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29 de mai. de 2022

Publicando seu livro ou quadrinho com financiamento coletivo (Lista do Zé #37)

 


Faltava nos meus textos um que falasse de financiamento coletivo. O motivo era que… eu nunca tinha participado de um. Mas o dia chegou e, no final do ano passado, disponibilizamos no Catarse uma campanha para financiar meus dois últimos livros. Vou te contar um pouco sobre como isso funciona.

Começando do básico: numa campanha de financiamento coletivo (em inglês, crowdfunding), você usa uma plataforma na internet para pedir AJUDA para financiar um projeto. Estamos falando de livros e quadrinhos aqui, mas se pode financiar absolutamente qualquer coisa (empresas, máquinas, startups, eventos, campanhas de caridade, CDs de bandas etc.). O princípio é fazer algo acontecer com a ajuda do público. O realizador só precisa ir ao site e informar quanto precisa, montar uma campanha atrativa e sair divulgando por aí. Esse texto é um resumo e foca nas campanhas do tipo “tudo ou nada”, onde você tem um prazo para arrecadar um montante em dinheiro de apoiadores e só recebe se alcançar uma meta. Recomendo conhecer as outras modalidades existentes, pode ser que outra atenda melhor a sua necessidade, ok?

Primeiro: preciso do livro pronto antes de montar a campanha? O ideal é que SIM. Quando sua campanha for ao ar, serão até 60 dias de muito trabalho de divulgação e depois toda uma logística de fechar o livro e enviá-lo aos apoiadores. Acrescentar nesse samba o final da escrita pode deixar o processo mais puxado do que ele já é e comprometer a qualidade do seu livro ou HQ. Não entre nessa! Termine seu original e leia o texto que escrevi falando sobre todas as formas de publicar o seu livro antes de tentar o financiamento coletivo.

Mas se você decidiu tentar essa forma de publicação, vamos entender primeiro as recompensas. Normalmente quem apoia uma campanha de financiamento coletivo recebe algo em troca. Existem níveis para essas recompensas, definidos pelo próprio realizador. No caso de um livro ou HQ, você pode começar, por exemplo, com um agradecimento no livro para quem apoiar com X reais, o livro físico para quem apoiar com Y reais, o livro físico junto com uma camisa para quem apoiar com Z reais e todas as recompensas anteriores mais um jantar com o escritor para quem apoiar com tantos reais. Preste atenção neste caso e vai perceber que, conforme acrescenta coisas além do seu livro físico nas recompensas, precisará também lembrar delas no orçamento final do projeto. Aí é que tá: uma campanha de financiamento coletivo começa com muito planejamento, porque é você quem define quanto quer pedir de apoio. Então vão ser necessárias muitas CONTAS. Felizmente as plataformas mais conhecidas do mercado oferecem apoio nesse momento, com planilhas pré-prontas e consultores para tirar dúvidas. Use e abuse disso.

Na fase de planejamento, você define um dia para a campanha começar e um prazo para ela acontecer. O tempo normal das campanhas é entre 40 e 60 dias, mas isso é flexível na maioria das plataformas. Menos tempo que isso pode ser insuficiente para arrecadar o que é necessário e mais tempo pode tirar um pouco o senso de urgência que é necessário para seus apoiadores investirem seu rico dinheirinho em você. Uma dica sobre esse momento é escolher um período tranquilo da sua vida para iniciar a campanha. Você vai trabalhar muito e se dedicar intensamente nesse período, melhor estar focado nisso.

Com a campanha no ar, agora é divulgar por aí. Essa talvez seja a etapa mais difícil. Quem já lançou um livro sabe a dificuldade que é conseguir espaço para falar sobre ele e vendê-lo, agora imagina fazer isso sem ter o produto pronto? Falando da minha experiência, durante o tempo da campanha me comprometi a produzir conteúdos para as minhas redes sociais diariamente (algo que cada vez menos tenho ânimo). Mas o que trouxe mais resultado foi o contato INDIVIDUAL com cada seguidor. Diariamente eu usava as mensagens diretas do Instagram ou o Messenger do Facebook para enviar mensagens para amigos. Cansou (e exigiu um certo nível de cara-de-pau a qual eu não estou acostumado), mas deu muito resultado.

Depois do final do prazo da campanha, se ela foi bem sucedida, é hora de cumprir suas promessas, afinal é isso que as recompensas da campanha representam para o apoiador. A plataforma vai lhe mandar uma relação completa dos apoiadores com as recompensas escolhidas. Você vai arrumar pacotes e dar conta do envio de todos, incluindo possíveis extravios. O que alguns colegas do meio têm recomendado é colocar no orçamento do projeto um valor para contratar pessoas para ajudar nessa etapa. Organizar recompensa por recompensa, fazer pacotes e postá-los é mais trabalhoso do que parece.

Outra coisa essencial durante toda a campanha, mas ainda mais importante depois dela, é a comunicação. Todos os apoiadores são adicionados numa lista de e-mail pela plataforma e você consegue estar em contato direto com eles o tempo todo, atualizando, por exemplo, sobre o andamento das entregas de recompensas. Pelo grupos de WhatsApp que participo há sempre conversas sobre essa etapa, sobre como alguns projetos atrasam o seu andamento por diversos motivos e seus realizadores nem ao menos avisam aos apoiadores sobre o que está acontecendo. E, sim, projetos atrasados em ANOS são mais comuns do que deveriam ser. Atrasar é comum e esperado, especialmente se a campanha é de um autor independente, só tente ser transparente com seus apoiadores a respeito e mantenha-os informados sobre tudo.

Tive a tremenda sorte de ter a Editora Draco como parceira na minha campanha e boa parte dessas etapas foi administrada por eles, que já tem quase 40 campanhas financiadas nessa modalidade. Quando a campanha começou, pude contar com minha própria base de fãs e ainda a base de apoiadores regulares da editora. Eu falo isso para fechar esse texto com uma das questões mais importantes do financiamento coletivo: é preciso ter muitos fãs/seguidores para ter sucesso na campanha? A resposta é não, mas não ter uma base de fãs vai deixar tudo um pouco mais desafiador. A maioria das plataformas de crowdfunding funciona como redes sociais, ou seja, há pessoas circulando por esses sites procurando projetos interessantes para apoiar. Isso ajuda o autor iniciante, mas pode não ser suficiente. Se você está indo para esse tipo de plataforma lançar seu primeiro livro prepare-se para trabalhar muito na fase de captação de apoiadores. As emoções serão intensas.

Por fim, entre em projetos bem sucedidos que parecem com o seu e estude-os. Qual o valor total que eles buscavam? Quantos apoiadores tiveram? Quais recompensas ofereceram e quanto cobraram por elas? Como eles apresentaram o projeto na plataforma? Anote as respostas e mãos à obra no planejamento.

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 Ah, meus livros lançados no Catarse já estão disponíveis na minha loja online.

E tem promoção no combo, com direito a dedicatória e brinde. Aproveite:


 

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