirinhas apenas com textos (conheça aqui). Ah, mesmo já tendo algum reconhecimento, até hoje ainda é um desafio para mim encontrar parceiros. Tanto que nos meus últimos quadrinhos eu busquei apoio de editais para conseguir pagar todos os envolvidos (falei sobre isso neste texto).

3. Você vive disso?
Hoje sim, mas não apenas disso. Tenho outras duas profissões (sou professor universitário e consultor na área de marketing). Vale dizer que nos primeiros 10 anos como roteirista/quadrinista EU MAIS GASTEI DO QUE GANHEI ALGUMA COISA. Lembro que 50% da cota dos meus exemplares de Quem Matou João Ninguém? (que lancei em 2014) enviei para a imprensa e influenciadores do meio. Felizmente, naquela época eu podia fazer isso (hoje já não tenho como). Como qualquer profissão ligada à arte, é preciso tempo e muito trabalho para estabelecer uma carreira. E, vale dizer, dentro das minhas receitas como roteirista, talvez uns 30% sejam com venda de quadrinhos. Os outros 70% vêm de participações em eventos, palestras, cursos e serviços relacionados. Conversando com outras pessoas no meio, percebi que isso é meio que bem comum.

4. Roteirista de HQ no interior do Ceará... Como é isso?
Difícil pra caralho. Nem queira saber. E olha que tenho um monte de privilégios como o homem branco que sou (nem consigo imaginar como é para quem não tem). Eu entendo (mas fico triste com) o monte de gente que desiste no meio do caminho ou acaba debandando para outras áreas, como cinema e literatura.

5. Indica livros?
Infelizmente tem pouca coisa impressa especificamente sobre roteiro para quadrinhos. Tem um material que a Opera Graphica lançou no Brasil (e que é difícil de encontrar hoje) chamado Guia Oficial DC Comics - Roteiros, escrito pelo grande Dennis O’Neil, que é um dos mais completos que já li. O primeiro material que tive acesso foi um e-book do Gian Danton, que é bem simples, mas me ajudou bastante (não é à toa que convidei o Gian para o prefácio de Quem Matou João Ninguém?). Tem alguma coisa sobre roteiro nos ótimos livros do Scott Mccloud, sendo o Desenhando Quadrinhos o meu favorito: o nome em português pode enganar (no original é Making Comics), mas ele trata de todas as etapas do processo. Tenho lido materiais de outras linguagens, que também ajudam bastante. Um dos livros que mais estudo e consulto é o Story, do Robert McKee (que é voltado para o roteiro de cinema). Tenho aqui, lá no fundo do meu coração, alimentado a ideia de escrever um pequeno manual... Quem sabe?

6. Pode ler meu roteiro e dar uma opinião?
Taí uma coisa que me perguntam muito... Fico lisonjeado quando alguém me pede uma opinião sobre algo que escreveu. Mas fazer isso é uma questão muito complexa. Primeiro, ler um texto ainda não publicado gera um certo comprometimento com aquela ideia original. Se futuramente alguma história minha apresentar algum elemento similar ao conceito que o colega me enviou, ele pode entender que eu o estou plagiando. Segundo, alguém pode ficar surpreso com isso, mas LER ROTEIROS LEVA TEMPO. Tem gente que fica até chateado quando eu digo isso, mas é importante frisar que há quem preste este tipo de serviço, conhecido como revisão crítica, e dá um trabalho danado. E, mesmo que não desse, nesta minha vida de pai do Chris, com três empregos, é muito complicado conseguir arrumar tempo para algo assim. Nem mesmo quando me pedem como serviço pago eu costumo atender. Só faço isso em situações muito especiais. Então, quando fizer este pedido para algum roteirista ou escritor, entenda se ele lhe der um respeitoso "não". Se precisar deste tipo de serviço, recomendo essa relação de prestadores levantada pelo Rodrigo Van Kampen.

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30 de jan. de 2020

Criando quadrinhos no Brasil (Lista do Zé #27)

https://open.spotify.com/episode/2FissmQ0He4qjx2zLLKFNm?si=uLEiGS2JS3i4YUwYZVONEw


Primeiramente: Feliz Dia do Quadrinho Nacional! Nós, que fazemos quadrinhos no Brasil, comemoramos esta data todo dia 30 de janeiro, em alusão à data da publicação do que se considera a primeira história em quadrinhos do Brasil, As aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte, de Angelo Agostini. Isso aconteceu em 1869.

Escolhi o dia de hoje para publicar um podcast onde converso com boa parte da equipe envolvida em Steampunk Ladies: Choque do Futuro. Falamos sobre como eles atuam no mercado, se vivem de fazer quadrinhos e ainda se quadrinhos e política são uma boa mistura. O programa é um prato cheio pros curiosos e, principalmente, pra quem quer entrar no mercado de quadrinhos. Dá pra escutar nos links abaixo:

Tá liberado compartilhar nas redes sociais e prestigiar essa galera que tá na labuta diária!

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O primeiro evento de lançamento de Steampunk Ladies: Choque do Futuro acontecerá no próximo sábado (01/02), em Fortaleza, durante a Feira Livre de Quadrinhos, que nesta edição acontecerá no Centro Universitário Farias Brito (R. Castro Monte, 1364 - bairro Varjota). O evento começa ao meio dia e o painel de lançamento será às 14h. Terei o prazer de dividir o momento com a querida Brendda Maria e o incrível Paulo Moreira. Meu amigo Rildon Oliver fará a moderação. Conto com a presença dos amigos de Fortaleza!


Querendo compras meus quadrinhos? Vai no site da Editora Draco ou peça o seu na Amazon (e se já tem, não esqueça de avaliar):
Informações em tempo real lá no meu Instagram: instagram.com/zewellington
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Leia mais quadrinhos nacionais!

21 de jun. de 2019

O evangelho de Evangelion (Lista do Zé #24)


Olá, olá!

Um dos animes mais amados de todos os tempos está disponível novamente! Nesse texto eu falo sobre Evangelion, animação japonesa que eu fiz um esforço absurdo para acompanhar no final dos anos 90 (via fitas VHS mal gravadas) e agora você pode assistir no conforto da sua Netflix. A criação máxima do estúdio Gaynax e do diretor Hideaki Anno agora pode ser apreciada por uma nova geração de amantes das boas (e um pouco complexas) histórias.

Mas primeiro...

Preciso avisar que Cangaço Overdrive está de volta às prateleiras, depois de ter esgotado no site oficial da Editora Draco e em alguns dos principais fornecedores online. A segunda tiragem do quadrinho já está disponível na loja online da Draco ou na Amazon. Enjoy!

Além disso meu parceiro Walter Geovani está vendendo edições diretamente, incluindo um sketch original de brinde. Para adquirir, deixem mensagem lá no Instagram dele: instagram.com/walter_geovani_wg

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Clássico moderno

A Netflix acaba de disponibilizar em seu catálogo Neon Genesis Evangelion, um dos maiores clássicos da animação japonesa dos anos 1990. Pergunte a qualquer pessoa que tenha acompanhado a série na época do lançamento o que ela lembra a respeito e, além da marcante música de abertura, provavelmente você ouvirá duas coisas: 1) os robôs gigantes e 2) a trama complexa. É reduzir demais colocar Evangelion apenas nestes dois pontos, mas são bons lugares para começarmos esse texto.

Então, sim, tem uns robozões. Robôs gigantes (os mechas) estão incrustados na cultura pop japonesa, desde os live actions do tipo metal hero e tokusatsu (Jaspion e Changeman, respectivamente) até animações como Gundan e Macross. Para justificar os robôs, a trama do anime se passa em 2015 (que seriam 20 anos no futuro na época do lançamento), num Japão distópico onde adolescentes são os únicos pilotos possíveis para máquinas de guerra gigantes, os EVAs. Logo no primeiro episódio entendemos quem essas máquinas gigantes têm de enfrentar: criaturas poderosas conhecidas como Anjos (e só isso já é de dar um nó na cabeça). Em meio aos confrontos, acompanhamos Shinji Ikari, um destes pilotos adolescentes, nos seus primeiros momentos como piloto do Eva-01. Abandonado na infância, Shinji volta à cidade natal para um momento de reconciliação, mas acaba frustrado quando descobre que seu pai é o líder dessa resistência contra os anjos e queria apenas que ele pilotasse o Eva-01. Esse conflito entre pai e filho (e o passado por trás dele) é apenas um dos temperos do caldeirão do anime, que tem nas batalhas um pequeno percentual do seu tempo de tela. O que não faltam por aí são textos falando que o próprio uso dos mechas no desenho denota uma crítica dos criadores à falência da sociedade japonesa, utilizando elementos dos mangás e animes, patrimônios nacionais do país. Isso sem falar em várias questões existencialistas levantadas pelos personagens, todos nitidamente lutando contra traumas psicológicos próprios.

É aí que entramos no segundo ponto de destaque de Evangelion. Sem dúvidas temos aqui um dos roteiros mais inventivos e também mais complicados já criados em uma animação seriada, uma ficção científica existencialista com elementos da Cabala, do Cristianismo, do Judaísmo e do Xintoísmo. É a típica história que começa no meio e você se vê dentro de um furacão junto com o protagonista, que cresceu isolado de tudo e representa nossas dúvidas dentro da trama. Uma coisa que é necessária dizer pra você que vai encarar o anime pela primeira vez é que a maior parte dos mistérios da trama não será explicada. O anime é aberto a muitas interpretações e isso funciona muito bem na maior parte da trama. Mas é importante dizer que nem sempre esse mistério todo, beirando a psicodelia em alguns momentos, é proposital e bem conduzido. Evangelion teve uma série de problemas de produção, especialmente em seus últimos episódios, o que levou a um final forçado na série, com sérias restrições orçamentárias. Não é preciso ser expert para perceber isso, ainda mais quando em vários episódios você passa longos minutos numa tela estática e apenas ouvindo os personagens falando. A maior parte da ação (e ação BOA, diga-se de passagem) está na primeira metade da série. É óbvio que há um sem fim de ideias boas também para contornar os problemas de produção, como o fato de que os anjos vão tendo suas formas exploradas de forma absurda no decorrer da série, até serem muito mais do que monstro gigantes.

Para compensar os probleminhas desse final, a série original já foi reeditada mais de uma vez e ainda ganhou um longa-metragem resumo (Evangelion: Death (True)²) e outro que finaliza o confronto com os anjos (The End of Evangelion), também disponíveis na Netflix.

E se você está em dúvidas sobre ver ou não, eu digo que vale a pena! A última vez que vi foi no ano passado e continua muito bom. Se tramas cabeçudas são sua praia, você não irá se decepcionar. Boa parte do gostoso de acompanhar algo assim é gastar horas lendo sobre teorias na internet depois... Definitivamente Evangelion é um desses raros casos em que vale a pena se perder nos vídeos de “final explicado”.

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Levanta a cabeça, Shinji!

25 de mai. de 2019

Cordel de Cangaço Overdrive + indicações brasileiras steampunk (Lista do Zé #23)


Olá, olá!

Antes de te indicar alguns produtos brasileiros steampunk, preciso te dizer que já está à venda Steampunk Ladies: Choque do futuro, minha nova história em quadrinhos! Clique na imagem para garantir a sua agora!

https://editoradraco.com/produto/steampunk-ladies-choque-de-futuro-wellington-prado-santos-pinheiro


 
Em comemoração, preparei um pequeno guia com a indicação de algumas outras obras recentes nacionais na temática steampunk, pra você ir entrando no clima enquanto meu novo quadrinho não chega na sua casa.

Além disso, falo sobre minha primeira publicação em literatura de cordel: Cangaço Overdrive: Passado e futuro. Este cordelzinho foi distribuído para quem comprou minha HQ Cangaço Overdrive na CCXP 2018 e agora é a sua vez de ter acesso em formato PDF. Vale dizer que não tem spoilers do quadrinho original, então pode ler antes dos quadrinhos, tá? E para quem já leu a HQ, é hora de conhecer um pouquinho mais sobre a origem dos personagens dos grupos de Cotiara e Rosa.

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Uma das coisas mais elogiadas em Cangaço Overdrive é a narração em cordel. Foi uma das primeiras ideias que tive antes de iniciar o roteiro do quadrinho. Não sou poeta, mas rimar uma história não era pra ser tão complicado, afinal eu tive banda por mais de dez anos e já compus algumas músicas, certo?

Na prática o negócio foi mais complexo (imagina aí acertar texto e imagem, tendo que se preocupar com a rima e também com a métrica própria do cordel?). De qualquer forma, depois dessa experiência maluca eu fiquei doido pra fazer mais. Então para a CCXP do ano passado eu pensei que um brinde legal seria um pequeno cordel, que foi impresso e depois cortado e montado manualmente. O cordel explora a origem de alguns dos personagens da HQ. Agora é sua vez de tê-lo, clicando no link abaixo:

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Steampunk brasileiro

Lá pela década de 80 a ficção científica vivia um dos seus momentos de ouro, especialmente na literatura. Nesse contexto foi criado o tal cyberpunk (já falei um pouco sobre isso), título de um conto do escritor Bruce Bethke e que acabou definindo um novo gênero. A frase que resume o estilo é o "high tech, low life", referindo-se a um futuro extremamente tecnológico, mas de péssimas condições de vida. Já no final da década de 80, o escritor K. W. Jeter, procurando uma expressão para designar trabalhos que se passavam no passado e que remetiam aos conceitos do cyberpunk, cunhou o steampunk. Ao invés do futuro, os cenários/períodos históricos favoritos do gênero eram a Era Vitoriana Inglesa e o Velho Oeste Americano pós-segunda revolução industrial, por isso o "steam" do nome, uma alusão à tecnologia a vapor vigente na época. A principal brincadeira era imaginar estes períodos com tecnologia mais avançada. Vale dizer que depois surgiram outras vertentes, com combustíveis diferentes alimentando as cabeças dos autores: teslapunk (em alusão às primeiras máquinas elétricas), dieselpunk (diesel das máquinas nas guerras mundiais), atompunk (energia atômica) e até solarpunk (que leva a discussão de volta para o futuro, com energias limpas). Mas esses outros ficam para um próximo texto...

E no Brasil? Muita coisa stempunk tem sido lançada no Brasil nestes mais de trinta anos. Fazer uma lista é um negócio espinhoso e para essa me concentrei em trabalhos mais recentes. Lá no meu blog eu pretendo aumentar esta lista nos próximos meses (e tô guardando na agulha um texto sobre ficção científica nacional em que quero explorar os títulos mais clássicos, em breve neste mesmo canal).


Vaporpunk

O Steampunk feito no Brasil se enraizou no fandon primeiramente através de livros de contos, especialmente antologias de editoras de gênero. Embora não possa deixar de reconhecer os trabalhos de editoras como a Tarja (in memorian) e a Estronho, foi a Draco que pavimentou essa estrada, especialmente com os dois volumes de Vaporpunk. Embora livros de contos de autores diferentes costumem apresentam trabalhos melhores e piores, considero o nível dos dois livros bem alto, possivelmente por que temos alguns dos escritores mais prolíficos do gênero no país: Octavio Aragão, Flávio Medeiros, Eric Novello, Carlos Orsi, Fábio Fernandes, Romeu Martins, Dana Guedes, Nikelen Witter, Luiz Bras, Sid Castro, Jacques Barcia, Cirilo S. Lemos e Gerson Lodi-Ribeiro. Vale dizer que o primeiro volume também tem participação de autores portugueses. Esses livros foram só o pontapé para uma coleção chamada Mundo Punk, que também incluiu as coletâneas Dieselpunk e Solarpunk (que foi uma das primeiras iniciativas no gênero do mundo e já foi traduzida para o inglês). Nada como encerrar o ciclo com um livro sobre Cyberpunk, que iniciou todo o gênero, né? Na campanha que está rolando do livro, tem uma recompensa para levar TODOS os livros do Mundo Punk (mais a coletânea em quadrinhos Periferia Cyberpunk) por apenas R$ 200,00. Apoie a coletânea até o dia 29/05 e leve a coleção completa por esse precinho camarada!

Le Chevalier

Um espião francês sem passado é o indicado por Napoleão em casos em que o Império Francês precisa resolver com discrição. Iniciado num romance do escritor A.Z. Cordenonsi, Le Chevalier e a Exposição Universal, as aventuras do personagem seriam expandidas também para uma série de contos e duas histórias em quadrinhos, Le Chevalier: Arquivos Secretos Vol. 1 e Le Chevalier nas Montanhas da Loucura (com roteiros do escritor e desenhos de Fred Rubin, que eu considero o "Mignola brasileiro"). As aventuras do cavaleiro são uma boa pegada para quem gosta de histórias despretensiosas e cheias de ação.

Brasiliana Steampunk

Se na indicação anterior o autor resolveu expandir seu universo além da literatura, aqui nós vamos ainda mais longe. Estudioso da arte transmídia, o escritor Enéias Tavares toca o ambicioso projeto Brasiliana Steampunk, que concentra a história num Brasil ficcional onde personagens clássicos da nossa literatura interagem entre si. No centro das tramas, um grupo de aventureiros autodenominado Parthenon Místico. Os passos que consolidaram este universo foram dados no romance policial A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison, que narra através de cartas e "gravações mecânicas" os acontecimentos que se seguem após a prisão de um assassino serial na cidade de Porto Alegre dos Amantes. Não bastasse ter escrito um dos romances mais inventivos da ficção científica nacional, Enéias seguiu ampliando seu universo em direção a outras linguagens, incluindo vários contos, um suplemento escolar, áudios dramáticos, um jogo de tabuleiro (Cartas a Vapor), webcomics e agora uma audaciosa série em live action. Dá pra se perder por bastante tempo neste universo!

Arcane Sally & Sr. Vapor

Lançada primeiro online no Tapas em inglês e depois impressa em edição nacional numa campanha no Catarse, a história em quadrinhos Arcane Sally & Sr. Vapor é escrita pelo norte-americano David Alton Hedges com desenhos do brasileiro Jefferson Costa (La dançarina, Jeremias: Pele). Misturando os conceitos científicos do steampunk com fantasia (uma tendência nos últimos anos), acompanhamos Sr. Vapor, um agente da coroa britânica, e seu fiel valete Sr. Runnymede em caça a um criminoso que supostamente voltou dos mortos. Para isso eles contarão com uma nova e misteriosa parceira, Miss Sally. Essa edição nacional compila os três primeiros capítulos da webcomic (que é tudo que saiu até agora... Cadê o resto, Jefferson??).
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Depois quero saber sua opinião sobre o meu cordelzinho! Tem outras indicações steampunk nacionais? Comente aí embaixo. Você pode também deixar um comentário sobre este texto no meu Facebook ou no meu Instagram.

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Alimentem as caldeiras, que tenho um quadrinho para terminar!

29 de mar. de 2019

O Príncipe Dragão (Lista do Zé #22)


Olá, olá!

Com muitos projetos em andamento tá complicado impedir alguns "hiatos" nos meus textos. Nunca antes estive tão envolvido em projetos relacionados à arte como agora. Tem quadrinhos, cinema e talvez até um retorno à música em andamento. Ainda que eu não consiga dar uma data AINDA, meu próximo projeto é a continuação de Steampunk Ladies, quatro anos após o lançamento do primeiro volume. Segurem as pontas, por que está saindo.

Eu tinha preparado outro texto pra hoje, mas nessa semana consegui concluir a segunda temporada de O Príncipe Dragão, animação que eu indiquei rapidamente no texto passado. Tenho que dizer que fiquei maluco no final, pensando em várias coisas em que a série me afetou, e acabei colocando esse texto na frente para tentar convencer vocês a também conhecer a série, já que eu vejo tão poucas pessoas falando a respeito dela. Será que eu consigo?

Ah, antes disso, Cangaço Overdrive está concorrendo ao Prêmio Le Blanc de Arte sequencial, Animação e Literatura Fantástica e QUALQUER PESSOA pode votar. Concorremos na categoria HISTÓRIA EM QUADRINHOS NACIONAL PUBLICADA POR EDITORA. Se curtiu o quadrinho e quer ver seu legado continuar, separe dois minutinhos pra votar neste link: http://bit.ly/CotiaraNoLeblanc

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Quando numa San Diego Comic-Con anunciaram O Príncipe Dragão (The Dragon Prince), me empolguei bastante. À frente de qualquer descrição sobre a trama surgia apenas a frase: "Dos mesmos criadores de Avatar: A Lenda de Aang)". Como grande fã de Avatar e de sua sucessora, A Lenda de Korra, era empolgante vê-los numa tentativa de criar um novo mundo de fantasia. Mas confesso a grande tristeza quando vi o primeiro trailer de O Príncipe Dragão... Ao que parece o público infantojuvenil tem demonstrado uma certa aversão ao estilo tradicional de animação, o que tem feito a maior parte das produtoras apostar nas animações em 3D. Em OPD (vamos abreviar para facilitar) isso se repete, com o adicional de uma escolha questionável pela diminuição da taxa de quadros (efeito que faz parecer às vezes que estamos assistindo um slideshow ao invés de um desenho animado). Lá mesmo, naquele trailer, eu condenaria essa técnica. Preciso dizer que eu queimei minha língua sobre ela alguns anos depois, ao ver Homem-Aranha no Aranhaverso, que se utiliza muito melhor do mesmo recurso. O fato é que OPD nem de longe tem o charme da animação do teioso. Era o fim, certo? Como encarar uma animação que incomoda tanto? Com um bom roteiro, claro.

Na trama de OPD, os irmãos e príncipes humanos Callum e Ezran começam uma inesperada parceria com Rayla, uma elfa assassina enviada para matá-los. Trabalhando em conjunto, eles embarcam em uma jornada épica na busca de paz para seus reinos em guerra.

O tal criador de Avatar envolvido em OPD é Aaron Ehasz, na verdade um dos principais roteiristas da animação já clássica da Nickelodeon. Junto dele, outras cabeças ligadas principalmente ao mercado de videogames, pessoas que contribuíram em jogos como League of Legends e Uncharted (e vale dizer que há um game de OPD já em desenvolvimento). Com um pé na jornada aventuresca da animação de Aang, mas em alguns momentos alçando voos que a aproximariam de Game of Thrones (ou uma versão para todos os públicos dela), a equipe de criadores e roteiristas conseguiu criar um intrigante trama que explora de forma muito competente contornos familiares e políticos.

"Mas Game of Thrones, Zé? Sério mesmo?". Um dos grandes trunfos de OPD são os personagens, tão tridimensionais quanto a animação em si, o que lembra muito a série da HBO. Em muitos momentos é até difícil definir os antagonistas, criaturas tão (ou mais) interessantes que a trinca principal de protagonistas. Só no final da segunda temporada é que se tem uma dimensão maior das forças antagônicas da série (ou pelo menos eu acho que tive). Sobre os personagens, é interessante ressaltar a forma sensível como a diversidade é representada, com um casal de rainhas, um lobo deficiente físico, um pirata cego e ainda a sensacional Amaya. Esta última, uma das minhas personagens prediletas, é uma general surda e muda que se comunica com os outros personagens através de libras. Esses discursos acontecem de forma tão natural que esse é o tipo de desenho animado que eu quero que minhas filhas vejam mais e mais no futuro.

Mas o fato de ser influenciada por cenários de alta fantasia como GOT não impede que a série explore de forma muito satisfatória um dos itens obrigatórios das animações infantojuvenis: o humor. Mesmo em momentos mais dramáticos, os personagens ainda fazem piadas sobre suas próprias situações, equilibrando bem os positivos e negativos. O destaque fica para a personagem Claudia. Tão obscura quanto a magia que usa, Claudia tem alguns dos melhores momentos de humor, enquanto tem um dos arcos dramáticos mais misteriosos da série.

Tudo isso em apenas duas temporadas curtas de nove episódios cada. A animação, que é uma série original Netflix, parece estar ainda longe de terminar. E tem potencial para se tornar algo ainda muito maior.


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Salvem o príncipe dragão!

27 de dez. de 2018

Pra começar 2019 com animação (Lista do Zé #21)


Olá, olá!

Estranhou a falta de um "boas festas" no texto anterior? É por que eu ainda tinha uma carta na manga. Quem me conhece sabe que sou apaixonado por desenho animado, em todos os seus gêneros, espectros e nacionalidades. Inclusive, é um sonho meu um dia poder me envolver com isso. Então juntei algumas coisinhas pra começar 2019 com animação (tudunts!). Não é uma lista de melhores do ano por que a) nem tudo é de 2018 e b) bem que eu queria ter visto coisas o suficiente pra fazer uma lista dessa com propriedade mas o tempo não deixa. Por sinal, o que eu mais gosto das indicações abaixo é que são séries com episódios curtos e que são facilmente encaixáveis em momentos livres. E, tirando o bônus, todos estão disponíveis na Netflix. Ah, para dicas diárias e em tempo real, me siga no Instagram: instagram.com/zewellington


1. O PRÍNCIPE DRAGÃO

Foi quase, MAS QUASE MESMO, que deixei passar O Príncipe Dragão. Vendida como a nova animação das mentes criativas por trás de Avatar: A Lenda de Aang, a série se passa num mundo fantástico que me lembra mais Game of Thrones. Mas se a pegada da animação é bem mais pra família, o desenho animado e a série da HBO têm mais coisas em comum: apresentam personagens complexos e a mesma perspectiva sobre as nuances complexas entre o bem e o mal. Um dos maiores exemplos é o Lorde Viren, antagonista dessa primeira temporada. Habilidosamente os roteiristas manipulam seus interesses entre os dois lados da trama e o espectador nem sabe direito no que acreditar. E eu poderia facilmente construir um texto sobre cada um dos três personagens do grupo principal da série ou ainda dos incríveis coadjuvantes (como Claudia e Amaya), mas não quero estragar nenhuma surpresa. Resumindo: o roteiro é definitivamente o ponto alto. Como eu disse antes, eu quase dispensei a série, por conta do seu principal defeito já presente desde o primeiro trailer: a animação. A técnica de computação gráfica estranhíssima escolhida pela produção, com uma taxa de quadros por segundo reduzida, quase põe tudo a perder. Em algumas cenas de ação mais rápidas a impressão é que o vídeo está travando. Mas vá na fé, os olhos se acostumam rápido e a história envolve de uma forma que rapidamente vai embora a curta primeira temporada.

2. VOLTRON - O DEFENSOR LENDÁRIO

Estamos ainda naquelas produções em que, pelos trailers e divulgações, eu não daria nada. Remake de um anime da década de 80, Voltron - O Defensor Lendário é uma grande homenagem a essas produções de “mechas”, conhecidas vulgarmente como “filminhos de robô gigante”. A pegada aqui não é Power Rangers, mas algo mais pra Macross ou Gundam, outros clássicos japoneses. Beleza? Não, não. Esquece isso. Voltron, o robô lendário da série, se monta talvez umas quatro vezes na primeira temporada de 11 episódios da série. Capitaneado por uma experiente equipe de animação, o desenho animado ganha contornos complexos e histórias que focam no passado dos pilotos dos leões que formam o robozão. Como showrunners temos dois nomes quase ocultos do mainstream, mas que figuraram entre os principais desenhos animados lançados nos últimos vinte anos: Lauren Montgomery e Joaquim dos Santos (não estranhem o nome, Joaquim nasceu em Portugal). Os dois estiveram à frente de boa parte das boas (e algumas ótimas) animações lançadas pela DC Comics nos últimos vinte anos e ainda o já citado Avatar: A Lenda de Aang e sua continuação A Lenda de Korra. Dito isso, já se sabe o que esperar: uma trama cheia de nuances, com muita cabeça mas também bastante coração. E as lutas de robô contra monstros? Ah, tem delas também. São poucas, mas quando acontecem ocupam quase episódios inteiros e são bem empolgantes. Voltron não é a melhor coisa que você vai assistir na vida, mas vai te divertir bastante. Só vi a primeira temporada (de 2016) e assistir até a oitava já lançada é uma das primeiras resoluções para 2019.

3. HILDA

Provavelmente a melhor animação de 2018 na minha opinião, Hilda é uma adaptação da série de histórias em quadrinhos do mesmo nome, criada pelo inglês Luke Pearson. A animação aproveita um pouco dos quadrinhos, mas segue seu rumo próprio levando a personagem que dá nome às histórias para uma aventura na cidade. Olha, eu tenho duas filhas, uma de cinco e outra de três anos, e é um desafio diário encontrar coisas que consigam capturar a minha atenção e a delas ao mesmo tempo. Quando encontramos algo que elas gostam, é bobo demais pra mim. Aí eu encontro algo que eu gosto e parece perfeito pra elas e... Elas não tão nem aí. Quem é pai sabe como é. Por isso Hilda é ouro puro. Uma animação fofinha, com um design de personagens lindo, cenários de degradê hipnotizantes e trilha sonora de vídeo-game (feita pela canadense Grimes), capazes da tarefa hercúlea que é prender a atenção de uma criança com menos de dez anos. E ainda consegue usar todos esses elementos para embalar uma história poderosa, cheia de fantasia e mensagens positivas e onde nada é o que parece. E nada é por acaso também. Tudo acontece por um motivo e episódios que parecem isolados se conectam numa grande história. Hilda é uma verdadeira obra de arte da animação moderna. Se esse tipo de filme é a sua pegada, só veja.

4. RICK AND MORTY

Já falei sobre as duas primeiras temporadas de Rick and Morty (leia aqui). De uns tempos pra cá o negócio virou uma febre (e foi um dos temas que mais vi na CCXP deste ano). Então corre, por que a terceira temporada tá na Netflix! Sem dar muitos spoilers, eu adianto que é a temporada mais sombria e filosófica da série. No mesmo episódio que Rick vira um pickle (Pickle Rick!) e protagoniza uma (VIOLENTA) homenagem ao cinema de ação das décadas de 80 e 90, temos uma análise da família dos protagonistas num consultório psicológico que é um dos diálogos mais bem escritos que assisti nos últimos tempos. Rick and Morty continua uma animação MUITO ERRADA (e inapropriada para menores de 18 anos). Mas ainda assim é impossível deixar de assistir.

5. OSWALDO

Esse é um bônus, ok? Isso por que das animações que eu tô indicando aqui Oswaldo é a única que não tem na Netflix (mas deve estar disponível no Cartoon Network Já!, para quem tem CN na sua tevê por assinatura). Vivemos um momento incrível na animação nacional. O Brasil conseguiu derrubar várias barreiras e vincular seus conteúdos em canais como Discovery Kids, Cartoon Network e os canais da Disney, junto com algumas das maiores produções do mundo. E não é simplesmente uma cota sendo cumprida: algumas dessas animações estão entre as mais assistidas dos canais onde são vinculadas. Oswaldo, que mostra o dia a dia de um pinguim de 12 anos dentro de uma família “normal”, é um desses bons exemplos. Criado por Pedro Eboli e pelo Birdo Studio, a animação é um prato cheio para quem viveu sua adolescência entre internet, RPG e vídeo-games na (não mais tão próxima) década de 90. Com roteiros espertíssimos, o desenho sabe como fazer rir. Os 13 episódios da primeira temporada têm 11 minutos cada de humor bem feito para todas as idades. Oswaldo foi a animação mais assistida na Cartoon Network em 2017, mesmo enfrentando gigantes como Hora da Aventura e Steven Universo. Uma façanha merecida. E a segunda temporada vem aí em 2019.

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2018 foi um ano maluco pra mim. Mas foi o ano de Cangaço Overdrive, então acho que valeu muito a pena. Estou sendo marcado em algumas listas de melhores do ano e recebendo críticas e resenhas incríveis do trabalho (a última foi essa do Judão). Muito obrigado a todo mundo que comprou e/ou divulgou o quadrinho. Vocês me ajudaram a fazer esse ano um pouco melhor.

Para 2019 tem a continuação de Steampunk Ladies: Vingança a Vapor no forno, uma adaptação literária para HQ e uma vontade imensa de voltar à prosa (e, quem sabe, pelo menos terminar de escrever a primeira versão do meu primeiro romance). Existem outros projetos menores e muitos obstáculos. Mas eu sigo da mesma forma como sempre segui em toda minha vida: um passo por vez.

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Agora sim: um ótimo final de ano para todo mundo!