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21 de dez. de 2018

CCXP: como é estar no coração do evento (Lista do Zé #20)

FOTO: Autógrafos na mais perfeita ergonomia na Alley da CCXP.


Olá, olá!

Este ano lancei um quadrinho novo e já emendei a divulgação dele com a participação na Comic Con Experience, mais conhecida como CCXP, o que deixou esse semestre bem intenso. Por sinal, vou falar um pouquinho nesse texto da experiência de expor no evento e de participar como artista em convenções do tipo. Vai!

No coração do entretenimento brasileiro


Só no quinto ano de realização consegui participar pela primeira vez da CCXP, grande evento de entretenimento encabeçado pelo site Omelete e pela agência Chiaroscuro Studios (além de vários outros parceiros). Embora nunca tenha participado de eventos do tipo fora do Brasil, sei pelos depoimentos dos organizadores que a CCXP é baseada em eventos como a San Diego Comic Con e a New York Comic Con. O comic no nome já denuncia que os quadrinhos tiveram papel importante na origem desses eventos, mas já lá fora os estúdios de cinema (e agora também de televisão) vêm conquistando os maiores espaços de exposição. Aqui no Brasil não é diferente: nossa versão brasileira de uma grande convenção já é marcada pela divulgação dos grandes blockbusters vindouros. Mas os quadrinhos resistem e estavam representados nesta CCXP na participação de editoras como Panini, JBC e Jambô e ainda pela imensa Artists’ Alley, local onde se concentram os chamados artistas independentes (eu poderia fazer um texto inteiro sobre o uso do termo “independente” aqui, mas vou deixar pra uma próxima vez).

Há uma seleção acirrada pelo espaço na AA da CCXP. Foram aproximadamente 540 selecionados entre mais de 1.000 inscrições. Nós pagamos para ter um espaço lá, um valor que, embora venha crescendo ano a ano, ainda é menor do que o valor dos ingressos de quem vai apenas pra curtir. Para os artistas a CCXP é trabalho PESADO. Por contrato não podemos abandonar nosso espaço no evento. Embora na maioria dos casos as mesas do AA sejam duplas e permitam um rodízio (e este ano tive a companhia incrível do roteirista e letrista das estrelas Deyvison Manes), dificilmente quem está lá quer se ausentar do seu espaço, já que isso significa perder vendas (e num evento gigante como a CCXP, é pouco provável que alguém faça o mesmo caminho duas vezes). Em um dos dias, fora pequenos intervalos para banheiro e lanche, cheguei a ficar 10 HORAS na minha mesa em atividade intensa. Por que se os grandes nomes internacionais (alguns brasileiros, inclusive) podem se dar ao luxo de ficar sentados esperando as filas de autógrafo se formarem na sua frente, para a maior parte dos autores uma nova função na sua carreira precisa ser desenvolvida neste período de cinco dias de evento: VENDEDOR.

A maior parte do público passante da CCXP não consome quadrinhos. Muitos estão cientes da existência de grandes personagens dos quadrinhos, como Capitão América, Homem de Ferro e Superman, mas muito por conta dos filmes dos cinemas ou dos milhares de produtos licenciados (ou não). É nesse momento que o artista da AA precisa se apresentar e em alguns momentos até abordar algum curioso na frente da mesa para vender seu trabalho. Sei que para alguns colegas fazer isso é algo impensável e que os incomoda bastante. Eu meio que venho perdendo esta vergonha de evento pra evento, especialmente quando percebi que o que ganho desse contato é imenso, tanto na possível conversão da compra quanto num feedback imediato.

Nesta CCXP percebi o grande acerto que foi a criação do conceito de Cangaço Overdrive, que acabou sendo uma das grandes lições do evento. Misturar cangaceiros e ficção científica (além da sacada do nome do projeto e da belíssima capa feita pelo Daniel Canedo) gerou um grande número de pessoas parando em frente à minha mesa. Mas nem só de abordagens a curiosos foi feito o meu evento. Todo o trabalho que venho desenvolvendo nestes mais de dez anos fazendo quadrinhos trouxe à minha mesa muita gente que queria me conhecer e até mesmo completar a sua “estante do Zé”. Cada elogio e cada “esperando a continuação” que recebia gerava uma energia inexplicável (também conhecida como “quentinho no coração”). Contou também ao meu favor todo esforço de divulgação que fizemos, em mais uma parceria de sucesso com a Editora Draco, no decorrer de 2018. Além do buzz gerado nos primeiros meses de lançamento, antes do evento conseguimos alguns espaços importantes em veículos conhecidos em matérias com “quadrinhos indicados para conhecer no evento”. E aí vem o outro aprendizado: qual o melhor momento para fazer um lançamento de quadrinhos?

Primeiro tenho que destacar que, mesmo com toda minha organização para o evento, houve um ponto falho. O segundo volume de Steampunk Ladies deveria ser o meu lançamento para o evento, mas acabamos adiando o lançamento para não comprometer a qualidade do produto final. Lançado há mais de seis meses, Cangaço Overdrive acabou tendo que ocupar este lugar. Eu, que sempre evitei lançar meus quadrinhos próximo a grandes eventos por conta da grande concorrência no período (um dia também escrevo sobre isso), percebi o quanto seria vantajoso ter algo recente na CCXP. Meu estoque pessoal estava baixo (e preciso dizer que voltei para casa praticamente sem NADA do que levei). A situação só não foi pior por conta do apoio imprescindível que recebi da editora. Não acho que seja assim para todos os artistas, tanto que conheço colegas que não tiveram sua expectativa de vendas atendida no evento. Há algumas variáveis aí, mas penso que a maioria delas está relacionada com a habilidade que o artista tem para divulgar suas obras. Conta a meu favor minha dedicação nessa área e minha experiência profissional com marketing (meu trabalho na “vida real”). Como autor foi legal ver a saída e o interesse nas minhas obras. E olha que já fui a eventos em que eu tinha que me desdobrar para carregar de volta a maior parte do estoque que tinha levado... Pra minha sorte, a CCXP se confirmou como um local para vender, com um público sedento em consumir novidades.

Fico feliz por ter conseguido participar do evento. Meu ano foi conturbado e cheguei a desistir de ir ao evento no início do semestre. Há muito investimento envolvido nesta viagem de mais 3.000 km e a grana despendida, apesar de alta, nem é o maior dos gastos. Conciliar a vida profissional e pessoal sem muitas certezas dos retornos criam uma espécie de estresse pré-evento. Para estar na CCXP, abri mão, por exemplo, da festinha de final de ano da escola das minhas filhas, o que me gerou uma culpa enorme enquanto estava em São Paulo. E aí vale destacar o GRANDE apoio que recebi da minha esposa para encarar esta aventura. Felizmente, o resultado desta jornada foi a substituição do estresse pré-evento por uma satisfação pós-evento. Uma boa maneira de dar fim a 2018.

P.S. IMPORTANTE: nunca mude seu cabelo antes de um evento desse por que muita gente não vai te reconhecer.

Detalhe da minha mesa na CCXP 2018.


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Lá no Facebook (ou o que ainda resta dele) criei uma página, mais para poder atender a algumas necessidades de divulgação usando anúncios. Se você é um dos resistentes que ainda usam a rede, aproveita pra curtir: fb.com/zewellington (inclusive você pode deixar um comentário sobre esse texto no post dele lá).

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Ah, estou colocando tudo que leio nos meus perfis no Skoob (me sigam também no meu perfil de autor) e Goodreads e o que assisto está indo pro Filmow. Cliquem nos links e me adicionem por lá.

Já leu Quem Matou João Ninguém?, Steampunk Ladies ou Cangaço Overdrive? Que tal ir lá na Amazon e avaliá-los? Ajude a espalhar a palavra do Zé!
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Só vem, 2019!

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