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19 de nov. de 2021

Como publicar meu livro ou quadrinho? (Lista do Zé #36)

 

Eu sou capaz de apostar que, se você é um escritor ou quadrinista no início de carreira, está cheio de dúvidas sobre como tornar viável seu próximo (ou primeiro) trabalho. Era uma das minhas grandes dúvidas. Hoje eu queria falar aqui sobre algumas formas possíveis de colocar o seu trabalho na rua, na mão do leitor.

Mas, primeiro

Esse tema não foi escolhida à toa. Eu mesmo vou experimentar uma nova forma de financiar e distribuir meu novo trabalho. Depois de alguns anos usando o combo edital-editora, chegou a hora de me arriscar no financiamento coletivo, ainda em parceria com a Editora Draco, que sempre comprou minhas ideias. É dessa forma que queremos colocar no mundo uma inédita edição impressa de “Mata-mata”, ebook que lancei no final do ano passado. Essa versão inclui uma nova revisão do material lançado online e ainda uma série de contos, cordéis e ilustrações que contam o ANTES e o DEPOIS da história original. Sim, é a hora de entender melhor a família Tainha, se embrenhar nos confrontos entre irmãos no evento Mata-mata e saber o que aconteceu com os personagens principais depois do trágico fim do ebook.

A campanha também vai nos ajudar a reimprimir alguns trabalhos meus que estão esgotados (se está faltando alguma HQ minha na sua coleção, fique atento) e ainda a pôr no mundo um OUTRO trabalho meu. Mas sobre esse livro novo eu falarei na próxima semana…

A campanha está prevista para começar no próximo dia 25/11 (quinta-feira), com condições especialíssimas para os primeiros apoiadores. Por isso mesmo, convido você a clicar no banner abaixo e se cadastrar para ser um dos primeiros a receber as novidades sobre o projeto no site da pré-campanha:

 

Clique na imagem para saber mais e apoiar o projeto

As formas de publicar seu primeiro trabalho

Esse texto não pode iniciar de outra forma que não seja essa: você não precisa de dinheiro para colocar suas histórias no mundo. Se sua vontade é apenas colocar para fora o que está dentro de você, existem um monte de formas para divulgar gratuitamente seus textos pela internet, seja em redes sociais para escritores, como o Wattpad, e quadrinistas, como o Tapas, ou mesmo publicando online na Amazon. Nem há cem anos grana era um impedimento para publicar, imagina agora.

Mas a verdade é que muito escritor ainda tem aquele fetiche de ver o seu trabalho impresso, o que leva a custos de impressão. E mesmo quem fica tranquilo em colocar seu trabalho apenas no mundo digital pode querer pelo menos contratar alguém para editar, revisar e diagramar o trabalho (entre outros serviços), que fazem uma diferença BRUTAL na forma como as pessoas vão ver um livro. Mas como bancar isso?

A primeira forma é do próprio bolso. Reza a lenda que o escritor André Vianco bancou a produção do seu primeiro livro com o seu FGTS. Sem dúvidas, se você tem essa possibilidade, é aquela em que haverá mais liberdade para desenvolver o seu livro. Se você quer apenas ter o gostinho de ver seu trabalho pronto, essa modalidade cumprirá esse papel. Mas, mesmo dispondo dos recursos para isso, pense que essa autopublicação pode deixar você com um monte de livros no guarda-roupa e não cumprir a função de apresentar devidamente seu trabalho para os leitores, por conta das próprias limitações que o autor tem para divulgar e distribuir seu trabalho sozinho. Eu gosto sempre de sugerir que essa seja a última alternativa. Vamos explorar outras possibilidades, pela ordem que eu sugiro que você as procure.

Quando se fala do mercado editorial, lembra-se logo das editoras. Com uma boa editora (e aqui friso o “boa”, porque existem as que não são também) seu trabalho pode chegar a mais gente, fora o acabamento profissional que uma editora pode dar. O processo de publicação por elas varia bastante, mas geralmente você procura no site ou outros canais de comunicação da editora as chamadas regras de submissão ou de envio de originais. Geralmente você envia o original pronto do seu livro para que ele seja lido por alguém da editora... e espera. O mais comum é que as editoras respondam apenas aos autores dos livros que ficaram interessadas e essa resposta pode demorar meses. A sugestão é: 1) estudar bastante as editoras disponíveis e mandar para aquelas que possuam uma linha editorial próxima da sua história (procure editoras com livros que pareçam o seu) e 2) se nas regras da editora que é seu alvo não falar nada do contrário, envie seu original para mais de uma editora ao mesmo tempo. Aí, aguarde dois ou três meses (tempo médio para análise). Se não tiver resposta, parta para o próximo passo.

Já falei em outro texto sobre editais, mas resumindo bem resumido: você participa da seleção de um órgão governamental ou de uma empresa que está disposta a patrocinar a publicação de seu livro ou HQ. Participar de editais exige primeiro que você esteja de antena ligada para saber quando eles estão abertos (usar alertas no Google pode ajudar bastante). As seleções normalmente são bem concorridas e eu nem considero essa a parte mais difícil desse processo. As principais complicações são: 1) você vai gerir a grana que receber para fazer o seu livro, logo terá que gerenciar e articular todos os prestadores de serviço necessários, e 2) envolve muita, mas muita burocracia. Se você lida bem com o ponto 1, mas não com o ponto 2, talvez a próxima modalidade sirva melhor para você.

O crowdfunding, ou financiamento coletivo, surgiu para que você possa mobilizar pessoas que gostam ou acreditam no seu trabalho no sentido de viabilizá-lo. Você vai criar um projeto num site próprio para isso, como o Catarse ou o Kickante, e vai divulgar o máximo possível para outras pessoas. Hoje já existem várias modalidades de crowdfunding, na mais comum você define uma meta financeira e tem um prazo entre 40 e 60 dias para arrecadar a grana que precisa. Se conseguir atingir a meta, parabéns, você vai receber a grana que precisa para viabilizar seu livro. Se não conseguir, você não recebe nada (claro) e o dinheiro é devolvido para quem te apoiou. Essa é uma outra forma interessante de não depender de ninguém. Por outro lado, exige MUITA organização, desde o momento em que você tem que definir o valor que precisa, com muito cuidado para não faltar dinheiro, passando pela eletrizante fase de divulgar o trabalho e chegando até o momento de enviar as recompensas para os apoiadores do projeto. Todas essas fases exigem bastante planejamento. Já vi colegas construírem suas carreiras baseadas em crowdfunding com muito sucesso. E já vi outros enlouquecerem em campanhas e prometerem nunca mais se meter em algo do tipo. Analise bem como funciona esse processo antes de entrar nele. Por sorte, as plataformas oferecem ajuda para os proponentes.

Lembrando que você pode misturar modalidades, como edital para financiar a produção somada com crowdfunding para distribuir ou ainda crowdfunding para arrecadar fundos e editora para distribuir etc. São vários caminhos, estude o que os outros autores estão fazendo e encontre o seu. Só não vale guardar suas ideias só para si.


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18 de out. de 2021

Viver de escrever? (Lista do Zé #35)

 

Hoje eu me peguei pensando que uma boa forma de me conhecer como artista seria entrevistando minha esposa. Vez por outra me perguntam sobre minha rotina e sobre produtividade (uma FARSA que será tema de um do texto meu muito em breve) e conversando com ela nesses dias percebi que é impossível ter uma rotina bonitinha com a vida profissional a que me propus. Se um entrevistador chegasse para a dona Lara com a proposta de perguntar sobre o dia a dia do marido dela, ela provavelmente diria que fica tonta só pensar no meu cérebro organizando, o tempo todo, minhas pendências de trabalho. Na profissão de escritor no Brasil, escrever é só um um pedaço da coisa. Um pedaço BEM PEQUENO em vários momentos.

Rotina? Agora estou escrevendo esse texto para enviar para uma lista de e-mails, daqui a pouco estarei resolvendo uma pendência numa prestação de contas de edital, logo depois preciso conferir o que tenho de recebimentos pendentes e à noite... Bom, à noite eu vou dar aula na faculdade (meu plano A, porque não posso chamar de plano B o que paga a maior parte das minhas contas). "E você não escreve?". Sim, em algum momento eu vou escrever, durante um longo período de dias, alucinado e focado (e deixando todas as outras coisas atrasarem). Enquanto isso, vou matando a burocracia que há por trás disso.

Apostar na escrita como profissão não é para quem é obcecado por rotina ou estabilidade (essa última é outra mentirinha capitalista). Eu demorei para entender isso, mas, quando finalmente entendi, consegui lidar muito melhor com as expectativas e frustrações que vem embarcadas em produzir arte no Brasil. E é uma coisa que pode demorar. Só depois de uma década nessa indústria vital, eu consegui falar (sem ficar envergonhado) que trabalho com isso. Talvez porque na primeira década eu mais gastava do que ganhava grana escrevendo.

Além da burocracia, tem um pouco mais... Para muita gente, meu trabalho como escritor é escrever e lançar livros autorais (aqueles feitos de forma natural, com ideias minhas mesmo). Fica escondido debaixo do tapete um sem fim de "freelas" que dão mais sustentabilidade financeira. Enquanto este ano eu lançava apenas uma obra inédita e autoral (já comprou sua Luzia?), eu estava fazendo também dois quadrinhos institucionais (encomendas para empresas), escrevendo 92 páginas de um roteiro de HQ encomendado por uma editora e ainda desenvolvendo alguns roteiros para vídeos institucionais. E falando em grana, não podemos esquecer dos eventos, que (quando pagam) são uma das melhores fontes financeiras desse ramo.

Resumindo: é preciso deixar um pouco de lado o romantismo dessa profissão. Meus amigos que vivem apenas disso, até mesmo alguns que podem se chamar de bestsellers, têm que ralar MUITO com atividades paralelas à escrita para conseguir, de vez em quando, lançar aquele trabalho que realmente saiu do coração deles.

Eu falei sem romantismo? Tá, vou me permitir uma coisa breguinha e cafona no final deste texto. A resposta que muito escritor dá quando lhe perguntam se ele vive de escrever, você já deve ter ouvido, é que eles ESCREVEM PARA VIVER. E é bem isso mesmo. A melhor forma de encarar essa atividade é entendendo que você faz porque precisa e, no decorrer do processo, vai botar para fora o que acha que precisa botar. Para mim, hoje, isso é um grande privilégio.


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17 de jan. de 2021

Como começar uma história (Lista do Zé#33)

 

Eu acho que estava dentro de um ônibus quando uma história começou a nascer. Eu olhava para as margens semiáridas da estrada que partia ou chegava em Sobral, minha cidade, quando comecei a sonhar com uma história de… samurais. Era a história de um assassino aposentado. Agora ele era mendigo nas ruas de uma grande metrópole e, depois de receber a visita de um repórter, se viu obrigado a voltar à ativa contra a organização que o ensinou sobre a arte de matar. A história veio assim, quase toda, incluindo algumas boas ideias para um final (algo que acontece raramente). Estava com outros mil projetos na época, então anotei a ideia em vários pedacinhos de papel e pendurei num flanelógrafo no meu escritório. Quanto tempo essa ideia passou lá? Vou chutar aqui que uns cinco anos.

Essa introdução toda é apenas para iniciar uma conversa sobre um assunto que interliga várias perguntas comuns ao escritor iniciante: a) de onde vêm as ideias para as histórias ou b) como ter ideias para histórias ou c) por onde começar uma história. A resposta para essas perguntas é muito imprecisa, mas tem alguns caminhos mais comuns.


A maior parte das minhas ideias surge quando estou lendo um livro ou quadrinho ou assistindo um filme ou série. Quase sempre é um “e se...?”, uma variação daquilo que estou vendo. Eu nunca consigo desligar meu cérebro de escritor, nem mesmo quando estou com o material de outro artista. Isso significa que eu fico tipo público de show de mágica, tentando descobrir o segredo do truque daquilo que estou lendo/vendo. O truque, no caso, é descobrir a) como estão conseguindo me manter interessado naquela obra e b) como aquilo vai acabar. O item “b” é sempre muito interessante para gerar novas ideias… Às vezes eu tento adivinhar o final da história e falho miseravelmente. Aí eu olho para aquele final que eu pensei e, se eu achar ele melhor do que o que eu acabei de ver, provavelmente eu vou guardar aquela ideia de tentar “recontar” aquela história.

“Mas, Zé, isso não é plágio?”. Em alguns casos, pode ser. Então, CUIDADO. Eu poderia aqui indicar (e indico fortemente) que você veja o documentário Everything’s a remix, que explica que, no fim das contas, toda criação deriva de uma mistura de várias coisas que vieram antes, mas, antes, prefiro dizer que respeito muito as criações de outros colegas. Quando a vontade de recontar uma história vem, ela tem de vir junto com soluções que diferenciem a minha história daquela que deu origem a ela. Uma coisa que sempre me deixa muito tranquilo é que uma ideia minha passa por MUITOS tratamentos (uma forma de chamar as revisões e reconstruções da história, enquanto ela ainda está sendo criada). São tantas idas e vindas, que é muito provável que qualquer coisa que assemelhe a minha história a outra que a inspirou vire um sopro no produto final. Construir uma história inspirada em outras é o caminho mais comum do escritor iniciante, que muitas vezes quer fazer seu próprio Cavaleiros do Zodíaco, X-Men, Senhor dos Anéis ou Star Wars. O grande desafio é encontrar a forma de se inspirar sem ser um genérico. Às vezes a gente só precisa olhar um pouco ao redor.

Ideias podem vir também da simples observação do mundo. Já dizia o poeta Jessier Quirino que escritores são “prestadores de atenção”. Uma situação que você observou ou, MELHOR AINDA, que aconteceu com você, pode ser o pontapé inicial para uma história. Uma coisa que aprendi é que as melhores histórias que já contei são aquelas que advém de coisas que mexeram comigo. É muito provável que falar sobre algo que incomoda você faça muitas outras pessoas se identificarem com a sua história. Lembro de ouvir um podcast com o escritor e quadrinista Lourenço Mutarelli falando sobre seu método criativo, que constava em sentar numa praça, observar as pessoas e tentar imaginar o que elas estavam passando naquele momento. Em Steampunk Ladies: Choque do futuro, há uma sequência onde dois garotos fazem pouco de uma garota quando ela os convida para brincar de boneca. Essa cena é inspirada numa situação vivida por mim, quando flagrei um garoto fazendo pouco da minha filha numa situação parecida. Quem já leu a HQ sabe que a garotinha dá a volta por cima. É assim que escritores se vingam da vida real: escrevendo histórias.

Corta agora para o final de 2020: surge um edital da Lei Aldir Blanc na minha cidade (já falei sobre editais aqui). Foram várias seleções de projetos pelo Brasil nessa lei e a principal característica de todos era um prazo apertadíssimo. Mas que história eu inscreveria naquele edital, tendo ela que ser inédita e precisando estar pronta em menos de dois meses? Olhei para o flanelógrafo e vi os papeizinhos recortados da ideia que tive na estrada. Parecia boa, mas ainda me incomodava, porque parecia demais com outras histórias que já vi por aí. Para não cair no risco de copiar algo involuntariamente, eu precisava adicionar alguns elementos em busca de alguma originalidade. Foi aí que meu senso de prestador de atenção entrou em ação.

Na minha adolescência, a chegada de um garoto novo na escola causou estardalhaço por conta de um boato que correu pelos corredores: ele seria sobrinho de um famoso pistoleiro do estado. Se aquilo era verdade ou não, eu nunca vou saber. O fato é que essa história voltou na minha cabeça quando peguei aqueles papeizinhos, me fazendo transformar toda a ideia, começando por uma mudança de cenário para o Ceará. Claro que essa mudança também vem do meu atual movimento de escrever mais sobre coisas que estão ao meu redor. E assim nasceu Mata-mata: uma história sobre pessoas que vivem para matar outras (uma ideia construída em cima de outras), mas também uma história sobre família e legado (uma vivência).

Tudo isso começou com samurais, dá para acreditar? Engraçado que, relendo a história, comecei a entender melhor o porquê da arma da última morte, algo que rolou inconscientemente, eu juro...

De onde vem as inspirações para suas histórias?

 

Baixe Mata-mata gratuitamente clicando na imagem abaixo:

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29 de nov. de 2020

Meus próximos lançamentos, em primeira mão (Lista do Zé #32)


Olá, olá!

É hora de revelar mais detalhes dos meus DOIS próximos lançamentos! E o melhor: por conta da CCXP Worlds, você já pode garantir suas cópias em pré-venda com condições especialíssimas.

Meu próximo quadrinho, Luzia, citado num e-mail anterior desta lista, já pode ser adquirido por apenas R$ 29,90 (frete incluso). Estamos nas etapas finais da HQ, então a previsão de envio é de até fevereiro de 2021. Mas, nesse exato momento, nós e a editora estamos dando o gás para que o livro esteja na sua casa antes disso. O fato é que só agora você terá o menor preço com frete incluso, então aproveite por que esta oferta só é válida até o dia 6 de dezembro. Garanta a sua aqui!

E tem lançamento surpresa: volto à literatura com a noveleta policial Mata-mata. E para você que está lendo este e-mail, é daquele jeito que eu sei que você adora: GRATUITO. Lançado (por enquanto) apenas em formato digital, este livrinho é um projeto transmídia que contará ainda com ilustrações, trilha sonora e até um áudio drama. O lançamento oficial será no dia 27 de dezembro e você pode garantir o seu agora sem nenhum custo. Você faz a "compra" na minha loja e no dia do lançamento o livro será enviado para o seu e-mail. Garanta o seu aqui!

Para saber mais sobre os lançamentos, role o e-mail um pouquinho para baixo. Falo também da minha participação na CCXP Worlds neste mesmo texto, incluindo uma intensa programação de eventos ao vivo, com palestras e bate-papos. Te espero lá!

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A Grande Seca, como foi conhecido um grande período de estiagem ocorrido no Nordeste de 1877 a 1879, foi o mais devastador fenômeno de seca da história do Brasil, e pode ter sido responsável pela morte de até meio milhão de pessoas. Em meio a uma multidão de retirantes no sertão de Sobral, cidade do interior do Ceará, Luzia sonha com uma vida melhor, enquanto lida com a doença da mãe e o assédio de um soldado. Por ter músculos fortes, força incomparável e características masculinizadas, ela ganha a alcunha de "Luzia-Homem". Mesmo neste clima desfavorável, a retirante vê florescer uma nova amizade e também um grande amor.

Adaptado para o cinema e para o teatro, Luzia-Homem é um clássico absoluto da literatura brasileira. Publicado pelo escritor cearense Domingos Olímpio no ano de 1903, descreve as agruras do sertanejo num dos períodos mais difíceis da história do Ceará, enquanto trata de temas como assédio e violência de gênero. Luzia é uma adaptação inédita do romance para os quadrinhos e tem roteiro de Zé Wellington (Cangaço Overdrive, Steampunk Ladies) e desenhos de Débora Santos (Gringo Love, Pombos). Este projeto é apoiado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura - Nº 13.811, de 16 de agosto de 2006.

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Lançamento oficial em 27 de dezembro
Garanta sua cópia digital gratuita


Durante os anos 1980 e 1990, o Ceará e boa parte do Nordeste viveram um período caótico, no auge dos tempos de pistolagem. Políticos guerrearam muito além do campo das palavras, utilizando pistoleiros para executar adversários. Esses controversos matadores ganharam fama no período e eram temidos principalmente nas pequenas cidades. Já nos dias atuais, quando este período parecia ter ficado para trás, um assistente social se envolve no último serviço de um pistoleiro aposentado.

Mata-mata é uma noveleta de Zé Wellington, escritor e roteirista de histórias em quadrinhos como Cangaço Overdrive (semifinalista do Prêmio Jabuti) e Steampunk Ladies (vencedora do Troféu HQMIX). Esse projeto é financiado pela Chamada Pública 003/2020-SECJEL com fundamento na Lei Federal 14.017/2020, Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural.

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Na impossibilidade de realizar um evento presencial, a CCXP este ano segue para uma inovadora versão online. É só zapear pelo site oficial do evento pra ver que eles não estão de brincadeira. Além de uma incrível lista de convidados que inclui Neil Gaiman e Art Spiegelman, o evento vai oferecer uma experiência que foge do formato de conferências online que se popularizou durante a pandemia. Além disso, está garantido o espaço dos artistas, renomeado nesta versão para Artists' Valley. Uma boa parte do evento poderá ser acessado gratuitamente. Garanta seu acesso ao evento aqui.

Este aqui é o link do meu perfil na Artists' Valley da CCXP Worlds!

Por enquanto meu perfil tem apenas um preview das minhas HQs. Mas durante os dias do evento (04 a 06/12/20), você terá acesso a uma loja com meus produtos com preços muitos especiais e poderá interagir comigo e outros convidados em vários horários através de eventos online, que poderão ser assistidos através da plataforma da CCXP ou pelo Youtube. Na falta do contato pessoal com os leitores no evento, através do meu canal do Youtube (inscreva-se aqui) e também de outros colegas, vamos poder conversar sobre diversos assuntos em transmissões ao vivo. Confira os dias e horários abaixo:

04/12 (sexta-feira)


05/12 (sábado)
06/12 (domingo)

 

 

 

8 de out. de 2019

Fomos indicados ao Prêmio Jabuti! (Lista do Zé #25)


Olá, olá!

Cangaço Overdrive é um dos 10 finalistas na categoria História em Quadrinhos do Prêmio Jabuti, a maior premiação literária do Brasil. Só assim para eu tirar as teias de aranha dessa lista de e-mail. Juro que tentei várias vezes, em vão, sentar e pensar no meu texto #25, que a princípio seria lançado no dia 22 de agosto, em comemoração ao Dia do Folclore, com indicações de obras nacionais que exploravam temas brasileiros. Mas isso vai ficar pra próxima, por que eu fui indicado ao Prêmio Jabuti, porra! Tô bem feliz.

E é meio maluco, por que muitas coisas rolaram nesses últimos meses no cenário fantasista nacional e, sei lá, talvez tudo esteja ligado. Em agosto, estive em dois eventos literários: na Flipelô (em Salvador) e na Bienal do Livro do Ceará (que rolou em Fortaleza). Na Bahia, estive numa mesa com o quadrinista baiano Hugo Canuto (criador do quadrinho Contos dos Orixás) e em Fortaleza estive com o escritor potiguar Marcio Benjamin (especialista em terror com elementos nordestinos, autor do recém lançado Agouro) e ainda com o podcaster Rildon Oliver (Cosmonerd) e o professor/escritor/rpgista Dmitri Gadelha. Os temas foram bem parecidos: o impacto de se utilizar elementos brasileiros na escrita de ficção. No caso das mesas com o Hugo e o Marcio, formos ainda mais específicos: focamos nos elementos nordestinos.

Já tinha bastante coisa para começar a divagar a respeito, mas algumas bombas estavam para explodir. A primeira numa polêmica envolvendo uma série de ilustrações do artista gaúcho Vitor Wiedergrun, que tentava reimaginar elementos do cangaço num cenário futurista. Num texto da escritora Lídia Zuin, o nome da série de ilustrações do Vitor, Cyberagreste, vira nome de um movimento estético/literário. Foi o suficiente para uma sequência de textos (e textões) de nordestinos questionando pontos desta reportagem, que não tinha os principais interessados na história envolvidos: os nordestinos. Embora eu não tenhamos participado desse texto, Cangaço Overdrive é citado por lá, como tem estado na maior parte dessas discussões. Dessa história surge o Sertãopunk, um contraponto e quase um manifesto sobre o cyberpunk com o nordeste como cenário. Essa visão seria ardorosamente defendida por vários escritores nordestinos, com destaque para a cearense G.G. Diniz e os baianos Alan de Sá e Alec Silva. Veja só, eu entendo todo o sentimento do Vitor e da Lídia em suas produções e toda a boa vontade que está lá. Mas os questionamentos da Gabriele, do Alan e do Alec são muito válidos. Escrevi um texto para o blog da Draco falando mais sobre o sertãopunk.

E espera aí, que tem mais um ingrediente para acrescentar no caldeirão: num texto para a Folha de S. Paulo, o escritor Santiago Nazarian joga um balde de água fria nos escritores de literatura especulativa brasileiros. Nazarian escreve que esse tipo de literatura vive sempre um sentimento de que está prestes a decolar no mercado, mas que nunca chega a lugar nenhum de fato. E, claro, existiram os contrapontos, com destaque para a excelente thread no Twitter do Bruno Mantagrano e o texto escrito também para a Folha pelo escritor Samir Machado de Machado.

Ficam os links, por que ler sobre estes pontos pode ser um negócio muito enriquecedor, ainda mais se você está se propondo a ser um escritor no Brasil. Tem gente bem mais inteligente do que eu falando aí e se tem algo que eu aprendi é que ler pessoas inteligentes é um jeito de ficar um pouco mais inteligente também.

O fato é que a indicação do Jabuti chega num momento bem interessante, bem no meio dessa efervescência, onde a nossa ficção especulativa vai ganhando seu espaço entre os leitores brasileiros. Sou um cara bem novo nesse cenário e seria muito arrogante da minha parte ignorar todo o trabalho das gerações anteriores, que vem lá desde 1899, com o romance A rainha do Ignoto, da cearense Emília de Freitas. Mas eu consigo enxergar algumas bolhas sendo furadas.

Com o alto nível dos concorrentes, é difícil dizer se sigo nas próximas etapas do Prêmio Jabuti, mas fico feliz de ter conseguido chegar até aqui com um quadrinho distópico, que nada mais é do que o resultado do nosso incômodo com o cenário de retrocesso atual e um questionamento sobre os avanços destrutivos do capital. E, principalmente, uma ode à jornada do nordestino. Perdi o 22 de agosto, mas ganhei o privilégio de publicar esse texto hoje, no dia em que comemoramos os 110 anos da data de nascimento de um dos maiores poetas populares da história desse país, Patativa do Assaré. Poeta, subversivo e uma das grandes influências na criação de Cangaço Overdrive, Patativa vive em suas ideias e ideais.

Eu gostaria de agradecer a toda a equipe envolvida em Cangaço Overdrive por possibilitarem que chegássemos até aqui. Não poderia esquecer do apoio imprescindível da Editora Draco e de todos os amigos e familiares que vem ajudando a disseminar o quadrinho.

Sigamos lutando.


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DICA:

Se você ainda não tem a obra, aproveita que ela está com 30% de desconto no site da Editora Draco. Por tempo limitado!

25 de mai. de 2019

Cordel de Cangaço Overdrive + indicações brasileiras steampunk (Lista do Zé #23)


Olá, olá!

Antes de te indicar alguns produtos brasileiros steampunk, preciso te dizer que já está à venda Steampunk Ladies: Choque do futuro, minha nova história em quadrinhos! Clique na imagem para garantir a sua agora!

https://editoradraco.com/produto/steampunk-ladies-choque-de-futuro-wellington-prado-santos-pinheiro


 
Em comemoração, preparei um pequeno guia com a indicação de algumas outras obras recentes nacionais na temática steampunk, pra você ir entrando no clima enquanto meu novo quadrinho não chega na sua casa.

Além disso, falo sobre minha primeira publicação em literatura de cordel: Cangaço Overdrive: Passado e futuro. Este cordelzinho foi distribuído para quem comprou minha HQ Cangaço Overdrive na CCXP 2018 e agora é a sua vez de ter acesso em formato PDF. Vale dizer que não tem spoilers do quadrinho original, então pode ler antes dos quadrinhos, tá? E para quem já leu a HQ, é hora de conhecer um pouquinho mais sobre a origem dos personagens dos grupos de Cotiara e Rosa.

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Uma das coisas mais elogiadas em Cangaço Overdrive é a narração em cordel. Foi uma das primeiras ideias que tive antes de iniciar o roteiro do quadrinho. Não sou poeta, mas rimar uma história não era pra ser tão complicado, afinal eu tive banda por mais de dez anos e já compus algumas músicas, certo?

Na prática o negócio foi mais complexo (imagina aí acertar texto e imagem, tendo que se preocupar com a rima e também com a métrica própria do cordel?). De qualquer forma, depois dessa experiência maluca eu fiquei doido pra fazer mais. Então para a CCXP do ano passado eu pensei que um brinde legal seria um pequeno cordel, que foi impresso e depois cortado e montado manualmente. O cordel explora a origem de alguns dos personagens da HQ. Agora é sua vez de tê-lo, clicando no link abaixo:

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Steampunk brasileiro

Lá pela década de 80 a ficção científica vivia um dos seus momentos de ouro, especialmente na literatura. Nesse contexto foi criado o tal cyberpunk (já falei um pouco sobre isso), título de um conto do escritor Bruce Bethke e que acabou definindo um novo gênero. A frase que resume o estilo é o "high tech, low life", referindo-se a um futuro extremamente tecnológico, mas de péssimas condições de vida. Já no final da década de 80, o escritor K. W. Jeter, procurando uma expressão para designar trabalhos que se passavam no passado e que remetiam aos conceitos do cyberpunk, cunhou o steampunk. Ao invés do futuro, os cenários/períodos históricos favoritos do gênero eram a Era Vitoriana Inglesa e o Velho Oeste Americano pós-segunda revolução industrial, por isso o "steam" do nome, uma alusão à tecnologia a vapor vigente na época. A principal brincadeira era imaginar estes períodos com tecnologia mais avançada. Vale dizer que depois surgiram outras vertentes, com combustíveis diferentes alimentando as cabeças dos autores: teslapunk (em alusão às primeiras máquinas elétricas), dieselpunk (diesel das máquinas nas guerras mundiais), atompunk (energia atômica) e até solarpunk (que leva a discussão de volta para o futuro, com energias limpas). Mas esses outros ficam para um próximo texto...

E no Brasil? Muita coisa stempunk tem sido lançada no Brasil nestes mais de trinta anos. Fazer uma lista é um negócio espinhoso e para essa me concentrei em trabalhos mais recentes. Lá no meu blog eu pretendo aumentar esta lista nos próximos meses (e tô guardando na agulha um texto sobre ficção científica nacional em que quero explorar os títulos mais clássicos, em breve neste mesmo canal).


Vaporpunk

O Steampunk feito no Brasil se enraizou no fandon primeiramente através de livros de contos, especialmente antologias de editoras de gênero. Embora não possa deixar de reconhecer os trabalhos de editoras como a Tarja (in memorian) e a Estronho, foi a Draco que pavimentou essa estrada, especialmente com os dois volumes de Vaporpunk. Embora livros de contos de autores diferentes costumem apresentam trabalhos melhores e piores, considero o nível dos dois livros bem alto, possivelmente por que temos alguns dos escritores mais prolíficos do gênero no país: Octavio Aragão, Flávio Medeiros, Eric Novello, Carlos Orsi, Fábio Fernandes, Romeu Martins, Dana Guedes, Nikelen Witter, Luiz Bras, Sid Castro, Jacques Barcia, Cirilo S. Lemos e Gerson Lodi-Ribeiro. Vale dizer que o primeiro volume também tem participação de autores portugueses. Esses livros foram só o pontapé para uma coleção chamada Mundo Punk, que também incluiu as coletâneas Dieselpunk e Solarpunk (que foi uma das primeiras iniciativas no gênero do mundo e já foi traduzida para o inglês). Nada como encerrar o ciclo com um livro sobre Cyberpunk, que iniciou todo o gênero, né? Na campanha que está rolando do livro, tem uma recompensa para levar TODOS os livros do Mundo Punk (mais a coletânea em quadrinhos Periferia Cyberpunk) por apenas R$ 200,00. Apoie a coletânea até o dia 29/05 e leve a coleção completa por esse precinho camarada!

Le Chevalier

Um espião francês sem passado é o indicado por Napoleão em casos em que o Império Francês precisa resolver com discrição. Iniciado num romance do escritor A.Z. Cordenonsi, Le Chevalier e a Exposição Universal, as aventuras do personagem seriam expandidas também para uma série de contos e duas histórias em quadrinhos, Le Chevalier: Arquivos Secretos Vol. 1 e Le Chevalier nas Montanhas da Loucura (com roteiros do escritor e desenhos de Fred Rubin, que eu considero o "Mignola brasileiro"). As aventuras do cavaleiro são uma boa pegada para quem gosta de histórias despretensiosas e cheias de ação.

Brasiliana Steampunk

Se na indicação anterior o autor resolveu expandir seu universo além da literatura, aqui nós vamos ainda mais longe. Estudioso da arte transmídia, o escritor Enéias Tavares toca o ambicioso projeto Brasiliana Steampunk, que concentra a história num Brasil ficcional onde personagens clássicos da nossa literatura interagem entre si. No centro das tramas, um grupo de aventureiros autodenominado Parthenon Místico. Os passos que consolidaram este universo foram dados no romance policial A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison, que narra através de cartas e "gravações mecânicas" os acontecimentos que se seguem após a prisão de um assassino serial na cidade de Porto Alegre dos Amantes. Não bastasse ter escrito um dos romances mais inventivos da ficção científica nacional, Enéias seguiu ampliando seu universo em direção a outras linguagens, incluindo vários contos, um suplemento escolar, áudios dramáticos, um jogo de tabuleiro (Cartas a Vapor), webcomics e agora uma audaciosa série em live action. Dá pra se perder por bastante tempo neste universo!

Arcane Sally & Sr. Vapor

Lançada primeiro online no Tapas em inglês e depois impressa em edição nacional numa campanha no Catarse, a história em quadrinhos Arcane Sally & Sr. Vapor é escrita pelo norte-americano David Alton Hedges com desenhos do brasileiro Jefferson Costa (La dançarina, Jeremias: Pele). Misturando os conceitos científicos do steampunk com fantasia (uma tendência nos últimos anos), acompanhamos Sr. Vapor, um agente da coroa britânica, e seu fiel valete Sr. Runnymede em caça a um criminoso que supostamente voltou dos mortos. Para isso eles contarão com uma nova e misteriosa parceira, Miss Sally. Essa edição nacional compila os três primeiros capítulos da webcomic (que é tudo que saiu até agora... Cadê o resto, Jefferson??).
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Depois quero saber sua opinião sobre o meu cordelzinho! Tem outras indicações steampunk nacionais? Comente aí embaixo. Você pode também deixar um comentário sobre este texto no meu Facebook ou no meu Instagram.

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Alimentem as caldeiras, que tenho um quadrinho para terminar!

28 de mar. de 2018

Cordel e cyberpunk (Lista do Zé #17)


 Olá, olá!

Meus textos tão atrasando pra que meus quadrinhos novos não atrasem. Por falar neles, apresento a vocês Cangaço Overdrive, minha nova graphic novel (uiuiui). O quadrinho já está a venda nos links abaixo:

Mas como surgiu essa ideia maluca? Eu escrevi algumas curiosidades sobre a HQ logo abaixo.

 

Nordeste feelings


Ao que parece, Cangaço Overdrive é minha primeira HQ longa que vem de uma ideia original minha. Digo isso por que Quem Matou João Ninguém? foi construída a partir de uma ideia do Wagner Nogueira (que revisou o roteiro inteiro e fez diversas sugestões) e Steampunk Ladies partiu de uma ideia do Di Amorim (ainda que eu o tenha convencido a seguir caminhos diferentes).

Em 2006 ou 2007 eu trouxe o desenhista Walter Geovani para um evento em Sobral, cidade onde nasci. Como quaisquer quadrinistas que passam algumas horas conversando, em algum momento discutimos sobre fazer um quadrinho com cangaceiros. Ele me falou sobre uma passagem de Lampião, conhecido como o “rei do cangaço”, pela sua cidade, Limoeiro do Norte. Mas o Geovani sempre esteve muito ocupado no mercado americano durante esses anos e nossa conversa entrou em stand by logo depois que nos despedimos. Alguns anos depois, comecei a amadurecer a ideia de fazer uma história no mesmo naipe da animação Samurai Jack, que tem como principal plot colocar um samurai tradicional num ambiente futurista. Sem nem lembrar da conversar com o Geovani, me pareceu natural que, se eu fizesse algo assim, teria de ser com um cangaceiro. Na época compartilhei essa ideia com o desenhista Wescley Braga e ele chegou a fazer alguns estudos para o personagem principal, que já se chamava Cotiara. A ideia era fazer uma série de tirinhas, num tom mais cômico (como Samurai Jack) e que tivesse alguma continuidade (ao estilo Terry e os Piratas, do Milton Caniff). Nunca consegui parar para escrever os roteiros e o Wescley acabou iniciando uma carreira nas artes plásticas e o projeto parou por aí. Antes de decretarmos a morte dele eu já tinha escolhido o nome: Cangaço Overdrive.

Quando divulguei como se chamava minha próxima HQ e que ela seria cyberpunk, a galera DELIROU nesse nome e pensou no óbvio, que o título era uma homenagem à Monalisa Overdrive, o terceiro livro da Trilogia do Sprawl (eu falei sobre ela no post anterior). Mas essa primeira tentativa de tirar a HQ do papel com o Wescley aconteceu há mais de dez anos e na época o único livro que conhecia do William Gibson era Neuromancer (e que eu ainda nem tinha lido). O nome Cangaço Overdrive foi inspirado pelo álbum “Seca distorcida”, da banda de hardcore cearense Jumentaparida. Substituí o “seca” por “cangaço” e “distorcida” por “overdrive”, também com uma banda de hardcore na cabeça, no caso os paulistas do Aditive, que tinham uma música que eu gostava muito chamada Câncer overdrive.

Acho que foi no final de 2015, com um edital de cultura abrindo no Governo do Estado do Ceará, que perturbei o Geovani para fazermos algo juntos. Ele foi logo dizendo que “poderia ser aquele projeto com cangaceiro que conversamos”. Ao cavucar minhas anotações procurando algo já iniciado, encontrei Cangaço Overdrive e decidi usar o plot principal. Mas, para aproveitar melhor o estilo de desenho do Geovani, não dava para ser tira e nem cômico. E assim o projeto começou se tornar um legítimo cyberpunk, com todos os seus pessimismos.

Essa é também minha primeira história longa que se passa no nordeste. Mesmo entre as curtas, agora de cabeça eu só me lembro de uma história de quatro páginas que escrevi para o Capitão Rapadura. Depois de contar uma história numa favela e de um faroeste com protagonistas femininas, esse deveria ser o meu trabalho mais fácil, por ser um tema mais próximo da minha vivência. Mas não foi bem assim. Na primeira versão da história que mandei para a Draco, o meu editor Raphael Fernandes estranhou a falta de expressões e gírias nordestinas. Eu até tentei nessa primeira versão, juro. Mas provavelmente por todo esse tempo da minha vida absorvendo quadrinhos (e outras coisas) vindas ou de outros países ou do eixo Sul-Sudeste, tudo que eu fazia parecia extremamente fake artificial. Mas nada que uma imersão em obras nordestinas não resolvesse. E aí apareceu a literatura de cordel.

Imerso nessas publicaçõezinhas, parecia (e acho que é mesmo) uma ótima ideia usar cordel na HQ. E eu decidi: a narração será em cordel, rimadinho e quase independente da HQ, mesmo que integrada a ela. Pô, no meio da HQ eu já tinha me arrependido dessa ideia, mas vá lá, a ideia parecia (parecia não, era mesmo!) muito boa. E me orgulho muito de ter virado cordelista por um ano. Penso, inclusive, em fazer mais isso. Veremos.

Duas figuras nordestinas são fortes influências para este trabalho: Chico Science e Patativa do Assaré. O primeiro veio de uma provocação do Raphael Fernandes: “escuta Nação Zumbi, vai ajudar nos diálogos”. Na real, não tinha como Nação Zumbi ajudar TANTO assim com os diálogos. Eles são de Recife e, ainda que haja muitas similaridades, cearenses e pernambucanos têm jeitos de falar bem diferentes. Mas aí lá fui eu revisitar o álbum “Da lama ao caos” e… BUM! Eu nem sabia, mas estava fazendo quase uma adaptação para quadrinhos do álbum. Toda a verve política que eu procurava tinha sido escrita pelo Chico no álbum em 1994, especialmente nas músicas Monólogo ao pé do ouvido, Banditismo por uma questão de classe, Rios, pontes e overdrives (overdrives de novo!) e Da lama ao caos. Sobrou pra minha esposa e filhas ouvir durante seis meses Nação Zumbi quase 24 horas por dia...

E sobre o segundo… Eu não sei quantos que estão lendo esse texto conhecem o Patativa. Nascido em 1909, em Assaré, cidade com pouco mais de 20.000 habitantes do sul do Ceará, o cara foi provavelmente um dos maiores poetas populares do estado. Eu conhecia bem superficialmente sua história. Cego de um olho e com uma alfabetização irregular, Patativa criava e declamava suas poesias (normalmente na métrica do cordel) de cabeça. O que eu não conhecia sobre Patativa era o seu lado político e ativista, bem visível em pedradas como Reforma agrária é assim.... Sério, procurem pelo trabalho dele, especialmente declamado de sua própria voz. E o documentário sobre ele do Rosemberg Cariry é ótimo.

Na verdade toda a cultura popular nordestina merece ser visitada constantemente. Se Cangaço Overdrive serviu pra que eu percebesse isso, espero que sirva para vocês também.

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1 de jan. de 2018

Um 2017 (cyber)punk (Lista do Zé #16)



Olá, olá!

Eu ia escrever um texto sobre 2017, mas aí resolvi escrever a resenha do último livro que li no ano passado. E em algum ponto as duas coisas se encontraram.

Um clássico (às vezes) incompreendido

Terminar 2017 com Neuromancer como última leitura é meio emblemático. Demorei mais do que o normal na leitura do livro, diga-se de passagem. E MUITA coisa aconteceu neste meio tempo.

O romance mais conhecido de William Gibson não é fácil. Ainda que não tão distante hoje quanto era na época em que foi escrito (1984), temos um futuro distópico num mundo bem mais tecnológico que o nosso. Provavelmente usando isso como ferramenta narrativa, Gibson não se preocupa em explicar o seu cenário, tomando a maior parte das coisas como cotidianas para o hacker Case e os demais personagens. A sensação é parecida com ler um livro de duzentos anos atrás, só que no futuro e sem poder consultar um dicionário. Para esta função, ajuda um pouco um glossário ao final, mas os neologismos são incontáveis, sendo às vezes mais prático seguir sem olhar para trás (ou sem olhar para o final do livro, no caso), abstraindo toda a viagem verborrágica do autor. Falando em verborragia, soma-se ainda o estilo de prosa de Gibson, que é futurista na trama, mas não muito contemporâneo no estilo. O que falta em explicações do funcionamento dos objetos de cena, sobra nas descrições deles.

E uma das coisas que aconteceu enquanto eu lia o livro, e que eu não poderia abster desse texto, foi um debate acalorado num grupo do Facebook e também num post do escritor Fábio Fernandes, tradutor da edição que li do livro, comemorativa aos 25 anos do livro. Muitas pessoas diziam que o livro era chato e que haviam desistido dele em algum ponto.

Mas se Neuromancer é uma montanha difícil de escalar, as recompensas no seu percurso compensam as pedras no caminho. Dixie, Wintermute e as demais inteligências artificiais que surgem na trama são personagens interessantíssimos (mesmo que nem sempre se entenda suas motivações, propositadamente). E eu poderia falar das várias previsões feitas por Gibson no início dos anos 80, mas é mais provável que o autor tenha inspirado a criação dessas coisas, em especial a internet. Nem sempre ele acerta, claro (e os meios de armazenamento mais comuns na história são as fitas magnéticas, só para citar um exemplo). Na leitura eu ficava maluco mesmo era nos encontros entre Case e seus antagonistas, momentos de tensão incríveis, com diálogos que mostram um autor já habilidoso no seu romance de estreia, que levou para a casa a tríplice da literatura scifi (os prêmios Hugo, Nebula e Philip K. Dick) e foi considerado pela revista Time um dos 100 maiores romances de todos os tempos.

A cereja do bolo é o cenário criado pelo autor, que seria utilizado ainda em dois livros subsequentes (fechando a Trilogia do Sprawl). Muito além do high-tech-low-life pelo qual o cyberpunk é conhecido, Gibson pintou um futuro culturalmente diverso, misturando dub jamaicano ao estilo de vida otaku, romance noir a artes marciais, influenciando toda a cultura pop e a contracultura americana e, por consequência, mundial. The Ghost in The Shell, Matrix, Gurps e muitos outros produtos de entretenimento devem muito (senão tudo) a Neuromancer. Talvez em breve a cultura pop devolva a Gibson suas contribuições, já que vem aí a adaptação cinematográfica da sua obra-prima,  anunciada recentemente, pelas mãos do promissor Tim Miller, diretor do filme do Deadpool.

Como eu disse, é um tanto simbólico que esse livro feche meu ano. É uma resenha, mas vale também como um resumo para o meu 2017, que teve seus percalços, mas se mostrou uma jornada de grande valor para mim (e acho que com um final feliz). Só espero que 2018 esteja mais para um livro mais fácil, como um algum romance comercial do Stephen King.

E que livro define o seu 2017?

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Além do quadrinhos cyberpunk Cangaço Overdrive, que divulguei no texto anterior, lançarei no ano que vem a continuação de Steampunk Ladies. Desta vez vou contar com a ajuda da desenhista Sara Prado nos desenhos, que por sua vez contou com o apoio do desenhista Wilton Santos. Wilton estava no primeiro volume e além dele volta o colorista Ellis Carlos. Da mesma forma que em Cangaço Overdrive, conto com o Deyvison Manes nas letras e com o Rob Lean na arte-final. Nas próximas semanas vamos divulgar mais algumas coisas do projeto, que vira em 360º nossa história, indo do Velho Oeste Americano para a Londres vitoriana.


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Um ótimo 2018!

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20 de nov. de 2017

Mauricio (Lista do Zé #15)



Olá, olá!

Num texto só, hoje eu vou relatar um encontro e fazer uma indicação de livro.

Ah, se você caiu aqui no site de paraquedas e gostou deste texto, pode receber por e-mail os textos da lista preenchendo os campos no final deste post.

Um encontro que não estava no gibi

​Eram 16h de uma terça-feira, dia 7 de novembro deste ano, quando a Margarida Melo, uma das curadoras da Feira do Livro de Sobral, me ligou:

- Corre aqui no hotel que o Mauricio quer te ver!

Larguei tudo que estava fazendo na empresa e fui encontrar o quadrinista e empresário Mauricio de Sousa em seu hotel em Sobral. Mais tarde naquele dia ele faria a palestra magna na abertura da Feira, que aconteceu entre 7 e 9 de novembro, na cidade em que nasci.

Deixa eu voltar alguns dias no tempo. Eu já estava bem feliz de ter um evento relacionado ao livro acontecendo pela primeira vez na minha cidade, bem nesse momento especial da minha vida, com dois álbuns em quadrinhos lançados e sendo vendidos no Brasil inteiro. Para completar, por uma sugestão do meu amigo e um dos idealizadores da Feira, Yves Gurgel, surgiu o nome do Mauricio como palestrante na abertura. Baita sorte: o maior nome dos quadrinhos no Brasil numa feira na minha cidade. Mas a adrenalina subiu quando o Yves mandou uma mensagem no meu WhatsApp perguntando se eu poderia moderar a palestra, já que no contrato o Mauricio solicitava alguém no palco com ele. "É pegadinha?", eu perguntei.

No saguão do hotel, o Mauricio me perguntou como estava o clima. Apesar de esta ser uma pergunta famosa de quem passa por aqui pela primeira vez (Sobral tem comumente temperaturas próximas aos 40°), ele na verdade se referia à política local (e mais na frente você vai entender o interesse dele nesse tema). Dias antes do evento, um blog sensacionalista da cidade noticiou a vinda do Mauricio fazendo alarde sobre seu cachê e chamando a atenção para necessidades de infraestrutura na cidade. Ele estava no Japão quando recebeu a notícia, provavelmente alertado por sua assessoria de comunicação. Eu disse a ele que a principal preocupação dos sobralenses naquele dia era conseguir um lugar no auditório para 500 pessoas, já que os ingressos gratuitos tinham se esgotado alguns momentos após a abertura das inscrições. Ele se tranquilizou e abriu um sorriso. Aproveitei o momento para presenteá-lo com uma edição de Quem Matou João Ninguém?, chamando sua atenção para uma referência a seus personagens na página 39 (você tinha notado?). Ele disse que achou a edição bonita e me perguntou sobre o prêmio que ganhei, que todo mundo comentava desde que ele tinha chegado. Eu disse que o tinha recebido na mesma cerimônia onde sua esposa, Alice Takeda, foi homenageada no ano passado, que entre muitas pessoas que eu admirava ele também estava lá. Ele me indagou sobre o quê conversaríamos no palco do evento. Abri meu celular onde estavam algumas perguntas e comentei que havia me baseado na sua autobiografia. “Ah, então você estudou bem”. De fato, ler o livro dele me ensinou bastante.

Mauricio: A história que não está no gibi é um livro de memórias baseado em depoimentos do quadrinista ao jornalista Luís Colombini. É escrito em primeira pessoa, o que já nos adianta que teremos fatos da vida do Mauricio narrados sobre o seu ponto de vista. Eu sempre fico muito desconfiado com esse tipo de biografia autorizada, por que é comum vermos apenas um lado da história ou, ainda pior, uma grande propaganda do biografado. Mas, mais do que me preparar para a moderação de um papo com o autor, a história do Mauricio sempre me despertou curiosidade por conta do seu lado empreendedor. E nesse aspecto o livro é bem interessante para quem quer entender como funciona a cabeça de um empresário nato num dos segmentos mais complicados para se empreender no Brasil: a cultura.

No livro vemos que o criador da Turma da Mônica sempre teve um comportamento superprotetor com seus “filhos desenhados”, negociando contratos com muito cuidado e desistindo de negociações muito rentáveis se sentisse que poderia perder o controle sobre suas criações. Marca também a coragem do quadrinista para embarcar em grandes empreendimentos, como um estúdio de cinema ou um parque temático. Às vezes com alguma teimosia, mas normalmente de forma estritamente planejada, Mauricio sempre surpreendeu o mercado nesses quase 60 anos de carreira. Mesmo assim, um dos capítulos mais interessantes do livro é o que mostra os projetos do quadrinista que NÃO deram certo (no melhor estilo Fuckup Night), com planos infalíveis envolvendo desde os Beatles e Maradona até uma máquina patenteada que permitia sentir cheiros enquanto se assistia a um filme.

Mas se você gosta de quadrinhos e acha meio chato esse papo de empreendedorismo, pode curtir no livro os vários relatos de Mauricio sobre os bastidores dos quadrinhos e encontros com grandes mestres, como Will Eisner, Hugo Pratt, Osamu Tezuka e muitos outros. O livro também detalha o processo de produção individual do autor no início da carreira até a forma como isso evoluiu para um grande estúdio, quando ele definiu uma série de padrões para que cada uma das mais de mil páginas por mês de quadrinhos continuassem saindo como se tudo ainda fosse feito por um único autor.

O livro é um relato bem suavizado, vale destacar. Ao mesmo tempo que isso o faz uma delícia de se ler, se percebe o mesmo cuidado que Mauricio tem em seus quadrinhos para não “incomodar” nenhum público específico. Fica um pouco a impressão de que ele está pisando em ovos nos momentos mais polêmicos. Há também uma visão muito pessoal do Mauricio com relação à mistura de arte e política. O quadrinista sempre evitou essa relação em seus trabalhos, gastando algumas partes do livro para explicar os seus porquês. Meio que do seu jeito, não muito diretamente, ele inclusive crítica o engajamento político na arte, o que pessoalmente me incomodou um pouco (mas que vai da ideologia de cada um). Fica claro para mim que essa posição política é um dos principais segredos comerciais do autor. E ainda que em determinado momento ele diga que sua turminha hoje defende o empoderamento feminino, por outro lado ele confessa que ainda não surgiu um personagem homossexual na Turma da Mônica Jovem por que isso seria “cutucar um vespeiro”.

Pela noite eu e Mauricio subimos no palco para a abertura da Feira do Livro. Como em todos os momentos em que pude estar com ele, Mauricio foi gentil e atencioso, sempre se mostrando interessado nos papos. Mesmo com 82 anos, foi paciente com cada fã que encontrou, até aqueles que furaram os bloqueios de segurança. No palco, quando eu disse que ele que mandava no evento, Mauricio falou que se ele mandava sua ordem era que eu o dirigisse. Para completar, após o evento, a organização do evento ainda me relatou um fato curioso.

- O nome dele é Zé Wellington mesmo? Ele não acha ruim ser chamado de ? É que vou colocar aqui no meu Instagram - perguntou o Mauricio à Margarida numa mensagem.

- Não acha, Mauricio! É assim que todo mundo conhece ele - ela respondeu.

- Mesmo assim vou colocar José Wellington, por que é mais respeitoso.

Que prazer te conhecer, Mauricio.

Até cortei o cabelo pra receber o Mauricio.

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Anunciei nesses dias meu próximo quadrinho, previsto para o início de 2018. Ele se chamará Cangaço Overdrive e é resultado de uma parceria com o desenhista cearense Walter Geovani, conhecido pelo longo período em que foi desenhista regular da personagem Red Sonja e que recentemente ilustrou um trabalho da roteirista Gail Simone para a Vertigo, selo adulto da DC Comics.

Em 2030 o Ceará enfrenta sua maior seca em séculos. Neste cenário, um lendário cangaceiro e um impiedoso coronel duelam mais uma vez no sertão. Misturando cyberpunk e cordel, o álbum dá início a saga do cangaceiro Cotiara num nordeste distópico.

Eu escrevi o roteiro, o Geovani fez os layouts das páginas e ainda contamos com a participação do Luiz Carlos B. Freitas no lápis, Rob Lean na artefinal, Dika Araújo nas cores e Deyvison Manes nas letras. Tem um preview abaixo, mas legal mesmo é curtir a página do projeto no Facebook para ficar por dentro de tudo (é só clicar aqui!).


A covardia é muito grande
Mas ninguém tá desistindo
Pois dizia Patativa
Num cordel deveras lindo:
“Morre cem de quando em quando
Mil vai substituindo”


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Ah, estou colocando tudo que leio nos meus perfis no Skoob (me sigam também no meu perfil de autor) e Goodreads e o que assisto está indo pro Filmow. Cliquem nos links e me adicionem por lá.

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Até mais, "galela"!

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