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30 de dez. de 2016

Falou, 2016! (Lista do Zé #11)



Olá, olá!

2016 já era e eu tenho que dizer: MUITO OBRIGADO! Os textos da Lista do Zé me mantiveram escrevendo e buscando coisas para ler e assistir (neste ano que eu fiz as duas coisas bem pouco). 2017 vem chegando cheio de promessas, entre elas três possíveis novos álbuns em quadrinhos (que eu espero falar mais no próximo texto). Eu mal posso esperar. Por enquanto, vamos de indicação de filme pra tentar terminar este ano estranho em alto astral.

Apenas cante

Será que o diretor John Carney sabia que filmaria um dos momentos mais lindos da história do cinema quando entrou numa loja de música para captar Glen Hansard e Markéta Irglová tocando Falling slowly no filme Apenas uma vez (Once)? Segundo meu correspondente irlandês, por essas e outras, o filme se tornou um patrimônio do audiovisual na Irlanda, sendo hoje um musical permanente exibido em Dublin. Eu demorei pra conhecer esse filme e o trabalho do diretor irlandês. Num dos primeiros podcasts que gravei pro Iradex, falamos sobre o filme Mesmo se nada der certo (Begin again). Eu ainda não tinha visto o filme e fiquei curioso demais por falarem da forma como Carney tratava a música em seus filmes. Vi o filme e depois foi inevitável não assistir Apenas uma vez e ficar completamente obcecado pelo trabalho do diretor. E aí, no segundo texto da Lista do Zé, eu cantei uma bola: tinha saído o trailer do novo filme de John Carney... e o longa deve ser bom. Sing Street estreou em abril e, infelizmente, passou longe dos cinemas daqui (pelo menos por enquanto). Mas eis que, num plot twist inesperado, o filme aparece na Netflix.

Em Sing Street: Música e sonho, Conor é um garoto vivendo na Dublin da década de 1980. Não bastasse a adolescência ser o que é, Conor encara o fim do relacionamento dos pais e os abusos de uma escola conservadora, seja por parte do valentão da vez, seja pelo padre-diretor-perseguidor. Mas tem algo ali que ainda vale muito a pena. Tem toda a efervescência musical dos anos 80. E tem uma garota.

Sing Street: Música e Sonho é até parecido com os filmes anteriores de Carney, já que mostra personagens tentando realizar seus sonhos através da música enquanto acompanhamos o desenrolar de um amor "complicado". Por ser baseado nas memórias de infância do diretor, acho que aqui encontramos algumas das explicações pro seu modo de fazer cinema. Numa parte específica do filme, Conor (ou Cosmo) aprende que o amor é essa coisa "feliz-triste", uma sensação comum a esta última trinca de filmes de Carney. Quem já viu os dois filmes anteriores sabe que seus finais felizes também deixam um gosto amargo na boca. Mas todo esse amargor é dissipado pela aura musical que emana das suas obras, neste último filme homenageando tudo que foi a década de 80, com Duran Duran, The Cure e tudo o mais que você achar que era necessário para ser educado nos anos 80. Sobre esta educação, cabe a Brendan, irmão mais velho de Conor, o papel de mentor nesta jornada musical.

O filme é um espetáculo à parte no momento em que vemos o processo de composição da banda Sing Street, gerando lindos momentos de catarse musical (e espetacular edição de áudio, diga-se de passagem). Se Apenas uma vez gerou a linda Falling slowly e Mesmo se nada der certo a maravilhosa A step you can't take back, Sing Street tem tantas músicas legais que é difícil escolher uma só como o ponto máximo do filme. Pessoalmente elegi Up como a clímax musical do longa. Até pensei em deixar links dos vídeos dessas músicas, mas eu acho um sacrilégio elas serem assistidas primeiro fora do filme. Veja os filmes primeiro e depois se perca nas trilhas sonoras (todas disponíveis no Spotify). E olha só, faltam três dias pro final do ano. Por que não assistir um filme de Carney por dia e acabar o ano com um sorriso no rosto?

Um adendo final sobre o filme é dizer que ele também é sobre irmandade, como a sequência final e a última frase exibida antes dos créditos deixa a entender. E eu lembrei muito do meu correspondente irlandês enquanto assistia o filme. Meu irmão Leco está desde o início do ano em Dublin (MAS NÃO VIU ONCE AINDA!!!!!). E fez aniversário no último dia 28, veja só. Parabéns, Leco! E depois deste filme aprende a escutar mais as bandas que eu sugiro...


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Já leu Quem Matou João Ninguém? ou Steampunk Ladies? Que tal ir no Skoob e avaliá-los? Você ajuda a mais pessoas saberem se os livros são para elas:

 

Bem rapidinho

  • Dia 7 de janeiro minha banda Sobre o Fim vai estar no Garage Sounds, em Fortaleza. Bora?
  • Eu e o PJ Brandão convidamos os roteiristas Pablo Casado e Marcio Moreira para falar sobre diálogos nos quadrinhos. Pessoalmente eu gostei muito do resultado. Escute aqui!
  • De novo com o PJ e de novo em podcast, mas agora com o Kaio Anderson e o Gabriel Franklin, conversamos sobre como os serviços de streaming estão nos transformando. Muitas previsões para o futuro do entretenimento neste link.

E até 2017!


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5 de abr. de 2016

Dois Leandros (lista do Zé #2)


Olá, olá!

Por aqui a temperatura melhorou. Tá chovendo, a gente comemora. As trovoadas estão acontecendo bem abaixo das nuvens também, com a situação política brasileira num ruído tão grande que nas redes sociais se criaram torcidas organizadas. A minha timeline estaria dominada até agora por isso, não fosse a estreia recente de Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Porém quem está brigando mesmo nesse filme não são o Último Filho de Krypton e o Cavaleiro das Trevas, mas as duas massas que se formaram: aqueles que amaram o filme e aqueles que odiaram. Eu não vi ainda. Tanto quanto a história propriamente dita, a arte também gera boas discussões. Já fui questionado por outros artistas sobre defender pontos de vista em meus trabalhos. Acho que por ter tido meu primeiro contato com criação artística compondo para uma banda de punk rock/hardcore, eu dificilmente escreverei algo na minha vida sem tentar fazer as pessoas refletirem a respeito de algum tema. E acho que o artista tem a sua função na maioria das discussões políticas. Mesmo quando ele não quer, mesmo quando ele se diz neutro. Afinal não escolher também é uma escolha. Isso tudo é pra dizer o quanto eu aprendi sobre história, política, ciência etc. lendo livros de ficção científica, histórias em quadrinhos de super-heróis e filmes de cowboy. Ainda preciso do livro de história, mas a arte ensina muita coisa. E, por isso, precisamos falar do último disco do Emicida.

Mas antes... Esse texto é uma cópia do que as pessoas que assinam a minha newsletter recebem. Quer receber por e-mail meus textos ao invés de ter que ficar voltando aqui? Basta colocar seu e-mail e seu nome nos campos no final deste texto e clicar em SUBSCRIBE, ok? 

O primeiro Leandro

Eu não estava preparado psicologicamente para Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa..., o novo CD do Emicida. Eu não sou exatamente um fã de rap, nacional ou internacional, mas o primeiro álbum deste cara (que nasceu como Leandro Roque de Oliveira) foi uma das grandes surpresas musicais de 2013. Em O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui, Emicida já mostrava que seu amadurecimento artístico estava completo. Agora, com SCQPLC (vamos abreviar, né?), vemos um álbum político e poderoso, um manifesto, em especial, contra o racismo. Eu digo "em especial" por que apesar de a grande bandeira do Emicida ser contra o preconceito racial, numa análise mais profunda você encontrará um disco que canta em favor das minorias. O ponto máximo do álbum é a agressiva Mandume, desde já uma obra-prima do rap nacional, na opinião deste relator. Abrindo mão da maior parte da música para dar voz a vários outros rappers, o cantor endossa os discursos, entre outros, de Drik Barbosa e Rico Dalasam, mulher e homossexual assumido respectivamente. O primeiro single lançado de SCQPLC, Boa Esperança, quebrou a internet no lançamento. É um vídeo incômodo, como a maior parte do álbum. Pelo menos pra mim este álbum é um soco no estômago. Em muitas músicas eu senti que o Emicida conversava comigo, com o Zé Wellington mesmo. Sou homem, branco e heterossexual e não é fácil me reconhecer como privilegiado. Mas é preciso. Resultado de uma viagem do cantor à Africa, das músicas a arte do disco (um trabalho maravilhoso do estúdio Black Madre) o disco é quase um documento, daqueles que nos fazem questionar os livros de história, como o próprio Emicida já falou. No meio de tanta porrada, há, sim, as baladas, como a linda Passarinhos e Baiana, que coloca Emicida junto com Caetano Veloso. E depois deste álbum o rapper merece mesmo um lugar entre os grandes nomes da música brasileira.



O segundo Leandro

"Mas, Zé, no seu primeiro texto você falou de tudo menos quadrinhos", alguns disseram. Ok, então vou começar lá em cima, com o nível no espaço sideral. Eu sou um cara muito curioso. Daí quando algo começa a ser muito comentado na internet e comentado pelas pessoas certas (aquelas pessoas que você gosta de seguir nas redes sociais por conta das indicações que elas fazem), você começa a achar que tem que verificar aqueles elogios por conta própria. E eu vi crescer no final do ano passado o hype em cima de Dupin, graphic novel do brasileiro Leandro Melite (também conhecido no cenário independente como L. M. Melite). Livre adaptação das aventuras de C. Auguste Dupin, detetive criado por Edgar Allan Poe (e que inspiraria outros detetives da literatura, como o célebre Sherlock Holmes), o quadrinho narra o encontro do solitário Gustave e seu inseguro primo Eduardo. Forçados a viver na mesma casa, os jovens decidem investigar por conta própria um estranho assassinato. Quem já conhece o trabalho do Melite vai sacar rapidinho que a investigação é um grande McGuffin. Dupin, na verdade, é uma grande jornada de autoconhecimento. Mesmo com um desenho simples (mas longe de ser simplório), o autor entrega uma boa aventura cheia de experimentalismos. E após ler uma entrevista com o Leandro no site Vitralizado (que eu recomendo fortemente para quem é ou quer ser autor de quadrinhos) eu percebi que esta discussão entre comercial e autoral é algo que o incomoda. Por sorte, esta HQ oferece um meio termo muito interessante. Como bônus, a trama é cheia de easter eggs para quem gosta de quadrinhos, já que os dois protagonistas são fãs de super-heróis. Enfim ler trabalhos de autores como Melite (e ainda incluo aqui outro brasileiro, Marcello Quintanilha, do qual eu devo falar para vocês em breve) é de dar um alívio enorme. O alívio é ver que, mesmo com tantos problemas no "mercado" brasileiro de quadrinhos, alguns autores ainda conseguem atingir este nível de maturidade como contadores de história. Dupin teve pouquíssimo espaço na mídia, então não se engane e conheça esta obra agora.



Já conhecia o novo álbum do Emicida ou Dupin? Deixa um comentário pra gente conversar a respeito. Várias pessoas interagiram à postagem passada. Vou compartilhar as indicações que me fizeram com vocês:
  • O Thiago Lins me indicou Treme, que explora as consequências do furacão Katrina. Não vi ainda, mas é HBO, então há altas chances de ser bom.
  • A Paloma Diniz indicou Love and Rockets, dos irmãos Hernandez. É um pecado mortal que eu ainda não tenha lido nada desta série consagrada. Espero corrigir isso em breve.
  • A Paloma indicou também One Piece. Vi uns trinta a quarenta episódios do anime na época em que ele foi lançado e me diverti bastante. Esta aventura com piratas é uma parada comercial, mas que escapa das armadilhas do gênero. Não continuei por motivos de FICOU GRANDE DEMAIS (mais de 700 episódios e contando). Quem sabe um dia volto.
  • O meu amigo Mackenzie Melo, lá de Massachusetts (pra não perder a oportunidade de falar essa palavra linda), indicou Mozart in the Jungle, sobre os bastidores da música erudita. Tem música e tem o Gael García Bernal, um ator que sabe escolher bem seus projetos. Já tá na lista.
  • O Mackenzie indicou também The Man in the High Castle, série que adapta o livro do mesmo nome (no Brasil O Homem do Castelo Alto, lançado pela Editora Aleph), do escritor Philip K. Dick. A história é um grande E SE, no caso explorando o que aconteceria se a Alemanha tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial. Vi o piloto da série na época em que foi lançado e achei INCRÍVEL. A indicação do Mackenzie me lembrou que tenho que voltar para esta série o quanto antes. Assistam comigo e conversamos sobre ela mais à frente.

Enfim, MUITO OBRIGADO pelas indicações. QUERO MAIS.

É sempre bom frisar que tudo que leio estou colocando nos meus perfis no Skoob (também no perfil pessoal) e Goodreads e o que assisto está indo pro Filmow. Cliquem nos links e me adicionem por lá. E se já leu meus quadrinhos, não esqueçam de deixar a avaliação de vocês.

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Bem rapidinho

Falei dos meus quadrinhos e me veio a dúvida: interessa a vocês acompanhar um pouco do processo da minha próxima HQ? Se sim, recomendo uma visita ao meu Tumblr.

E é isso. Fiquem felizes, não deem espaço para o ódio e até a próxima.



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14 de abr. de 2010

Seminário Negócios da Música em Sobral

Na última semana de abril, acontece em Sobral o Seminário Negócios da Música, que promove oficinas, debates, mesas redondas, relatos de experiências e discussões sobre questões relacionadas a música enquanto negócio, empreendedorismo em música, formação musical e associativismo, com presença de grandes nomes ligados ao setor. É indispensável para aqueles que pretendem ver a música como um meio de vida e também para aqueles apenas vivem para ela. Estou na produção do evento e aguardo todos por lá!

Ah, toda programação é gratuita, hein?

(clique para ampliar)

1 de nov. de 2009

12 Anjos e Muitas Canções

Tenho a honra de convidar a todos para a exposição do artista plástico e amigo Fábio Sólon, "12 Anjos e Muitas Canções". Já tive a oportunidade de colaborar com o Fábio em dois projetos musicais (Kul-Jara e Dr. Z) e ele já emprestou uma tela sua para ilustrar o conto O Mestre dos Brinquedos nesse blog.


Então nesse dia 19, esteja na Casa de Cultura de Sobral para abertura, que vai ter uma apresentação muito especial da Escola de Música de Sobral, que vai interpretar as músicas que deram origem às telas. Encontro vocês por lá!



LOCAL:
Casa de Cultura de Sobral


ABERTURA:
19 de novembro, às 19h


PARTICIPAÇÃO DA ESCOLA DE MÚSICA DE SOBRAL

PERÍODO DE EXPOSIÇÃO:
19 de novembro a 4 de dezembro


HORÁRIO DE VISITAÇÃO:
segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 21h

6 de jun. de 2009

29 de abr. de 2009

As I Lay Dying - This Is Who We Are (DVD)


Uma das minhas bandas prediletas no momento lançou no dia 14 de abril (por enquanto apenas no states) seu primeiro DVD. Faz um tempão que eu aguardava esse registro oficial ao vivo do As I Lay Dying. This Is Who We Are é um DVD triplo contendo um documentário sobre a banda, uma porção de extras (todos os vídeo-clipes e algumas perfomances ao vivo extras) e um show ao vivo. Aliás, vários shows ao vivo. Achei esquisito quando, assistindo ao DVD do show, de cara a banda tocasse numa igreja, para poucas pessoas, praticamente sem palco e com a iluminação de luzes de natal no fundo. Pensei: "o Killswitch Engage faz um show numa arena lotada e o AILD faz só isso?". Foi quando entendi que não seria apenas um show, mas uma jornada pelo passado da banda! No primeiro show, na Igreja da Comunidade de Seacost, na Califórnia, a banda executa músicas de seus primeiros trabalhos. Para o DVD fora escolhidas duas (Falling upon deaf ears e Forever). Na sequência passamos ao pub Jumping Turtle, em San Diego, onde a banda executa do início ao fim o álbum Shadows Are Security para 250 pessoas, com duas músicas escolhidas para o DVD (Meaning in tragedy e Darkest nights, em perfomances explosivas). No momento seguinte, o DVD pula para seu ápice, com o show no The Grove, para 1.700 pessoas, onde a banda executa na íntegra seu último álbum An Ocean Between Us. Durante todo o DVD os integrantes tagarelam que consideram esse álbum seu melhor trabalho, coisa que eu e a maioria dos fãs com certeza discorda. Mas vá lá... é um puta disco, que fica ainda melhor executado ao vivo com as músicas coladinhas umas nas outras. São oito faixas tocadas para um público insandecido. Depois do show, já começava a ficar um gostinho esquisito na minha boca... Ainda estava faltando algo... Mas o algo veio! Nos depoimentos finais (depoimentos esses que permeiam o DVD inteiro), os integrantes falam sobre grandes shows, tocados para públicos de até 80.000 mil pessoas, como o maior festival de metal do mundo, o Wacken Open Air, na Alemanha, de onde temos duas perfomances ao vivo da banda (o clássico Through struggle e Confined), do With Full Force, também na Alemanha, com uma faixa (Reflection) e ainda do festival americano Cornerstone, com a música que chamou a atenção da mídia para a banda no início da carreira, 94 hours. Caralho! Muita informação, que só vai ser bem processada para aqueles que entendem um pouco de inglês, afinal o DVD mistura em partes iguais show e documentário. No final fica de conclusão que a espera valeu a pena. This Is Who We Are é isto o que o As I Lay Dying se tornou: um dos grandes nomes do metal do novo milênio.

Mais informações aqui e aqui. Gostou do AILD? Não deixe de conhecer a Sobre o Fim.

16 de out. de 2008

Comentário sobre "O mestre dos brinquedos"

Não sei bem se são poucas ou muitas as pessoas que lêem "O mestre dos brinquedos", este meu primeiro conto neste novo blog, mas todas têm acompanhado com muito fervor, e sou grato por isso. Tenho gostado de escrever essa história e sinto uma agonia por ela estar chegando ao fim. Então peço a compreensão daqueles que estão vindo todas as sextas pela manhã encontrar mais um pedaço do conto por aqui: preciso de mais uma semana para me despedir dessas personagens. Então próxima quinta-feira, sem enrolação, vem a parte final dessa historieta.

Para não parecer que você deu uma viagem perdida até aqui, um pequeno comentário sobre esse conto. Quando comecei essa história sempre tentei fazer com que ela parecesse atemporal, ou seja, que pudesse se passar em qualquer época. Mas no fundo imagino Miguel e Joana vivendo entre os anos 50 e 60. É uma época que desconheço muito (nem meu pai viveu tempo o suficiente nessas décadas para me contar algo), mas que tem a nostalgia e o charme que eu tentei imprimir nestas palavras. Numa viagem que fiz recentemente tive a oportunidade de conhecer no som do carro de um amigo um cantor francês e pensei que suas músicas rapidamente ambientariam qualquer leitor, levando-o direto para o que eu imagino que seja a Loja Brinquedos Esplendor. Eu não sei de que época é essa música específica ("Je m´voyais déjà"), mas sei que Charles Aznavour passou pelos anos 60 cantando. Quem sabe ela não tocou na radiola da oficina do mestre dos brinquedos?


(clique em "CLICK TO START" para ouvir a música)

Je m'voyais déjà


A dix-huit ans j'ai quitté ma province
Bien décidé à empoigner la vie
Le cœur léger et le bagage mince
J'étais certain de conquérir Paris
Chez le tailleur le plus chic j'ai fait faire
Ce complet bleu qu'était du dernier cri
Les photos, les chansons et les orchestrations
Ont eu raison de mes économies
Je m'voyais déjà en haut de l'affiche
En dix fois plus gros que n'importe qui mon nom s'étalait
Je m'voyais déjà adulé et riche
Signant mes photos aux admirateurs qui se bousculaient
J'étais le plus grand des grands fantaisistes
Faisant un succès si fort que les gens m'acclamaient debout
Je m'voyais déjà cherchant dans ma liste
Celle qui le soir pourrait par faveur se pendre à mon cou
Mes traits ont vieilli, bien sûr, sous mon maquillage
Mais la voix est là, le geste est précis et j'ai du ressort
Mon cœur s'est aigri un peu en prenant de l'âge
Mais j'ai des idées, j'connais mon métier et j'y crois encor
Rien que sous mes pieds de sentir la scène
De voir devant moi le public assis, j'ai le cœur battant
On m'a pas aidé, je n'ai pas eu d'veine
Mais au fond de moi, je suis sur d'avoir du talent
Ce complet bleu, y a trente ans que j'le porte
Et mes chansons ne font rire que moi
J'cours le cachet, j'fais du porte à porte
Pour subsister j'fais n'importe quoi
Je n'ai connu que des succès faciles
Des trains de nuit et des filles à soldats
Les minables cachets, les valises à porter
Les p'tits meublés et les maigres repas
Je m'voyais déjà en photographie
Au bras d'une star l'hiver dans la neige, l'été au soleil
Je m'voyais déjà racontant ma vie
L'air désabusé à des débutants friands de conseils
J'ouvrais calmement les soirs de première
Mille télégrammes de ce Tout-Paris qui nous fait si peur
Et mourant de trac devant ce parterre
Entré sur la scène sous les ovations et les projecteurs
J'ai tout essayé pourtant pour sortir de l'ombre
J'ai chanté l'amour, j'ai fait du comique et d'la fantaisie
Si tout a raté pour moi, si je suis dans l'ombre
Ce n'est pas ma faut' mais cell' du public qui n'a rien compris
On ne m'a jamais accordé ma chance
D'autres ont réussi avec un peu de voix mais beaucoup d'argent
Moi j'étais trop pur ou trop en avance
Mais un jour viendra je leur montrerai que j'ai du talent